A comunidade científica aguarda para os próximos dias, com grande expectativa, a divulgação dos primeiros resultados relacionado a uma possível nova vacina contra a covid-19. Trata-se do imunizante produzido pela empresa alemã CureVac, que deve compartilhar os dados do último estágio de seu ensaio clínico na próxima semana.
O produto pertence ao grupo que muitos cientistas vêm classificando como a “segunda geração” de vacinas contra a doença causada pelo novo coronavírus. Assim como as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, ambas com mais de 90% de eficácia, o imunizante da CureVac também utiliza o RNA mensageiro. Sua vantagem em relação às outras é que, enquanto elas devem ser mantidas em freezer, a CureVac permanece estável em geladeira comum — o que, em tese, facilita seu uso por países mais pobres e com menor infraestrutura.
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“Essa vacina passou bastante fora do radar”, afirma Jacob Kirkegaard, pesquisador sênior do Peterson Institute for International Economics, em Washington (Estados Unidos). Segundo ele, os alemães agora “parecem muito bem posicionados para varrer o mercado global”.
Um dos fundadores da CureVac, o biólogo Ingmar Hoerr, começou a pesquisar o uso do RNA em camundongos ainda na década de 1990 e descobriu que os animais poderiam produzir a proteína codificada pelas moléculas — e que o sistema imunológico deles produzia anticorpos contra as novas proteínas. “Eu fiquei pensando: ‘se isso funcionar assim nos humanos, teremos uma possibilidade farmacêutica completamente nova'”, relembrou.
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Fundada em 2001, a CureVac enfrentou dificuldades nos primeiros anos. O que ajudou a companhia a se manter foram os pedidos de outros laboratórios por moléculas de RNA personalizadas. Com o passar dos anos, foram feitos ajustes nas moléculas de RNA que faziam com que elas produzissem mais proteínas. Quanto mais potente o RNA, menor a dose necessária nas vacinas.
Em junho, o governo alemão investiu 300 milhões de euros na pesquisa de covid-19 da CureVac, e outros investidores fizeram o mesmo. Em dezembro do ano passado, após dados promissores dos primeiros estudos de segurança, a empresa iniciou seu teste final, que envolveu 40 mil voluntários na Europa e na América Latina.
Com informações do The New York Times
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