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Vista aérea de São Paulo, à noite | Foto: Shutterstock
Edição 133

Em busca de um teto

Pesquisa inédita da empresa QuintoAndar revela os hábitos, as preferências e as manias de quem procura um lugar para morar

Bruno Meyer
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Buenos Aires é a capital mais cara para viver atualmente na América Latina, tanto para comprar ou mesmo alugar um imóvel. O metro quadrado do aluguel está custando em média US$ 11,80 nos últimos 12 meses. É o triplo do preço de Curitiba. Em termos de venda de imóvel, o Brasil ocupa o quinto lugar da América Latina. O mais caro é Brasília, onde o metro quadrado da venda sai em média por quase US$ 1,9 mil, seguido de Rio de Janeiro e São Paulo. Os dados das cidades mais caras para morar acabam de aparecer num estudo inédito encomendado pela QuintoAndar, a maior plataforma de moradia da América Latina, presente em 75 cidades brasileiras. O estudo traduz como anda o mercado residencial na região, além de listar hábitos, anseios e desejos do consumidor que procura comprar ou alugar. 

Cidade de Buenos Aires, Argentina | Foto: Shutterstock

As cidades mais caras

O mercado imobiliário brasileiro está aquecido, mas o brasileiro tem adiado a compra do imóvel e optado por locar. A taxa de juros de quase 14% ao ano é uma das maiores razões para essa preferência na locação. “As pessoas têm procurado o aluguel como alternativa, porque têm dificuldade de conseguir dar entrada num imóvel ou ter acesso ao crédito imobiliário, em consequência da alta taxa de juros”, define Bruno Rossini, diretor de comunicação da QuintoAndar e responsável pela pesquisa. São Paulo ocupa a quarta posição de locação mais cara da América Latina, atrás de Buenos Aires, Cidade do Panamá e Cidade do México. O valor do metro quadrado é em média de US$ 8,5, como se vê no gráfico abaixo. 

Brasília, Salvador e Porto Alegre são mercados que historicamente têm um preço de aluguel alto. “A gente vê uma oferta menor nessas cidades”, diz Rossini. “No Rio de Janeiro, por exemplo, os preços mais altos ocorrem porque há menos imóveis disponíveis e uma alta procura.”

A varanda, o quintal…

A robusta base de dados de uma plataforma que fecha cerca de 12 mil contratos de locação mensais mostra particularidades do que os brasileiros têm buscado para morar. O que demonstra de certa forma o comportamento de uma parcela de determinada região. A QuintoAndar possui mais de 70 filtros de busca na plataforma, mas a maioria se resolve apenas com um terço — ou menos — de filtros. Em São Paulo, o pedido mais frequente na hora da busca de um imóvel é a proximidade com uma estação de metrô, um apartamento com varanda ou casa com quintal. Essa preferência de um cantinho extra e um contato maior com a natureza é evidente também em Curitiba, Cidade do México e Quito, no Equador. Na Cidade do Panamá, o quintal é o pedido campeão dos novos inquilinos.

Site de busca QuintoAndar | Foto: Divulgação

…e o bar na vizinha…

No Rio de Janeiro, a proximidade com o metrô é importante. Mas engana-se quem pensa que a praia é o filtro mais buscado para quem deseja um lugar para morar tranquilo no Rio. Nas pesquisas filtradas pela QuintoAndar, o bar é o ponto que mais aparece como preferência de ter um lar perto dele. 

O churrasquinho hermano

A grelha une os hermanos de Buenos Aires aos gaúchos de Porto Alegre: ambos colocam a churrasqueira como uma prioridade no imóvel tão sonhado.

…e o elevador de Brasília

Em Brasília, seguido de Belo Horizonte, o que as pessoas mais desejam é um prédio com elevador, o que traduz fielmente como a cidade abriga apartamentos mais velhos, só com escadas para locomoção entre os andares. 

A água da chuva

Um dos pontos mais curiosos do estudo foi a escolha dos itens mais desejados pelos brasileiros que moram em casas. No passado, piscina e câmera de segurança eram os mais requisitados. Neste ano, energia solar foi o item número um das buscas. “No universo das casas, as cisternas — os equipamentos para recuperar a água da chuva e utilizar essa água — são muito preferidas”, afirma Rossini. “As pessoas estão dando mais atenção e preferência a esses itens de necessidade básica que podem trazer um pouco mais de conforto e infraestrutura para a casa do que itens de comodidade, entretenimento e lazer.”

Nação dos pets

61% dos brasileiros que buscam imóveis na plataforma têm pet: cachorro, gato, passarinho. Os próprios funcionários da QuintoAndar fizeram uma brincadeira ao ver esse resultado: o Brasil realmente é a nação dos pais dos pets, o que foi ainda mais potencializado durante a pandemia.

Foto: Shutterstock

Retorno aos grandes centros

A volta à normalidade em um mundo pós-pandêmico se mostra nos dados sobre busca de casas e apartamentos na América Latina. A procura por apartamento é muito maior do que a de casas em 11 das 12 cidades analisadas, com exceção de Quito, no Equador, onde 54% das buscas são por casas. A maior diferença brasileira nesse quesito se encontra em Brasília, onde 69% das buscas foram por apartamentos no primeiro semestre de 2022, enquanto 31% das procuras foram por casas. “A nossa hipótese é um cenário de recuperação pós-pandemia”, afirma Rossini. “As pessoas estão voltando aos grandes centros, com a necessidade de estar perto do trabalho ou muito bem localizadas, e isso leva à busca por espaços mais funcionais. Os apartamentos estão numa tendência de interesse de procura muito maior do que o das casas para o futuro.”

A tragédia argentina

A atual situação inflacionária da economia argentina, com taxa básica de juros em 69,5% ao ano, explica por que a capital, Buenos Aires, figura na liderança dos preços exorbitantes para comprar e alugar um apartamento ou casa. “Também há muita oferta e pouca demanda no mercado da cidade, isso tudo potencializado pela alta da inflação, em valores históricos, e a alta de juros, que dificultam que as pessoas tenham acesso a crédito”, destaca o diretor de comunicação da QuintoAndar.

O que elas querem

Com mais de 10 milhões de acessos de pessoas interessadas mensalmente, a QuintoAndar — fundada pelos brasileiros Gabriel Braga e André Penha — administra atualmente mais de 185 mil contratos. “As pessoas evoluíram cada vez mais na jornada de moradia, e isso para mim chama muito a atenção”, define Rossini. “Por meio da inovação, da tecnologia e a experiência, elas sabem procurar exatamente o que querem, conseguem saber se estão pagando bem ou mal, se aquilo vale ou não vale o valor que está sendo discutido.”

Gabriel Braga e André Penha, fundadores da QuintoAndar | Foto: Divulgação

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