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Edição 141

As mentiras do desencarceramento (Parte 1)

Uma sociedade que não consegue condenar moralmente seus criminosos jamais conseguirá condená-los judicialmente — e muito menos puni-los.

Roberto Motta
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A função principal da prisão é afastar o criminoso do convívio social, impedindo-o de continuar a cometer crimes. A segunda função é enviar um sinal a toda a sociedade de que a atividade criminosa não será tolerada. A terceira função é punir o criminoso pelo crime que ele cometeu.

Essa última função causa horror nos pensadores politicamente corretos. Segundo eles — a maioria sem qualquer experiência em policiamento ou criminologia —, o criminoso não deve ser punido, mas acolhido. Esse pensamento dá ao crime violento um caráter de ato de protesto contra a injustiça e a “desigualdade”, e transforma o criminoso em combatente pela causa de uma revolução. Punir o criminoso — o combatente — seria apenas confirmar a opressão do “sistema” que, através do seu “mecanismo de concentração de riqueza”, produziu o criminoso em primeiro lugar.

Qualquer cidadão brasileiro — aquele que tenta sobreviver em meio ao crime sem fim do Brasil — reconhece nas ideias do parágrafo anterior um amontoado de bobagens. Pois bem: são essas as ideias que fazem a cabeça de um número cada vez maior de defensores públicos, promotores, juízes, desembargadores, ministros, professores de direito e — pasmem — até policiais.

São essas ideias que estão por trás da inacreditável pauta do desencarceramento.

Essa visão romantizada do criminoso e do crime, e o equívoco (ou, em muitos casos, a deliberada estratégia político-ideológica) de transferir a responsabilidade do autor do crime para a sociedade, não são apenas violações da lógica e da moral; elas ignoram a imensa massa de estudos e de literatura científica já produzida sobre o tema, aqui no Brasil e lá fora, que afirma, com base em evidências claras, que o crime é uma escolha racional que o criminoso faz depois de avaliar os riscos e os benefícios de sua ação.

Do ponto de vista da sociedade, a prisão é uma punição essencial. A sentença do criminoso é uma resposta que a Justiça dá às famílias e aos indivíduos que tiveram seus direitos violados pelo bandido.

Moraes
A Justiça, escultura de Alfredo Ceschiatti, em frente ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

A prisão é uma das formas mais humanas de punição. Basta lembrar que, até poucos séculos atrás, criminosos eram condenados a espancamento e torturas, ou executados de forma cruel e lenta. Hoje, nas democracias ocidentais, até o autor do crime mais sádico e obsceno será condenado, no máximo, a uma sentença de prisão pelo resto da vida ou a uma pena de morte, executada de forma a minimizar seu sofrimento.

No Brasil, não existe nenhuma dessas duas opções.

Uma sociedade que não consegue condenar moralmente seus criminosos jamais conseguirá condená-los judicialmente — e muito menos puni-los.

No Brasil, enquanto um pai de família assassinado pode deixar sua família na miséria, a família do assassino pode ser protegida pelo “Auxílio-Reclusão”

Dizem a lógica e a moral e o próprio conceito de Estado de Direito — que a punição do criminoso tem de ser proporcional ao crime cometido. Ou dito de outra forma: a sentença do criminoso não pode ser mais leve que a sentença da vítima.

Como se trata de punição, uma prisão jamais será uma colônia de férias paga com os impostos dos cidadãos honestos. As condições dos presídios são ruins na maior parte dos países, inclusive nos desenvolvidos. As únicas exceções talvez sejam alguns países nórdicos, que são exceções em quase tudo. Ir para a prisão não é a mesma coisa que ir para a escola ou para uma colônia de férias bancada pelos contribuintes. Prisão é sempre uma coisa ruim. Cadeia não é assistência técnica de pessoas. Cadeia é punição.

É evidente que todo indivíduo merece ser tratado de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Mas esses direitos precisam ser garantidos primeiro aos indivíduos cumpridores da lei, e não aos que a violam. Um criminoso não pode ter direitos que são negados a um cidadão honesto. Mas, no Brasil, enquanto um pai de família assassinado pode deixar sua família na miséria, a família do assassino pode ser protegida pelo “Auxílio-Reclusão” (perceba a cuidadosa escolha das palavras). Criado pela Lei nº 8.213, de 24 de junho de 1991, o Auxílio-Reclusão dá ao preso o direito de receber um benefício de até R$ 1.503,25 (valor vigente no ano de 2021). Para isso, o preso precisa apenas comprovar que exerceu atividade remunerada que o enquadre como contribuinte obrigatório da Previdência Social. Trocando em miúdos: basta o criminoso ter passado pelo período de experiência de 90 dias em um emprego antes de cometer um crime para que, ao ser preso, sua família tenha direito a receber o auxílio todo mês. Em 2012, o governo pagou R$ 434 milhões em Auxílio-Reclusão.

