O advogado Arcy Barcellos, do Estado do Tocantins, xingou três mulheres em um documento encaminhado ao juiz Jossanner Nery Nogueira. A ofensa ocorreu em virtude de uma decisão do magistrado, que determinou a penhora de bens pai do advogado, por não pagamento de uma dívida.
A conduta provocou uma investigação por parte da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Barcellos chamou a autora do processo, uma advogada e uma servidora do Tribunal de Justiça de Tocantins de “vagabundas”, “vadias” e “put*s aproveitadoras”.
De acordo com o juiz, é “inconcebível” que o advogado seja capaz de pensar e escrever as palavras publicamente.
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“Nem mesmo em um processo judicial algumas pessoas são capazes de conter seus sentimentos, atrasos, ofensas, grosserias, azedumes, ódios e maus secretos”, disse o juiz. “Vergonha é o sentimento que paira sobre aqueles que tiveram e terão acesso às palavras escritas pelo advogado.”
O Tribunal de Ética e Disciplina da OAB do Tocantins informou que vai abrir um processo ético disciplinar para apurar as condutas do advogado.
Os detalhes do caso que envolve o advogado acusado de xingar três mulheres de ‘vagabundas’
Em um processo, que foi iniciado em 2021, de competência da 3ª Vara Cível de Palmas, consta que uma mulher foi cobrar uma dívida dos pais do advogado.
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Conforme os documentos, eles devem mais de R$ 32 mil, referentes a 15 meses e 22 dias de atraso de aluguéis de um imóvel em Palmas, capital do Tocantins. Também há dívidas relacionadas ao não pagamento do IPTU.
A Corte de Conciliação e Arbitragem do Tocantins havia determinado o pagamento das dívidas depois da análise do caso. No entanto, os réus não cumpriram a decisão.
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Diante do descumprimento, o juiz determinou a penhora de valores disponíveis na conta do pai do advogado. Ainda bloqueou 30% do salário da mãe, que é servidora pública da Secretaria do Estado da Educação, para garantir o pagamento da dívida.
No documento, enviado ao juiz, o advogado mostrou sua indignação com a decisão, pois representa os próprios pais no processo.
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Sou advogado há mais de 20 anos e digo que comportamentos como o desse ‘colega’ causam repulsa e muita tristeza também.
Tristeza pelo fato de já ter percebido, há anos, desde que eu mesmo fiz a prova da OAB, que o nível da advocacia vem caindo regularmente com o passar dos anos, e muito velozmente. Estamos formando advogados cada vez mais despreparados, menos educados, menos cordiais, MENOS ÉTICOS.
Fruto de universidades cada vez mais voltadas à ideologia e cada vez menos à promoção de educação de qualidade para formação de novos profissionais.
Lamentável.