A dupla de criminosos do Comando Vermelho (CV) Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33 anos, que escapou do Presídio Federal de Mossoró (RN) em fevereiro, vai voltar para a mesmo presídio.
Nesta quinta-feira, 4, a Polícia Federal (PF), junto de outras corporações, recapturou os fugitivos. Eles estavam em Marabá, no Pará, a 1,6 mil quilômetros do local da fuga.
De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, os criminosos vão retornar ao Presídio de Mossoró. O ministro deu a declaração nesta quinta-feira, horas depois da recaptura. Lewandowski assumiu o cargo 13 dias antes da fuga dos bandidos.
Um repórter perguntou se havia garantias de que a estrutura da Penitenciária de Mossoró vai impedir futuras evasões. “Posso lhes assegurar que ela está sendo reformulada”, respondeu o ministro. “A modernização da Prisão de Mossoró está em aperfeiçoamento.”
A dúvida surgiu porque a Secretaria Nacional de Políticas Penais mostrou, por meio de uma Investigação Preliminar Sumária, que a fuga possivelmente aconteceu como consequência de falhas de procedimentos.
Conforme a investigação, os presos fugiram em virtude de um buraco na luminária de suas celas. A falta de fiscalização possibilitou que eles utilizassem uma espécie de chapa de 20 cm para abrir o buraco e fugir do local. Além disso, as câmeras de vigilância estavam inativas e havia cercas elétricas danificadas.
Em seguida, Lewandowski passou a palavra para André Garcia, o secretário de Políticas Penais do Ministério da Justiça. Garcia completou a pergunta do repórter.
“O Sistema Penitenciário de Mossoró não é mais o mesmo desde a fuga dos dois presos”, alegou o secretário. “Trocamos a iluminação, adquirimos 10 mil câmeras, que estão em processo de instalação. Problemas estruturais estão sendo corrigidos e adicionamos visitas diárias. Estamos determinados para que seja um fato que não se repita.”
A dupla da facção criminosa cortou duas cercas de arame com ferramentas de uma obra que ocorria no Presídio de Mossoró. É a primeira fuga registrada na história do Sistema Federal, que inclui ainda penitenciárias em Brasília (DF), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
Com 51 dias de buscas e R$ 2,5 milhões gastos, Lewandowski fala em “vitória” contra fugitivos de Mossoró
Para Lewandowski, a recaptura da dupla de fugitivos do Presídio Federal de Mossoró (RN), que levou 51 dias para chegar ao fim e gerou R$ 2,5 milhões em despesas ao governo federal, foi uma “vitória”.
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“O que é importante dizer é que estamos celebrando uma vitória das forças de segurança em um Estado federal como o nosso”, comemorou o ministro. “Vitória do Estado brasileiro. Demonstra que o crime organizado no nosso país não será bem-sucedido.”
Em seguida, Lewandowski citou a prisão, pela PF, dos dois suspeitos de serem mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. Eles são, respectivamente, deputado federal e ministro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. “Isso mostra que a coordenação de forças policiais dá sucesso”, disse.
Ao lado do delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia civil fluminense, os irmãos Brazão foram presos em 24 de março — ou seja, já na gestão de Lewandowski à frente da pasta responsável pela segurança.
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Ao ser interpelado sobre o tempo que os agentes federais e locais levaram para encontrar os dois criminosos, Lewandowski classificou como razoável. “Obviamente, receberam ajuda de criminosos externos e tiveram auxilio de seus comparsas e organizações criminosas”, observou.
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É a segunda chance.
Na terra da bezerra é assim.
Já devem ter passado um gesso no buraco por onde fugiram antes.