A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados analisará, na terça-feira 2, a realização de uma audiência pública para ouvir Thiago José dos Santos, ex-diretor-executivo de Operações e Abastecimento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Envolvido no leilão de arroz da companhia, Santos alega que foi demitido injustamente e que teria cumprido ordens do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
De autoria do deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS), o documento pede ao ex-diretor da Conab que fale sobre o leilão e sobre os motivos de sua demissão.
“Fizemos o que o ministro mandou e colocamos no papel”, disse o ex-diretor da Conab ao jornal O Globo. “Foi muita fala política e menos fala técnica. O ministro determinou R$ 5 o quilo, abaixo do preço de paridade. Isso tirou outros participantes da concorrência. Não tenho participação nenhuma. Só escrevi o que o governo falou através do Ministério da Agricultura. Apesar de os leilões não serem supervisionados pelo ministério, ele [Carlos Fávaro] trouxe para o gabinete dele esse assunto.”
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O leilão, que arrematou 263.730 toneladas de quatro empresas por R$ 1,3 bilhão, foi anulado na terça-feira 11 pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em virtude da desconfiança sobre a capacidade de as empresas vencedoras entregarem o produto. Um novo leilão será realizado.
Depois do leilão do arroz, diversas denúncias apareceram. Entre elas, o possível uso de empresas de fachada. O caso que chama mais atenção é o da principal vencedora do leilão, a empresa Wisley A. de Sousa.
O leilão de arroz pretendia comprar o alimento importado, depois de o Rio Grande do Sul ser afetado com as enchentes. Apesar de alertas dos produtores nacionais sobre o sucesso da safra nacional e a não necessidade da importação, o governo só interrompeu a medida depois de identificar irregularidades no processo.
A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o caso, e há uma ala da oposição no Congresso que defende a abertura de uma CPI. Conforme o ex-diretor da Conab, os técnicos da empresa defendiam o preço inicial entre R$ 5,50 e R$ 5,80, mas o valor final foi de R$ 5 por quilo.
“Se a operação tivesse sido feita como os técnicos da Conab determinaram, não teria como dar errado”, explicou. “Foi uma casca de banana que escorreguei e que não fui eu que coloquei. Me sinto totalmente injustiçado, porque não participei de nada até momento do leilão.”
Leia mais: “O Arrozão do PT”, reportagem de Silvio Navarro publicada na Edição 221 da Revista Oeste
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