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Karl Marx, Friedrich Engels, Vladimir Lenin e Josef Stalin | Foto: Domínio Público
Edição 154

O nascimento do “império do mal” (Primeira parte)

Sob a nova economia estatal, tanto a produção industrial quanto a agrícola despencaram. Estima-se que 5 milhões de russos morreram de fome em 1921

Ana Paula Henkel
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Na edição da semana passada de Oeste, resolvi trazer para a nossa resenha o descalabro da apologia ao comunismo que testemunhamos no Carnaval no Brasil. Escolas de samba homenageando a nefasta ideologia, que matou mais de 110 milhões de pessoas no mundo, e figuras como Flávio Dino, atual ministro da Justiça, usando roupas e acessórios que brindam ditadores que sustentaram regimes totalitários através do comunismo. A pergunta que fazemos hoje é o que não estão ensinando nas escolas para que nossos filhos não questionem esse grotesco enaltecimento de homens abomináveis que assassinaram milhões de homens, mulheres e crianças?

escola de samba comunismo
Escola de samba faz apologia do comunismo, durante desfile de Carnaval em Florianópolis – 19/2/2023 | Foto: Reprodução

Em 1987, em um discurso numa convenção dedicada a melhorar a vida de crianças pelo mundo, o então presidente norte-americano, Ronald Reagan, um dos homens que bravamente lutaram contra o comunismo durante toda a sua vida, disse: “A liberdade nunca está a mais de uma geração da extinção. Nós não passamos a liberdade para nossos filhos na corrente sanguínea. Devemos lutar por ela, protegê-la e entregá-la para que façam o mesmo”. Ou seja, a liberdade não será protegida se não protegermos a história daqueles que tentarão reescrever as páginas da humanidade manchadas pela maldade e pelo sangue de milhões de mortos. Como também disse Reagan, você difere um comunista de um anticomunista entre alguém que lê Marx e Lenin e alguém que entende Marx e Lenin.

Não podemos mais esperar as escolas. Temos de tomar as rédeas do que está ficando de fora de currículos e dos debates escolares. Já a Escola de Frankfurt fez o seu trabalho como planejado, infiltrou brilhantemente a revolução marxista e o pós-modernismo onde as sementes são germinadas. O meio acadêmico — dos pequenos aos grandes — está infestado de professores doutrinadores que empurram sem pestanejar o “manual da bondade” de Marx e seus discípulos. Nossos alunos não apenas sofrem com uma verdadeira lavagem cerebral, mas são privados do conhecimento dos fatos. Faça um teste: pergunte a um jovem o que aconteceu com o Muro de Berlim. Não se surpreenda se ele apenas responder que o “muro caiu, como um celeiro velho”, sem mencionar que, na verdade, ele foi derrubado.

Então, mãos à obra. Farei a minha parte aqui na companhia de vocês. É claro que seria impossível em poucos textos mostrar todas as nuances da covarde história do comunismo no mundo. Mas também não economizarei palavras e parágrafos neste artigo — e no que será publicado na próxima semana. Aqui em Oeste, jamais deixaremos que adoradores do regime mais bárbaro da humanidade apaguem o que fizeram. Honraremos o legado de líderes como Ronald Reagan, João Paulo II e Margaret Thatcher, que lutaram bravamente contra o “império do mal”, como o presidente norte-americano certa vez definiu a ideologia.

Ronald Reagan segurando a camiseta Stop Communism Central America, em South Lawn, 7/3/1986 | Foto: Wikimedia Commons

O comunismo se espalhou durante o século 20 e foi uma parte fundamental da Guerra Fria. Mas, exatamente, o que é comunismo? Embora o significado exato possa variar de acordo com o contexto, o comunismo é uma ideologia política e econômica que geralmente busca a criação de uma sociedade “sem classes”, por meio da intervenção do Estado e do controle sobre a economia e a sociedade. Os políticos comunistas procuram assim eliminar as hierarquias tradicionais e criar uma sociedade “livre da desigualdade de classes” e da “exploração dos trabalhadores”.

