Na entrevista concedida à revista Veja (leia mais aqui), o presidente Jair Bolsonaro também falou sobre as manifestações de apoio ao seu governo que levaram centenas de milhares de brasileiros às ruas. Segundo ele, a Declaração à Nação, divulgada dois dias depois, serviu para acalmar o ambiente político e pacificar as relações com os demais Poderes, principalmente o Judiciário.
“Não sou o Jairzinho paz e amor, mas a idade dá certa maturidade. Depois das manifestações de 7 de Setembro, houve a reação do STF [Supremo Tribunal Federal]. Teve o telefonema do [Michel] Temer, ele falou para mim: ‘O que a gente pode fazer para dar uma acalmada?’. Respondi que o que eu mais queria era acalmar tudo”, afirmou. “Acabou o 7 de Setembro, é um movimento, talvez um dos maiores do Brasil, o povo está demonstrando espontaneamente o que quer, como liberdade. Então, ele falou que tinha umas ideias. ‘Você pode falar para mim?’ ‘Eu prefiro conversar pessoalmente.’ ‘É um prazer.’ Mandei um avião da Força Aérea trazer ele para cá, ele trouxe uns dez itens, mexemos em uma besteirinha ou outra, duas ou três com um pouquinho mais de profundidade, estava bem-feito, casou com o meu pronunciamento e divulguei.”
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Segundo Bolsonaro, houve muita pressão para que ele subisse ainda mais o tom contra o STF. “Esperavam que eu fosse chutar o pau da barraca. Você imagina o problema que seria chutar o pau da barraca. Eu não convoquei a manifestação. Eu vinha falando que estamos lutando por liberdade e comecei a falar uns 15 dias antes que estaria na Esplanada e em São Paulo. Mas, em São Paulo, quando eu falei em negociar, eu senti um bafo na cara. Extrapolei em algumas coisas que falei, mas tudo bem”, reconheceu.
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“Queriam que eu fizesse algo fora das quatro linhas. E nós temos instrumentos dentro das quatro linhas para conduzir o Brasil. Agora todo mundo tem que estar dentro das quatro linhas. O jogo é de futebol, não é de basquetebol. Não vou mais entrar em detalhes porque quanto mais pacificar, melhor.”
Paulo Guedes
Na entrevista, Bolsonaro também comentou a situação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo o presidente, não há possibilidade de pensar em uma eventual demissão do chefe da equipe econômica neste momento.
“Não existe nenhuma vontade minha de demiti-lo. Vamos supor que eu mande embora o Paulo Guedes hoje. Vou colocar quem lá? Teria de colocar alguém da linha contrária à dele, porque senão seria trocar seis por meia dúzia. Ele iria começar a gastar, e a inflação já está na casa dos 9%, o dólar em R$ 5,30”, afirmou Bolsonaro.
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“Na economia, você tem que ter responsabilidade, o que se pode gastar, respeitando o teto de gastos. Se não fosse a pandemia, estaríamos voando na economia. A inflação atingiu todo mundo, mas a melhor maneira de buscarmos a normalidade e baixar a inflação é o livre mercado”, completou.
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