O Senado prorrogou, por mais 57 dias, os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, na terça-feira 17. Agora, a CPI vai funcionar até 19 de dezembro. A comissão recebeu o apoio de 41 senadores para ser prorrogada — o número mínimo é 32.
Com o término da CPI do 8 de Janeiro, do MST, das Pirâmides Financeiras, das Partidas de Futebol e da Americanas, a das ONGs é a última em andamento no Congresso Nacional.
“Teremos tempo de aprofundar as investigações com depoimentos de agentes do governo e de dirigentes do ISA, a ONG guarda-chuva de dezenas organizações que controlam os cadeados ambientais e exploram índios para faturar muito”, disse o presidente da CPI, Plínio Valério (PSDB-AM).
Conforme Valério, em quatro meses de trabalho, descobriu-se apenas a ponta do iceberg. “Teremos mais 57 dias para escancarar a caixa-preta das ONGs milionárias”, constatou o parlamentar.
Descobertas da CPI das ONGs
Desde sua criação, em 14 de junho, a CPI colheu uma série de depoimentos, entre eles, de lideranças indígenas e dos ex-ministros Aldo Rebelo (Defesa) e Ricardo Salles (Meio Ambiente).
Rebelo afirmou que as ONGs “tomaram conta” da Amazônia, o que prejudica a soberania nacional. O ex-ministro acrescentou que o dinheiro recebido por elas não beneficia a população indígena, que acaba vivendo na pobreza.
De acordo com Salles, servidores simpáticos a ONGs trabalham em diferentes governos. Depois de um tempo, passam a atuar nas universidades para produzir trabalhos a favor do terceiro setor, e aqueles que estavam nas faculdades vão para o governo.
A CPI também identificou que, em dez anos, quatro ONGs receberam quase R$ 1,5 bilhão do Fundo Amazônia: Fundação Amazônia Sustentável, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, Instituto de Pesquisas Ecológicas e Instituto Clima e Sociedade. A maior fatia do dinheiro que abastece esse “caixa” veio da Noruega e Alemanha.
Durante o depoimento do diretor-executivo da ONG Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães, o presidente da CPI disse que a organização recebeu R$ 35 milhões do Fundo e gastou 80% do valor com folha de pagamentos, viagens e consultorias. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é conselheira honorária do Ipam e ocupa um cargo no Fundo Amazônia. Segundo a CPI, todo esse dinheiro não chega na ponta, prejudicando a população indígena.
Outra revelação da CPI mostra a interferência de outros países, por meio de ONGs, e território nacional. A comissão se baseou em relatórios da Agência Brasileira de Inteligência, aos quais Oeste teve acesso.
Leia também: “Condenados à morte”, reportagem publicada na Ediçãp 181 da Revista Oeste