Partido quer adotar o caminho do “golpe”, que tanto criticou no passado após a saída de Dilma Rousseff. Senha foi dada pelo ex-presidente Lula
Como se sofresse de um processo de amnésia coletiva, a executiva nacional do PT começou a discutir, durante esta semana, a possibilidade de ingressar com um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A hipótese foi levantada pela presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e já é endossada pelo ex-presidente e ex-presidiário Lula.
Na semana passada, Lula defendeu esse movimento durante entrevista com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Nesta quinta, 2, o ex-presidente voltou a tocar no assunto em outra entrevista a uma rádio mineira. Para a tresloucada investida, o PT pretende contratar o escritório Aragão e Ferraro Advogados, do ex-ministro da Justiça de Dilma Rouseff Eugênio Aragão. A ideia é investigar quais supostos crimes Bolsonaro cometeu (se é que existe algum) para embasar um patético pedido de impedimento presidencial. O escritório já trabalhou na defesa de Lula junto a processos do petista na Lava Jato.
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Oeste apurou junto a integrantes da executiva nacional que há uma mobilização intensa, principalmente da ala mais radical do partido, para que o PT assine quanto antes essa peça. Um deles admitiu em caráter reservado que “há muita pressão para que a executiva faça isso (endosse um pedido de impeachment)”. Uma decisão vai sair dentro de duas ou três semanas, a depender do embasamento técnico a ser decidido pelos advogados petistas.
O problema
Em caráter preliminar, os integrantes do partido acreditam que o presidente cometera crime de responsabilidade ao incentivar o chamado “isolamento vertical” durante a pandemia da covid-19 – destinado apenas às pessoas do grupo de risco. Outra possibilidade incipiente seria evocar o artigo 268 do Código Penal e tentar imputar ao presidente um suposto crime contra a saúde pública, pelo fato de Bolsonaro ter ido às ruas em meio à crise do coronavírus.
O problema do PT está justamente aí, conforme admitem os próprios membros do partido com que Oeste conversou. Até o momento, não há fundamento jurídico plausível que embase qualquer processo de impedimento presidencial. Outro gargalo do PT nessa missão suicida é a própria história do partido. Existem petistas, os mais moderados, que fazem a seguinte pergunta: “Se chamamos o afastamento de Dilma de ‘golpe’, como agora vamos defender o afastamento do presidente?”.
O partido vai aguardar o resultado dessas “investigações” para decidir o que fazer: se vai passar vergonha mais uma vez ou se a sensatez vencerá.
Quando teremos uma esquerda que pense no bem da nação e que traga críticas construtivas? “Todos estamos dentro do mesmo barco.”
Oportunistas de plantão, aproveitam-se de uma tragédia para a autopromoção. CARONAVÍRUS é aquele que pega carona no vírus para se autopromover.?