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Foto: Reprodução/Youtube
Edição 107

Lula e a arte de desdizer-se

Da covid ao aborto, petista se atrapalha falando a verdade e precisará mentir como de costume se quiser voltar à cena do crime

Caio Coppolla
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A candidatura do corrupto reabilitado entrou em nova fase, o controle de danos. Declarações recentes de Lula sobre aborto, regulação da mídia e coação pública a parlamentares exigiram retratações que, embora devidamente atenuadas como esclarecimentos, causaram um constrangimento que poderia ser evitado com facilidade: para voltar à cena do crime, Lula precisará mentir como de costume. Expressar sua verdadeira opinião sobre temas sensíveis aos brasileiros é autossabotagem e prejudica o projeto de tomada do poder idealizado pelos arquitetos do Mensalão e do Petrolão.

Até a imprensa correligionária já sinaliza certo desgaste. Uma coisa é despiorar a economia, outra é desmentir suas próprias manchetes: “Saúde pública: Lula defende direito ao aborto”, destaca, satisfeito, o editor; horas depois, no susto, entra em cena o diretor de redação: “Lula se declara contra o aborto”. Além de algum desconforto pelo conflito de (des)informação, o jornalismo militante ainda tem de lidar com a imensa frustração intelectual de não ver externadas — e bem recebidas — suas convicções particulares de progresso, justiça social e moralidade. A vida na bolha é mais solitária do que aparenta, talvez, por isso, ninguém solte a mão de ninguém

Agradecer à natureza pela criação de um vírus mortal e não ser cancelado pelos moralistas de teclado é uma proeza e tanto

Mas o consórcio que se prepare, porque o criminoso descondenado é habilidoso em desdizer-se. Quem não se lembra da sua entusiasmada celebração à covid-19, quando do anúncio dos primeiros mil óbitos em território nacional:

Ainda bem que a natureza contra a vontade da humanidade criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem — que os cegos comecem a enxergar — que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises.” Ao se ver obrigado a comentar sua frase “totalmente infeliz”, Lula lamentou:

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Eu, na verdade, se tivesse falando ‘infelizmente’ em vez de ‘ainda bem’…” — nesse caso, a colocação faria ainda menos sentido; mas Lula, experiente, se saiu com a clássica: “Se algumas pessoas ficaram ofendidas, eu peço desculpas”. Funcionou. A imprensa, que sequer havia ficado ofendida, perdoou no ato: as escusas receberam mais destaque que a própria declaração, e a ode de Lula à pandemia nunca mais veio à tona.

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Agradecer à natureza pela criação de um vírus mortal e não ser cancelado pelos moralistas de teclado é uma proeza e tanto, mas nada que se compare ao cavalo de pau retórico mais recente do antigo hóspede da Polícia Federal sobre a legalização do aborto:

“Se todo ser humano do planeta Terra quisesse ter o padrão de vida de um trabalhador alemão[…], seria necessário que o planeta Terra fosse quatro vezes maior do que ele é.

Ou seja, significa que nós vamos ter que balizar um certo padrão pra humanidade que está vivendo hoje. E é isso que nós reivindicamos, é isso que nós pregamos.” 

“É preciso estabelecer um padrão, que seja mínimo, pra que todo mundo possa viver bem. Aqui no Brasil, por exemplo, as mulheres pobres morrem tentando fazer aborto, porque é proibido; o aborto é ilegal.

A madame, ela pode fazer um aborto em Paris; ela pode ir pra Berlim procurar uma boa clínica e fazer um aborto. Aqui no Brasil, ela não faz [aborto] porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado em uma questão de saúde pública e todo mundo ter direito, e não ter vergonha. Eu não quero ter meu filho, eu vou cuidar de não ter meu filho” — matando o filho!?…

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As palavras não comportam outra interpretação: Lula defendeu a legalização do aborto e o fez sem demonstrar qualquer preocupação de ordem ética com o ato de interromper a gravidez, eliminando uma vida humana em desenvolvimento. Num país em que 75% da população é contra o aborto ou, pelo menos, contra mudanças na legislação sobre o tema (dados do Datafolha), a declaração peremptória de Lula a favor da legalização seria irretratável… não fosse este país o Brasil e não fosse o autor da fala o político de estimação da velha imprensa:

A única coisa que eu deixei de falar na fala que eu disse [sic] é que eu sou contra o aborto. Eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto. O que eu disse é que é preciso transformar essa questão do aborto numa questão de saúde pública” — realmente, Lula propôs uma política de saúde pública que torne o aborto acessível, como forma de “controle de natalidade” para a população mais pobre. Afinal, segundo ele, a madame já aborta na Europa e o planeta Terra não possui os recursos necessários para garantir qualidade de vida para todos que nele habitam.