O Auxílio-Reclusão é um deboche. Dar dinheiro do Estado para um criminoso enquanto ele cumpre sua pena é fazer piada com o sistema de Justiça Criminal e com o sofrimento das vítimas.

Quando apresento minha crítica a essa inaceitável inversão da lógica e da moral (mais uma), alguns usam o argumento — que funciona com muitas pessoas — de que o dinheiro vai para a família do preso, não para ele.

Eu pergunto: e daí?

Me perguntam: mas a família do preso vai ficar desamparada, Roberto?

Eu pergunto: e a família da vítima, vai ser amparada por quem?

Na verdade, a família da vítima, além de não receber nada, também ajuda — com seus impostos — a sustentar a família do criminoso.

Perceba a gravidade do que está acontecendo aqui: confrontados com a situação trágica de um crime —por exemplo quando um bandido, para roubar um celular, mata um pai de família —, os arquitetos da confusão jurídica que é o sistema de Justiça Criminal brasileiro fizeram a opção de ajudar a sustentar o criminoso e sua família e esqueceram a família da vítima.

É óbvio que aquele que escolhe o caminho do crime coloca o sustento de sua família em risco. Mas os legisladores brasileiros resolveram proteger o criminoso desse risco.

É a moral pelo avesso

Investir no crime tem de deixar de ser um bom negócio no Brasil. Precisamos de promotores, deputados, senadores, juízes e desembargadores com a coragem de dizer isso.

Para entender melhor o problema do crime no Brasil e as alternativas que temos para resolvê-lo, é preciso também perguntar: para que servem as prisões? Elas realmente reabilitam?

“Sem punições para aqueles que as violam, as leis são ineficientes. No caso da lei criminal que proíbe homicídio, agressão, estupro, roubo e outros crimes, a punição pode tomar a forma de prisão”, diz A.C. Grayling, professor de filosofia da Universidade de Londres, em seu livro Ideias que Importam. Ele lembra que existem outras questões importantes. Será que a punição é a resposta correta ao crime? Não seria melhor pensar em termos de reabilitação, reparo e compensação? Será que prendemos criminosos para proteger o público, e não para punir o criminoso?

Segundo Grayling, as teorias de punição se dividem em dois grupos. O primeiro é o da escola Utilitária, que afirma que a punição só é certa se produz boas consequências, como proteção da sociedade e reabilitação do ofensor. O segundo grupo é o da escola Retributiva, que diz que, se um erro é cometido voluntariamente e o ofensor tem consciência disso, ele merece ser punido e sofrer.

A taxa de reincidência de ex-presidiários nos Estados Unidos é de 60%. A média europeia é de 55%

Em meados do século 20, ainda havia visões otimistas sobre a possibilidade de usar o sistema penal como uma oportunidade de reabilitar criminosos e devolvê-los à sociedade como cidadãos melhores. Essa ideia foi incorporada, por exemplo, no nome usado nos Estados Unidos para o sistema penitenciário — que é chamado de sistema “correcional”.

“Mas, por uma dessas dolorosas ironias que nos ensinam as melhores lições, os Estados Unidos encarceram uma porcentagem maior de sua população que qualquer outro país”, diz Grayling. Ao mesmo tempo — ou talvez como consequência disso —, os Estados Unidos têm índices de criminalidade muito inferiores aos dos países em desenvolvimento.

Segundo Grayling, estudos sobre reincidência criminal realizados por especialistas em Direito penal, criminologistas e sociólogos nos anos 1970 demonstraram que as prisões não reabilitam:

A esses fatos empíricos juntaram-se as vozes de filósofos retornando à ideia de que a punição é, na verdade, essencialmente retributiva, e com propriedade, pois serve aos interesses da Justiça que o causador de dano e sofrimento pague o custo dos seus atos com sua liberdade e sua propriedade.

Se as prisões são incapazes de reabilitar os criminosos para uma vida em sociedade, elas ainda assim cumprem um importante papel: o de demonstrar a disposição da sociedade de punir de forma exemplar aqueles que violam seus valores mais sagrados.

O sistema penitenciário não recupera criminosos. Ressocialização é um conceito ideológico usado para aliviar a culpa do criminoso e “provar” a “ineficácia” da prisão. A mídia e os “especialistas” brasileiros repetem todos os dias: não adianta prender criminosos porque nossas prisões são horríveis e não “ressocializam” os presos.

Mas a prisão não “ressocializa” nem reabilita em nenhum país do mundo. Nenhum sistema penitenciário do mundo faz isso.

A taxa de reincidência de ex-presidiários nos Estados Unidos é de 60%. A média europeia é de 55%. Dois terços dos ex-presidiários da Grã-Bretanha são presos novamente em um período de 3 anos.

