O presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara, deputado Evair de Melo (PP-ES), teceu críticas ao bispo Dom João Justino por usar um evento religioso para levantar um debate sobre o marco temporal e a demarcação de terras indígenas.
“É inaceitável que um espaço religioso seja utilizado para propagar agendas políticas sobre o marco temporal, especialmente em um momento dedicado à fé e à reflexão”, afirmou Evair de Melo. “Essa atitude fere os princípios da honestidade intelectual e do respeito mútuo, pilares fundamentais para o diálogo construtivo sobre temas tão sensíveis como a demarcação de terras indígenas.”
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Diante do uso de espaço político para agenda política, Evair de Melo pautou e conseguiu aprovar, na Comissão de Agricultura, uma nota em repúdio às declarações de Dom João Justino, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sobre o marco temporal.
O parlamentar disse que o debate sobre o marco temporal de terras indígenas “deve ser realizado de forma laica e respeitosa, sem a interferência de ideologias ou agendas político-partidárias.”
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“As declarações de Dom Justino, com sua inflexão ideológica de esquerda, representam uma preocupante instrumentalização da fé para fins políticos”, afirmou o presidente da Comissão de Agricultura.
Ainda segundo Evair de Melo, a atitude do líder religioso está em desacordo com a “missão da igreja católica”, a qual deveria “se concentrar em promover valores espirituais e morais universais, sem se envolver em disputas político-partidárias.”
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O presidente da comissão defendeu a ideia de que o debate do marco temporal deve ser feito fora do ambiente religioso. Também destacou a necessidade de se manter “os princípios da laicidade, do diálogo e do respeito mútuo.”
“Acredito que somente por meio de um debate aberto e honesto poderemos encontrar soluções justas para os desafios que o país enfrenta”, acrescentou Evair de Melo.
Bispo defende derrubada do marco temporal
O bispo Dom João Justino falou em defesa dos indígenas e contra a tese do marco temporal em celebração aos dez anos de canonização de São José de Anchieta.
Durante o evento, no Santuário de Anchieta, no Espírito Santo, o bispo afirmou que a data era importante para “lembrar o apostolado” de São José de Anchieta. Indígenas da etnia guarani tinham se apresentado no palco da celebração momentos antes.
“Neste tempo, os indígenas do nosso país têm um grande desafio, que é garantir o seu direito às terras com a demarcação de suas reservas e terras, que são ameaçados pela tese do marco temporal”, afirmou Dom João Justino.
O bispo usou o momento religioso para se posicionar quanto à tese do marco temporal em nome da CNBB e como líder “desta igreja no Brasil”. “Faço mais uma vez um apelo àqueles que têm o poder de decidir que não tirem o direito ao que os indígenas tenham a sua terra e possam viver”, declarou.
“Os indígenas são os primeiros moradores desta terra do Brasil, que certamente tem espaço para todos”, acrescentou o vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Quando os portugueses aqui chegaram, encontrando “os primeiros moradores desta terra do Brasil”, o Santo Ofício da Inquisição estava operando a toda velocidade, torturando e matando livremente. Porque a Igreja Católica não se ocupa em dar transparência e reparar seus próprios pecados? Querem discutir a história? Acho que não será proveitoso para a Igreja. O marco temporal é uma medida prática para dar segurança jurídica e permitir o país avançar, a posição do bispo é típica as esquerda, nunca resolver nada, sempre tirar proveito do conflito.