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Tentando concatenar frases tão contraditórias sobre o mesmo tópico, podemos especular que Lula é a favor do aborto para os outros, especialmente os mais humildes, que não podem interromper sua gravidez em Paris e, assim, superlotam o mundo. Contudo, a vida da sua prole é inviolável: Lula é contra interromper as vidas humanas que lhe interessam.

De fato, se quiser ser eleito, é melhor Lula retornar aos seus velhos hábitos e parar de dizer a verdade sobre o que pensa. Desdizer-se é uma arte pouco apreciada.


Caio Coppolla é comentarista político e apresentador do Boletim Coppolla

Leia também “A terceira via e o povo bestializado”

15 comentários
  1. Sarkis Arakelian
    Sarkis Arakelian

    esse imundo sujeito deverá estar na cadeia, e está por aí enchendo o saco do povo com estas besteiras que a 40 anos vomita.

  2. Joel Luiz Oliveira Rios
    Joel Luiz Oliveira Rios

    Mal caratismo à toda prova, os tribunais que o condenou com centenas de provas, o descondenado, corrupto e ex presidiário Luladrão ,continua aprontando dizendo e desdizendo, mentindo até quando dorme, especialidade na qual é doutor Honoris causa, pós doutor em falar que é sem ser, que faz sem fazer, assim ele continua crescendo junto à todos que como ele almejam implantar no Brasil, infelizmente com apoio até de togados supremos, de um regime ditatorial somente aceito por quem não é a favor da democracia e meritocracia as quais são inerentes ao nosso sistema constitucional de um estado democrático de direito. Aqui no Brasil dos brasileiros que amam a Pátria de verdade, jamais prevalecerá. Jamais!

  3. Alexandra Martins Buzato Marin
    Alexandra Martins Buzato Marin

    É um prazer tão grande assinar essa revista, que chega a ser extasiante! Cada colunista consegue expôr exatamente o que sinto, e como minha voz não alcança, vocês me representam muito, obrigada!

  4. Paulo Sergio Tosi
    Paulo Sergio Tosi

    Cirúrgico, como sempre, o Coppolla.

  5. Júlio Rodrigues Neto
    Júlio Rodrigues Neto

    👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👎👹

  6. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    Está se enforcando com a própria lingua.

    1. Michael Pagno
      Michael Pagno

      Defeca pela boca!

  7. Robson Oliveira Aires
    Robson Oliveira Aires

    Excelente artigo. Parabéns Coppolla. Pena que a mãe desse desgraçado, infeliz, asqueroso, repugnante, nojento não o abortou. Hoje estaríamos livres desse imundo, desse demônio. Dessa encarnação de toda podridão.

  8. MTM
    MTM

    Na última semana do horário eleitoral do segundo turno de 1989, Fernando Collor usou depoimento de uma ex-namorada de Lula, Miriam Cordeiro. Ela contou que Lula era racista e a deixara após o início da gravidez e que o então metalúrgico pediu que ela fizesse um aborto, em 1974.

  9. José Carlos Falcão De Andrade
    José Carlos Falcão De Andrade

    E depois dizem que Biden é que está senil! Neste quesito, mais uma vez os Estados Unidos se curvam perante o Brasil: o Nine Fingers é insuperável.

  10. Paulo Antonio Neder
    Paulo Antonio Neder

    Caio Coppola representa a nova geração que não foi infectada pelo vírus do esquerdismo. Artigos sensacionais, raciocínio brilhante, fundamentação sempre irretorquível.

  11. Marco Aurélio Bittencourt
    Marco Aurélio Bittencourt

    Fico perplexo com mais esse privilegio ao Lulla ladrao. Pior que não pára por aí; há um vídeo circulando nas redes sociais em que o Lulla ladrao leva ovos nos cornos. Sua reação é patética; começa falando em surra e para corrigir sua verborragia doentia se corrige pedindo a policia militar que aplique um corretivo no vaggabundo que lhe joga ovos nos cornos. Claramente uma defesa da tortura. Mas a tática dos opositores não é a mesma da quadrilha da esquerda. Tem que ser: entrar com ações no Supremo. Simples assim.

  12. Kleber Pessek
    Kleber Pessek

    O País não é para amadores o Ladrão quer virar um desladrão. O Supremo tribunal vota na desconstituição. E os Ladrões são perdoados. O presidente do des(senado) não julga os des(juízes).
    Um mico Ladrão dourado ou de toga, sentado um no rabo do outro.
    E o povo está prestes a votar um Ladrão, que destino?
    Até quando o Ladrão abusara de nova consciência?
    Quando a corte dos fariseus irá permanecer omissa?

    1. Heloisa Helena Cunha Marques
      Heloisa Helena Cunha Marques

      Esse ex presidente ex presidiário, é um Pilantra Total!

  13. Dirceu Bertin
    Dirceu Bertin

    Luladrão continua ladráo

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