Em julho deste ano, o guarda municipal Marcelo Arruda, apoiador do PT, morreu durante uma troca de tiros em Foz do Iguaçu, no Paraná. O Policial Federal Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário de Arruda e disparou duas vezes contra o petista. Mesmo ferido, segundo relatos, Arruda conseguiu revidar e atingiu o agressor com um tiro na cabeça e morreu local. Meses depois, dois outros crimes parecidos com possíveis motivações políticas estão sendo investigados.
Na quinta-feira 8, um homem identificado como Benedito Cardoso dos Santos, 42 anos, foi assassinado com golpes de machado e faca, na zona rural da cidade de Confresa, em Mato Grosso. Relatos de pessoas próximas dão conta que o motivo teria sido um desentendimento político.
Santos era apoiador declarado de Lula (PT). Já o autor do crime é Rafael Silva de Oliveira, 22 anos, eleitor declarado do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Conforme a Polícia Civil de Mato Grosso, ambos trabalhavam juntos cortando lenha em uma propriedade. Segundo a polícia, a discussão sobre política começou na madrugada da quarta-feira 7.
O delegado Victor Oliveira explicou que Santos desferiu um soco em Rafael e depois pegou uma faca. Em seguida, Rafael pegou a arma branca da mão do colega de trabalho e a usou para atacá-lo. Segundo o delegado, o autor do crime perseguiu Santos e golpeou ele pelas costas. A vítima ficou jogada no chão e Rafael o acertou com golpes nos olhos, pescoço e testa.
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“Foram pelo menos 15 golpes”, explicou Victor. “O que motivou o crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula, e o autor defendendo o Bolsonaro.” Ainda segundo o delegado, Rafael pegou um machado e acertou no pescoço da vítima, que ainda estava viva, para tentar decapitá-lo.
O autor escondeu as armas do crime foi até o hospital mais próximo solicitar um atendimento médico, pois tinha um corte na mão e outro na testa. Inicialmente, ele teria alegado que foi vítima de roubo. Depois, confessou o crime. Ele foi preso em flagrante quando chegou à delegacia. A acusação foi de homicídio qualificado, por motivo fútil e cruel. O criminoso teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.
Lula usou as redes sociais para repudiar o caso do petista morto. “É com muita tristeza que soube da notícia do assassinato de Benedito Cardoso dos Santos, na zona rural de Confresa”, escreveu. “A intolerância tirou mais uma vida. O Brasil não merece o ódio que se instaurou neste país. Meus sentimentos à família e aos amigos de Benedito.”
Crime, aparentemente por motivos políticos
Ontem, o vereador Jean Charles Alexandre (PSB), presidente da Câmara de Vereadores de Ibotirama, na Bahia, foi preso pela morte de Marcello Leire Fernandes (morto em julho deste ano). O vereador é investigado por ser mandante do crime. Contudo, ainda não existem informações se ele vai ser afastado do cargo.
Conforme noticiou o portal G1, um policial militar também foi preso. A identidade não foi revelada. Uma terceira pessoa também é procurada pelas autoridades. A Polícia informou que o crime foi motivado por desavenças entre os investigados e a vítima.
A delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, disse que a polícia segue em investigações. “O que nós temos é que o vereador seria o mandante do crime e que o policial militar preso teria dado o suporte a toda a ação criminosa. Enquanto o indivíduo que está foragido, ele teria sido o executor, que teria efetuado os disparos contra a vítima”, explicou.
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O Capitão André Porciuncula (PL-BH), candidato a deputado estadual pela Bahia, disse a Oeste que Fernandes era seu apoiador e de Bolsonaro. “A polícia ainda não concluiu o inquérito”, afirmou. “A vítima não tinha envolvimento com nenhum crime e fazia oposição ao presidente da Câmara, em defesa do presidente Bolsonaro.”
Porciuncula ainda alega que o crime foi por motivação política. “Ele defendia Bolsonaro e foi morto usando uma camiseta de apoio a Bolsonaro”, disse. “A vítima estava desagradando ao pessoal local.” Procurada por Oeste, a Polícia Civil ainda não se manifestou com novas informações, até o fim desta reportagem.
Nos dois casos houve agressão seguida de reação.