Uma parte importante do DNA da história comunista é a definição de partidos: as organizações políticas formadas por comunistas em vários países buscam obter poder sobre um Estado e transformá-lo de acordo com os ideais comunistas. Uma vez no poder, os partidos comunistas reorganizam completamente o aparato do Estado, para melhor perseguir seus objetivos de engenharia social. Historicamente, os governos comunistas, por definição, criaram Estados de partido único, impedindo que indivíduos não alinhados com seus objetivos chegassem ao poder, cerceando suas liberdades, ideias e vozes. Os países comunistas também criam economias planejadas, em que o governo dita a produção em vez das leis de oferta e demanda que determinam a produção nas economias capitalistas. Esse pode ser um resumo rápido da ideologia, mas como o comunismo se desenvolveu e quais as consequências para o mundo?

Sob o comunismo de guerra, Lenin rapidamente nacionalizou toda a manufatura e a indústria em toda a Rússia soviética, até confiscando grãos excedentes de camponeses para alimentar seu Exército Vermelho

Desde seu início, há mais de um século, o comunismo, que diz clamar por uma sociedade sem classes, na qual tudo seja compartilhado igualmente, passou por uma série de mudanças nos métodos revolucionários para que os objetivos fossem alcançados, mesmo em 2023. O que começou em 1917, na Rússia, se tornou uma revolução global sinistra, criando raízes em países tão distantes quanto a China e a Coreia, o Quênia e o Sudão, Cuba e Nicarágua. Lançado a partir da Revolução de Outubro, de Lenin, a ideologia se espalhou para a China, com a ascensão de Mao Zedong ao poder, e para Cuba, com a chegada de Fidel Castro. O comunismo foi a ideologia por trás de um lado da Guerra Fria e teve um declínio simbólico com a queda do Muro de Berlim, embora atualmente ele venha ganhando adeptos e defensores exatamente pela falta de conhecimento histórico.

Karl Marx e a semente do comunismo

A linha do tempo do comunismo começa a ser delineada em 21 de fevereiro de 1848, quando o filósofo alemão Karl Marx e Friedrich Engels publicaram O Manifesto Comunista, convocando uma revolta da classe trabalhadora contra o capitalismo. Seu lema, “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”, rapidamente se tornou um grito de guerra popular. Marx e Engels pensavam no proletariado como os indivíduos com força de trabalho, e na burguesia como aqueles que possuem os meios de produção numa sociedade capitalista. O Estado sonhado por Marx e Engels passaria por uma fase, muitas vezes considerada como um socialismo, para, finalmente, estabelecer-se em uma sociedade comunista pura. Nessa sociedade, toda propriedade privada seria abolida, e os meios de produção pertenceriam a todos. No movimento comunista, a espinha dorsal da ideologia sustenta que todos produzem de acordo com suas habilidades e recebem de acordo com suas necessidades (sim, a utopia é chocante!). Assim, as necessidades de uma sociedade seriam colocadas acima e além das necessidades específicas de um indivíduo. Não, não é o indivíduo que determina suas necessidades.

Capa da primeira publicação do Manifesto Comunista, em fevereiro de 1848, em Londres | Foto: Wikimedia Commons

Embora o manifesto delineasse alguns requisitos básicos para uma sociedade comunista, o nefasto manual era amplamente analítico — do ponto de vista de Marx — dos eventos históricos que levaram à sua necessidade. Ali, eram sugeridos os objetivos finais do sistema, mas não fornecia instruções concretas para se estabelecer um governo comunista. Embora Marx tenha morrido bem antes de um governo testar suas teorias, sua obra, em conjunto com uma crescente classe trabalhadora descontente em toda a Europa, influenciou imediatamente os trabalhadores industriais revolucionários em todo o continente, no que acabou resultando em um movimento trabalhista internacional.