Apenas uma minoria dos criminosos se regenera, e a influência do Estado nesse processo é mínima. Por mais que isso ofenda os ideólogos e muitas pessoas bem-intencionadas, crime é uma escolha individual, especialmente o crime econômico, cometido pelo criminoso para ganhar uma vantagem ou benefício (que pode ou não ser material).

Cela da delegacia da cidade de Eunápolis (BA) | Foto: Joa Souza/Shutterstock

Os ativistas recorrem também à falácia de dizer que manter alguém preso custa caro. Na verdade, custa muito mais caro deixá-lo solto, como explica o economista Thomas Sowell em seu livro Economia Básica:

Uma das objeções levantadas contra a construção de mais penitenciárias para manter mais criminosos presos por maiores períodos é que custa ao Estado uma grande quantia mantê-los atrás das grades.

Frequentemente se faz uma comparação entre o custo de manter um criminoso preso versus o custo de manter uma pessoa na escola pelo mesmo período.

Entretanto a alternativa relevante aos custos de encarceramento incorridos pelo Estado são os custos impostos à população quando criminosos profissionais estão fora das prisões.

No início do século XXI, por exemplo, os custos totais do crime na Grã-Bretanha foram estimados em 60 bilhões de libras por ano, enquanto os custos totais das prisões são menos de 3 bilhões.

É claro que os funcionários do governo estão preocupados com os 3 bilhões de custo das prisões que são de sua responsabilidade, e não com os 60 bilhões que afetarão diretamente os cidadãos.

Nos Estados Unidos, estimou-se que o custo de manter um criminoso profissional atrás das grades é 10 mil dólares por ano MENOR que o custo de deixá-lo nas ruas.

Existe outro fator relevante para explicar o papel das prisões na preservação da segurança pública: a maior parte dos crimes é cometida por uma parcela relativamente pequena dos criminosos. O famoso estudo científico, “Revisitando os Lobos Vorazes: Uma Revisão Sistemática da Concentração de Crime”, realizado por pesquisadores da Escola de Justiça Criminal da Universidade de Cincinnati, concluiu que os 10% dos criminosos mais ativos no conjunto da população são autores de 66% dos crimes.

Diz o trabalho:

Numerosos estudos determinaram que o crime está altamente concentrado entre um pequeno grupo de criminosos. Essas descobertas orientaram o desenvolvimento de várias estratégias de prevenção ao crime. O tema comum a essas estratégias é que, ao nos concentrarmos nos poucos infratores responsáveis pela maior parte do crime, podemos prevenir a maior quantidade de crimes com o mínimo de recursos […]

Descobrimos que o crime está altamente concentrado na população e em diferentes tipos de criminosos. Existe pouca variação na concentração entre jovens e adultos ou entre infratores americanos e os de outros países […] Os 10% das pessoas mais ativas criminalmente respondem por cerca de 66% dos crimes.

Colocar esses criminosos na prisão significa reduzir significativamente o número de crimes cometidos e aumentar dramaticamente a sensação de segurança da população. Prestem atenção na consequência dessa descoberta: não é necessário prender milhões de pessoas para acabar com a crise de criminalidade do país.

Uma parcela desproporcional dos crimes é cometida por esse pequeno grupo de criminosos, já conhecidos da polícia e que, por causa da leniência da nossa lei, vive entrando e saindo da cadeia.

Esses indivíduos já fizeram sua opção pelo crime. Eles não são pobres coitados ou revolucionários tentando implantar um sistema social mais justo. Eles são criminosos por vontade própria, por vocação, ambição desmedida ou deformação do caráter.

Alguns são pobres, outros são ricos; alguns são negros, outros são brancos ou asiáticos. Há homens e mulheres, senhores de idade e garotos de 16 anos. Todos sabem o que estão fazendo e aproveitarão qualquer oportunidade para atacar a sociedade, cada um com sua forma peculiar: colocando uma pistola na cabeça de um motorista, dando uma gravata em uma senhora de idade, subornando para ganhar uma licitação ou violentando e matando crianças.

(continua na próxima edição)

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14 comentários
  1. Ana Paula Ferreira Coelho Lacerda
    Ana Paula Ferreira Coelho Lacerda

    Parabéns Motta! Maravilhoso este artigo! Muito bem escrito, fundamentado , com argumentos bem sólidos e substanciais. Todo brasileiro deveria ler este artigo, principalmente, nas escolas.Inclusive, um excelente artigo para o ENEM. Creio que a reiterada prática do clientelismo, nepotismo e fisologismo, penetrou a cultura e corrompeu os valores do brasileiro, sempre se vendo como um coitado de pires na mão. O resultado é que o brasileiro tem uma profunda dificuldade de entender que o ser humano é responsável pelos próprios atos.

