Em entrevista à edição desta quarta-feira, 4, ao Jornal da Oeste, o promotor Cesar Dario Mariano comentou as polêmicas recentes sobre procedimentos irregulares cometidos por membros da Polícia Militar (PM) do Estado de São Paulo. Em um dos casos, um policial militar arremessa um homem de uma ponte na capital paulista.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
“Os policiais estão submetidos ao Direito Penal Militar, que é extremamente rígido”, esclareceu o promotor, que ressaltou a vontade da própria PM em punir transgressores. “A corporação tem total interesse em punir de forma exemplar esse desvio de conduta”, pois, segundo ele, “isso denigre a imagem da corporação”.
“Pouco importa se é o marginal ou se é uma pessoa qualquer, o policial sempre deve agir de acordo com a lei.”
Mariano, que já lecionou para futuros agentes na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, classificou a formação dos policiais como “excelente”, mas ressaltou que existem bons e maus profissionais em qualquer lugar. “A natureza humana faz com que, muitas vezes, o policial se ache acima do bem e do mal”, considerou o jurista, que justificou que a Corregedoria da PM existe para casos como esses.
A Polícia Militar de São Paulo conta com um efetivo de 93,7 mil agentes por todo o Estado, número superior ao Exército ativo de países inteiros, como Peru, Chile, Argentina e Canadá. A imensa maioria deles é exemplo, segundo o promotor. “A polícia está aí para proteger o cidadão, não para agredir, então ninguém concorda com esse tipo de coisa.”
Leia mais:
O Ministério Público também deve atuar no caso, dada a gravidade e a repercussão da denúncia, de acordo com Mariano, bem como uma repreensão sobre os atos da corporação. “Depois do que ocorreu, vai haver uma instrução maior para a tropa para que não aja desse jeito.”
Esquerda usa episódios isolados para atacar a PM de SP
O vídeo em que o policial arremessa um homem de uma ponte gerou repercussão e reacendeu debates sobre a conduta da PM de São Paulo. O episódio foi usado por lideranças políticas e militantes de esquerda como ponto de crítica contra a corporação e à gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No Twitter/X, a Central Única dos Trabalhadores acusou o que chamou de “polícia do governador Tarcísio de Freitas” de agir com liberdade para cometer atrocidades. Por sua vez, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP), ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, exigiu a demissão do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.
A deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) também se manifestou, ironizou a gestão do governador e classificou o episódio como parte da “política de insegurança” de Tarcísio. “Não é individualizado”, disse a parlamentar. “É a conduta autorizada, incentivada pelo governador, somada à estrutura arcaica, violenta, ineficiente da própria PM e ao racismo.”
Tarcísio de Freitas repudiou publicamente a ação do policial e afirmou que casos como este não refletem os valores da PM. A Corregedoria, por sua vez, afastou 13 policiais envolvidos no incidente. Os agentes pertenciam ao 24º Batalhão da PM, localizado em Diadema, na Grande São Paulo, e permanecerão fora de suas funções até o término das investigações.
Leia também: “Vigiando a polícia e soltando o bandido”, artigo de Roberto Motta publicado na Edição 236 da Revista Oeste