Conforme imaginado por Marx, o comunismo deveria ser um movimento global, inspirando e acelerando inevitáveis revoluções da classe trabalhadora em todo o mundo capitalista. Embora o livro ainda não tivesse sido publicado, essas revoluções já haviam começado, no início de 1848, na França. A nova classe trabalhadora urbana que vivia e trabalhava em condições terríveis por toda a Europa havia se cansado de sua vida de miséria ao ver os cidadãos de classe alta, os burgueses, como Marx os rotulou no Manifesto, vivendo uma vida de luxo. As ideias e os objetivos do comunismo atraíram fortemente os revolucionários, mesmo depois do colapso das revoluções de 1848. Nas décadas seguintes, trabalhadores e camponeses fartos da classe baixa mantiveram-se firmes no legado dos revolucionários de 1848 e na ideologia comunista, esperando o momento certo para capitalizar.

Karl Marx, em 1875 | Foto: Wikimedia Commons

Para entendermos todo o macabro quebra-cabeça do comunismo, precisamos voltar um pouco no tempo e visitar alguns eventos e personagens que compõem os pilares da injusta ideologia defendida pelo atual ministro da Justiça no Brasil.

A queda do império russo

A Revolução Industrial ganhou uma posição na Rússia muito mais tarde do que na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Quando finalmente ela tomou corpo, por volta da virada do século 20, trouxe imensas mudanças sociais e políticas. Entre 1890 e 1910, por exemplo, a população das principais cidades russas, como São Petersburgo e Moscou, quase dobrou, resultando em superlotação e condições de vida miseráveis para uma nova classe de trabalhadores industriais russos.

Um crescimento populacional sem precedentes no fim do século 19 (devido ao clima do norte da Rússia e a uma série de guerras caras, como a Guerra da Crimeia) criou severa escassez de alimentos em todo o vasto império. Além disso, estima-se que uma grande fome, em 1891-1892, tenha matado até 400 mil russos. A devastadora Guerra Russo-Japonesa, de 1904-1905, enfraqueceu ainda mais a Rússia e a posição do governante Czar Nicolau II. O país sofreu pesadas perdas de soldados, navios, dinheiro e prestígio internacional na guerra que acabou perdendo.

Muitos russos instruídos e estudiosos, observando o progresso social e o avanço científico na Europa Ocidental e na América do Norte, defendiam a ideia de que o crescimento na Rússia estava sendo prejudicado pelo governo monárquico dos czares e pelos apoiadores do czar na classe aristocrática. Logo, grandes protestos de trabalhadores russos contra a monarquia levaram ao massacre do Domingo Sangrento de 1905. Centenas de manifestantes desarmados foram mortos ou feridos pelas tropas do czar, e o massacre desencadeou a Revolução Russa de 1905, durante a qual trabalhadores furiosos responderam com uma série de greves em todo o país. Trabalhadores agrícolas e soldados se juntaram à causa, levando à criação de conselhos dominados pelos trabalhadores: os “soviets”.

Multidão enfrentando soldados armados em São Petersburgo, evento que levou à Revolução de 1905, na Rússia | Foto: Wikimedia Commons

Após o derramamento de sangue de 1905 e a derrota humilhante da Rússia na Guerra Russo-Japonesa, o Czar Nicolau II prometeu maior liberdade de expressão e a formação de uma assembleia representativa para trabalhar em prol de uma reforma. Veio então a Primeira Guerra Mundial, em agosto de 1914, e a Rússia entrou no conflito para apoiar os sérvios e seus aliados franceses e britânicos. No entanto, o envolvimento na guerra logo seria desastroso para o Império Russo. Militarmente, a Rússia imperial não era páreo para a Alemanha industrializada, e as baixas foram maiores do que as sofridas por qualquer nação em qualquer guerra anterior. A escassez de alimentos e combustível atormentava a Rússia, enquanto a inflação explodia. A economia, já enfraquecida, foi irremediavelmente chacoalhada pelo dispendioso esforço de guerra.