  2. Jorge Apolonio Martins
    Jorge Apolonio Martins

    Não é o estado que custeia a despesa dos presidiários, mas sim a própria sociedade com seus impostos, taxas e contribuições. O estado não gera renda, mas sim custos à sociedade e é mero gestor de recursos. Portanto, a sociedade tem todo o direito de se ver livre de quem a perturba criminalmente.

  3. MARCIO MARQUES PRADO
    MARCIO MARQUES PRADO

    Brilhante, Motta! O estudo se defronta com uma justiça criminal sem nenhuma qualidade produtiva. A sociedade tem se mostrado leniente com relação ao criminoso, seja ele qual for. Foram capazes de eleger um deles para ditar novas regras ‘do mesmo’!

  4. Wagner Destro
    Wagner Destro

    Parabéns, Roberto, pela sua coragem!!!!

  5. CARLOS ALBERTO DE MORAES
    CARLOS ALBERTO DE MORAES

    Os criminosos tomaram conta do Brasil, por isso temos um legislativo e um judiciário que os defendem.
    O que fazer para reverter essa situação, se ja perdemos ate o direito ao voto?

  6. Jose Carlos Rodrigues Da Silva
    Jose Carlos Rodrigues Da Silva

    O estado assistencialista é a trapaça mais antiga do mundo. Primeiro você toma o dinheiro do povo silenciosamente e depois você devolve uma parte dele ao mesmo de modo extravagante.

  7. David
    David

    Artigo muito bom!!! Assim como o livro, do mesmo autor, A CONSTRUÇÃO DA MALDADE – Como ocorreu a destruição da Segurança Pública brasileira. Leitura necessárias a todo cidadão brasileiro.

  8. Onedson Carvalho da Silva
    Onedson Carvalho da Silva

    Realmente, é um absurdo as pessoas de bem ajudarem a manter as famílias dos criminosos. Isso é ilógico, isso demonstra o despreparo de nossos políticos que não criam leis descentes, que realmente protejam as pessoas de bem. Fiquei indignado com o assassinato de uma menina de treze anos em Goiânia, isso é um absurdo, casos como este, o assassino jamais poderia sair da cadeia. E detalhe, deveria trabalhar para pagar sua pena. Infelizmente a nossa constituição só protege bandido! Socialista, triste assistir tudo isso, é revoltante. Isso país valoriza o crime, o bandido, a corrupção. Nunca seremos um país de primeiro mundo!! Tudo começa pelo ensino, e estamos assistindo sentados todos os dias o corte no dinheiro das Faculdades federais. Não tem jeito, muito triste!

    1. PAULO JOSE FERNANDES CAIRRAO
      PAULO JOSE FERNANDES CAIRRAO

      E a degradação será mais rápida que pensamos. O PeT e sua quadrilha da extrema esquerda voltou com força total!! FORO DE S.PAULO.

    2. Renato Perim
      Renato Perim

      Poxa Odilon, você estava indo tão bem, tava ótimo seu comentário, mas no final quando você fala sobre o corte do dinheiro nas faculdades federais… aí não meu amigo, isso é argumento de esquerdista imbecil, mais dinheiro pra professor que só quer doutrinar e não quer ensinar vai só aumentar o problema, nunca diminuí-lo. Fica a dica.

  9. Paulo Miranda
    Paulo Miranda

    Como diz a sabedoria popular, “bandido bom é bandido…”, vocês sabem o resto.

  10. ATILA RUFINO BORGES
    ATILA RUFINO BORGES

    Muito boa essa matéria. Sem dúvidas não vou perder a continuação.

  11. Osmar Martins Silvestre
    Osmar Martins Silvestre

    No Brasil a política de desencarceramento é mais um tijolinho na construção de um sistema que vem sendo construído em favor dos bandidos em geral. Maioridade penal, que protege o bandido em formação, progressão de pena que ajuda o bandido a sair mais cedo da cadeia, auxílio reclusão que dá proteção à família do bandido que foi apanhado, desarmamento do cidadão de bem, que garante ao bandido que ele poderá agir com segurança sem reação da vítima. Os bandidos, principalmente os organizados, são os grandes aliados da esquerda, fazem o trabalho mais sujo que os políticos não querem fazer pessoalmente. O poder do criminoso só aumenta, novas leis virão para protegê-los cada vez mais. Estão tomando conta de todo o Estado, estão nas instituições públicas. Tiveram uma retumbante vitória nas últimas eleições. O crime vai ser, cada vez mais, compensador.

  12. Willy Jock
    Willy Jock

    Me parece que as enumeração do que já fez Elon, ficou faltando citar a Starlink, sistema de satélites que disponibilizará acesso à internet em qualquer ponto do globo.

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