O candidato a vereador Pedro Markun (Rede) apresentou uma candidatura híbrida à Câmara Municipal de São Paulo (SP), composta por ele e Lex — uma inteligência artificial (IA) legislativa.
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“Oi! Eu sou Lex, a primeira inteligência artificial legislativa do mundo”, diz a voz masculina da máquina, que mistura sotaques do interior paulista e de Portugal.
Esta eleição é a primeira depois da popularização de ferramentas como o ChatGPT, que conta com 200 milhões de usuários semanais no mundo. Essas ferramentas geram textos, imagens, áudios e vídeos.
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Candidatos utilizam a tecnologia para criar jingles, cartazes, escrever leis, interagir com eleitores e como um modo de facilitar campanhas de baixo custo. No entanto, a mesma inovação permite uma manipulação no conteúdo, como deepfakes.
Transformação digital
Markun acredita que a tecnologia está transformando tudo e deve ser incluída no debate político. Segundo ele, a “tiktokização da política” e os algoritmos já influenciam as decisões dos legisladores e executivos. Ele destaca que a ausência de discussões sobre redes sociais no passado resultou na perda de boas práticas de transparência.
Com uma equipe de técnicos, Markun treinou Lex para ler grandes volumes de leis, propor melhorias, analisar contratos da prefeitura e aumentar a participação pública ao conversar com cidadãos via aplicativos de mensagem. Ele argumenta que, sem a inclusão dessa tecnologia no debate, a política será feita de maneira sintética e sem o conhecimento dos cidadãos.
Inteligência artificial no cenário político brasileiro
A utilização de IA na política brasileira não é novidade. Em Porto Alegre (RS), no ano passado, uma proposta de lei redigida por IA foi aprovada. O vereador Ramiro Rosário (Novo) usou a tecnologia para redigir um texto que isenta os moradores de pagar pela reposição de hidrômetros furtados. Rosário, defensor do Estado mínimo, acredita que a IA pode simplificar processos e reduzir gastos públicos.
Ele utiliza a IA para gerar relatórios de comissões, esboçar projetos de lei e roteirizar vídeos. Afirma que a tecnologia pode substituir departamentos inteiros e ainda trazer qualificação.
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De modo parecido, a candidata à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) lançou uma assistente virtual, Rita, no WhatsApp. Ela responde dúvidas sobre propostas e aceita sugestões.
Danilo da Educação (PSB), candidato a vereador em Itapetininga, utilizou a IA para criar jingles de campanha. Ele desenvolveu uma música em ritmo sertanejo, popular na cidade, utilizando a plataforma Suno. “É a batida que o pessoal gosta aqui na cidade”, afirmou Danilo.
Entretanto, a manipulação de conteúdo, como deepfakes, é uma preocupação crescente. Recentemente, a Justiça Eleitoral retirou um vídeo falso do ex-presidente Jair Bolsonaro declarando apoio ao empresário e candidato Pablo Marçal (PRTB). O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu conteúdos gerados por IA sem aviso, sob pena de cassação de candidatura, multa e detenção de até um ano.
O ministro do TSE, Floriano Azevedo Marques Neto, destacou que as deepfakes são a maior preocupação do tribunal. “O futuro é inevitável”, diz a música eletrônica que embala a dança do robô Lex, refletindo o impacto crescente da IA nas eleições e na política.
Vagabundos, aproveitadores, tudo vale para assumir o poder e explorar o povo. O que pretendem? Substituir o seu caráter por um algoritmo para enganar trouxas? O cidadão que se preocupa com a vida futura de seus filhos e netos, tem que ficar atendo As “ferramentas” da dominação estão cada vez mais sofisticadas