Diante de imensa instabilidade política, econômica e social, os moderados logo se juntaram aos elementos radicais russos para pedir a derrubada do czar. O caldeirão, prestes a explodir, borbulhava agora sem controle.

Vladimir Lenin

O revolucionário mais adorado pela esquerda no Brasil foi o fundador do Partido Comunista Russo (os Bolcheviques) e líder da Revolução de 1917. Ele também foi o arquiteto, construtor e primeiro chefe do Estado Soviético (1917-1924), além de fundador da organização conhecida como Comintern — a Internacional Comunista —, fonte póstuma do “leninismo”, a doutrina codificada e conjugada com as obras de Karl Marx pelos sucessores de Lenin para formar o marxismo-leninismo, que se tornou a cosmovisão comunista.

Vladimir Lenin, em 1920 | foto: Wikimedia Commons

Até 1917, todos os socialistas revolucionários acreditavam corretamente, escreveu Lenin, que uma república parlamentar poderia servir tanto a um sistema socialista quanto a um sistema capitalista. Mas a Revolução Russa trouxe algo novo, os soviéticos. Uma vez que Parlamentos pelo mundo excluíam trabalhadores e camponeses, os soviéticos ultrapassaram todas as fronteiras de um real Parlamento democrático e criaram seu próprio sistema, apenas com operários, soldados e camponeses — excluindo as classes com propriedades e empregadoras. A escolha diante da Rússia no início de setembro de 1917, na visão de Lenin, estava entre uma república soviética — uma ditadura da maioria sem propriedade — ou uma república parlamentar, como ele a via — uma ditadura da minoria proprietária.

A Revolução Russa de 1917 foi um dos eventos políticos mais dramáticos e violentos do século 20, que marcou o fim da dinastia Romanov e séculos de domínio imperial russo. Vladimir Lenin não apenas tomou o poder, mas destruiu a tradição do regime czarista. Os bolcheviques mais tarde se tornariam o Partido Comunista da União Soviética, levantando o grito de ordem: “Todo o poder aos soviéticos!”.

1917 e os Bolcheviques

A tensão com a fome nacional e a perda de vidas humanas como resultado da Primeira Guerra Mundial foram exacerbadas. Manifestantes clamando por comida foram às ruas de Petrogrado (nome da cidade de São Petersburgo, de 1914 a 1924) e, apoiados por grandes multidões de trabalhadores industriais em greve, eles entraram em confronto com a polícia. Mesmo assim, se recusaram a deixar as ruas. Tropas da guarnição do Exército de Petrogrado foram convocadas para reprimir o levante. Bastaram poucos confrontos para que regimentos abrissem fogo, matando muitos manifestantes. Vários soldados, no entanto, não seguiram as ordens do czar e decidiram desertar, para protestar em solidariedade aos trabalhadores.

As constantes greves e tumultos por causa da escassez de alimentos, em março de 1917, forçaram a abdicação do inepto Czar Nicolau II, encerrando séculos de governo imperial. A Rússia ficou sob o comando de um Governo Provisório, que se opôs à reforma social violenta e continuou o envolvimento russo na Primeira Guerra Mundial. Mas Lenin tinha outros planos e começou a desenhar a derrubada do Governo Provisório. Para ele, aquele Estado de governo era apenas uma “ditadura da burguesia” e, em vez disso, defendeu o governo direto dos trabalhadores e camponeses, em uma “ditadura do proletariado”.

No outono de 1917, os russos, ainda mais cansados da guerra, exigiam mudanças imediatas no que ficou conhecido como a Revolução de Outubro. Lenin, ciente do vácuo de liderança que assolava a Rússia, decidiu tomar o poder e secretamente organizou trabalhadores de fábricas, camponeses, soldados e marinheiros em uma força paramilitar voluntária. Em 7 e 8 de novembro de 1917, os Guardas Vermelhos capturaram os prédios do Governo Provisório num golpe de Estado sem derramamento de sangue.

Vladimir Lenin, em 1917, chega a São Petersburgo, desencadeando a Revolução de Outubro | Foto: Wikimedia Commons

Os bolcheviques tomaram o poder, ocuparam prédios do governo e outros locais estratégicos em Petrogrado e logo formaram um novo governo, com Lenin como chefe, proclamando assim o domínio soviético. Lenin se tornou o líder do primeiro Estado comunista do mundo e estabeleceu que um governo soviético seria conduzido diretamente por conselhos de soldados, camponeses e trabalhadores. Os líderes bolcheviques se nomearam para muitos altos cargos e começaram a implementar as práticas comunistas baseadas na ideologia de Karl Marx. Assim, o comunismo foi adotado — e adorado — em toda a sua vil totalidade na Rússia, estabelecendo o início do que se tornaria o “império do mal”, de acordo com Ronald Reagan.

A Revolução Bolchevique mergulhou a Rússia em uma guerra civil de três anos. O Exército Vermelho — apoiado pelo recém-formado Partido Comunista Russo, de Lenin — lutou contra o Exército Branco, uma coalizão frouxa de monarquistas, capitalistas e apoiadores do socialismo democrático. Durante esse tempo, Lenin promulgou uma série de políticas econômicas, apelidadas de “comunismo de guerra”. Estas foram medidas temporárias para ajudar Lenin a consolidar o poder e derrotar o Exército Branco. Sob o comunismo de guerra, Lenin rapidamente nacionalizou toda a manufatura e a indústria em toda a Rússia soviética, até confiscando grãos excedentes de camponeses para alimentar seu Exército Vermelho.

Não demorou muito para que essas medidas, claro, se mostrassem desastrosas. Sob a nova economia estatal, tanto a produção industrial quanto a agrícola despencaram, e o ciclo virtuoso de trabalho livre e produção foi destruído. Estima-se que 5 milhões de russos morreram de fome em 1921, e os padrões de vida em todo o país mergulharam em uma pobreza histórica, trazendo agitações sociais em massa que balançaram o governo soviético. Como resultado, Lenin instituiu sua Nova Política Econômica, um recuo temporário da nacionalização completa do “comunismo de guerra”. A Nova Política Econômica criou um sistema econômico mais orientado para o mercado, “um livre mercado e capitalismo”, mas onde tudo era 100% sujeito ao controle do Estado.

Para os Romanovs, a família imperial que governou a Rússia por 300 anos, o destino foi selado de maneira trágica. Os bolcheviques esconderam toda a família em uma casa na cidade de Yekaterinburg, nas encostas dos Montes Urais, durante meses, enquanto ainda lutavam contra alguns dissidentes da revolução. A família esperava que os bolcheviques os mandassem mais tarde para outro país, ou que Exército Branco, que ainda lutava contra as garras de Lenin nas encostas, tomasse conta da cidade e os libertasse. Temendo que o Exército Branco libertasse o czar, o comando bolchevique local, com a aprovação de Lenin, decidiu matar o czar e toda a sua família. Nas primeiras horas da manhã de 17 de julho de 1918, o czar deposto, sua esposa, Alexandra, e seus filhos, Olga, Tatiana, Maria, Anastasia e Alexei, foram executados pelos bolcheviques.

(Há uma série espetacular na Netflix chamada Os Últimos CzaresThe Last Czars, 2019.)

Série Os Últimos Czares | Foto: Divulgação

Em nosso próximo encontro aqui em Oeste, na segunda parte de uma breve série sobre o comunismo, visitaremos como as sementes do “império do mal” germinaram e se alastraram pelo mundo, espalhando terror e morte por terras devastadas por ditadores e líderes comunistas.

Leia também “Uma festa sem máscaras e sem vergonha”

50 comentários
  1. Hilzia ELANE ALMEIDA BACELLAR PEREIRA
    Hilzia ELANE ALMEIDA BACELLAR PEREIRA

    Há um livro de Paulo Rezutti que mostra visão da monarquia na época desse czar. Muito bom.

  2. Raimundo Rabelo Lucas
    Raimundo Rabelo Lucas

    Parabéns Ana Paula.Uma visão perfeita e IMPARCIAL acerca dessa fase do sistema comunista implantado por LENIN na Rússia.

  3. Rosangela J . Dias
    Rosangela J . Dias

    Excelente artigo.

  4. ANA PAULA COELHO
    ANA PAULA COELHO

    Artigo maravilhoso da minha XARÁ Ana Paula. Bjs

  5. Carlos Alberto Carravetta
    Carlos Alberto Carravetta

    Parabéns, Ana Paula! Magnífica aula de história! O teu artigo sozinho já faz a assinatura da Oeste valer a pena.

  6. Rafael Cicero da Silva
    Rafael Cicero da Silva

    Muito obrigado pelo conteúdo .

  7. gioconda sugar
    gioconda sugar

    Parabéns Ana.Excelente texto.

  8. ALCINDO ALVES DOS REIS FILHO
    ALCINDO ALVES DOS REIS FILHO

    Me permita tirar o. chapéu para a jornalista que sou fã incondicional. Parabens Ana Paula.

  9. carlos roberto hojaij
    carlos roberto hojaij

    Prezada Ana Paula. Antes de mais nada, minha admiração por sua coragem e desprendimento bem fundado pela busca da clara realidade sob o símbolo da liberdade.
    Diante do pavoroso momento de Terra Brasílis, sugiro considerar a relação do atual sistema totalitário alexandrino imoral com a Inquisição e suas regras bem descritas por seus criadores Johann Sprenger e Heinrich Kraemer em O Martelo das Feiticeiras ( 1486)

  10. Antonio Carlos Almeida Rocha
    Antonio Carlos Almeida Rocha

    ansiosamente aguardando os próximos capítulos…o comunismo “formal” apareceu no século 19…mas muitos pilares do comunismo, como a luta de classes, existem desde sempre…Mateus 19:24 já mostrava um Jesus incomodado com a existência de ricos…a revolução francesa de certo modo já tinha uma inspiração contra a classe dominante (a Monarquia e a burguesia)…a propriedade privada foi relativizada em muitos momentos da história…Roma confiscava bens dos desafetos já desde a primeira monarquia (754 a.c. a 509 a.c.)…

  11. Julio Verner Nadolny
    Julio Verner Nadolny

    Excelente artigo.

  12. Hans Herbert Laubmeyer Filho
    Hans Herbert Laubmeyer Filho

    Espetacular. Parabéns. Craque com a bola, Craque com a cuca.

  13. alinedealencarrosa
    alinedealencarrosa

    Oi Ana, adorei sua publicação, você ministra curso de historia on line . obrigado

  14. David Peixoto Sampaio
    David Peixoto Sampaio

    Quem sabe, o feitiço não volta contra o feiticeiro Lenin. O exército Russo agora, deserta contra Putin, e a revolta começa pelos mercenários de Perigozin.

  15. Teresa Guzzo
    Teresa Guzzo

    Teorias comunistas na prática nunca deram certo.Escravizam seu povo,ttram suas liberdades e impõe tirania.Quem conhece de fato a História do século XX,jamais apoiará o comunismo e regimes ditadores.

  16. Fabio Augusto De Carvalho Ribeiro
    Fabio Augusto De Carvalho Ribeiro

    Excelente artigo! A história não pode ser esquecida! Parabéns!

  17. Jackson Barbosa farias
    Jackson Barbosa farias

    Excelente exposição do que é essa nefasta corrente maligna, combater sempre!

  18. COLETTO ASSESSORIA EM SEGURANÇA DO TRABALHO LTDA
    COLETTO ASSESSORIA EM SEGURANÇA DO TRABALHO LTDA

    Bela analise !!!!
    Estes comunistas ou socialista brasileiros nunca sentaram num banco de escola analisando este prisma da revoluçõa.
    São comunista socialista de Ipanema, Leblon ou Copacabana.
    Esta afirmação e facilmente constatada pelo resultado de sua vida politica e pessoal e até belo vosso biotipo – NÃO É DE UM COMUNISTA QUE DIVIDE TUDO !!!

  19. David
    David

    Excelente artigo. Compartilhe, principalmente, para adolescentes e jovens, pois é uma aula de história.

  20. Oswaldo Silva
    Oswaldo Silva

    Que aula! Só esse artigo valeria o valor pago pela assinatura!
    Fantástica a realidade nos apresentada.
    Parabéns grande Ana Paula!

  21. José Roberto Manfio
    José Roberto Manfio

    Ana Paula, mais uma bela matéria !

    Valeu, se fosse no vôlei , seria equivalente a 10 pontos de saque !

    Parabéns

  22. nelson jorge leite
    nelson jorge leite

    excelente texto, parabens !

  23. Marcello
    Marcello

    Você é do Império do Bem Ana Paula?

  24. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Quanta informação nos proporciona Ana Paula, que entendo poderia se candidatar a senadora por Minas Gerais no próximo pleito que elegera 2 senadores por Estado, afastando definitivamente Rodrigo Pacheco do Senado Federal.
    Sou critico dessa composição do Senado Federal com 3 inúteis senadores por Estado. Entendo que basta 1 para representar o Estado, mas enquanto não houver uma reforma politica que reduza essas gorduras do Senado e da Câmara Federal, gostaria de ver Ana Paula, nos defendendo nessa CASA que tem enorme poder, inclusive sobre o STF se quiser.

    1. Oswaldo Silva
      Oswaldo Silva

      Grande ideia senhor Carlos Neves.

  25. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    Ótimo texto

  26. IMP
    IMP

    *O PORÃO*
    Não, definitivamente não… não queríamos passar por isso, adiamos o quanto foi possível, até demais, mas quando soa o relógio sagrado do tempo das coisas, não há muito o que fazer. Chegou a hora da *faxina no porão*.
    Descendo as escadas, ao se abrir a porta e deixar o primeiro raio de luz entrar, é assustador ver tanta poeira, teias de aranha, ratos e baratas fazendo a festa.
    “Luz começando a invadir a sombra”: é exatamente este momento nacional que estamos vivendo. Analisando desta perspectiva constatamos que não teria o menor cabimento a reeleição do Bolsonaro. Também não faria sentido aplicar o Art. 136 ou 142 da CF, para evitar o desastre que a passos largos se aproxima.
    Obedecendo à inexorável e perfeita cronologia do Universo e da Vida, teríamos sim que passar por tudo isso e um pouco mais. Precisaríamos descer ao porão da pátria amada, para que *TODOS* constatassem com seus próprios olhos a absoluta sujeira entranhada na turma que está, com afinco e rapidez, se esforçando para destruir a nossa nação.
    É óbvio demais, mas todos, como São Tomé, precisaríamos *ver* (incapacidade, corrupção, conchavos, escárnio, censura e abuso) *para crer* que bandidos e criminosos não se regeneram com o passar do tempo, apenas ficam mais velhos… e mais nocivos.
    Do ponto de vista de um processo de limpeza, tudo o que está ocorrendo de trágico está absolutamente correto. Provavelmente a imundície terá que ficar ainda mais visível e deverá produzir mais alergias, incômodos, doenças ou até óbitos.
    *P.:* Quanto tempo levará essa bagunça?
    *R.:* O tempo necessário para a maioria do povo entender que, de bandidos, só podemos esperar mentiras, crimes, roubos e assassinatos.
    A visão do porão imundo e pestilento não poderia ficar restrita a alguns. Para evitar controvérsias, para atenuar a discórdia que tem separado familiares, amigos e irmãos, para que o povo possa alcançar a paz, seria imperioso acontecer o que está acontecendo, a sujeira precisaria ser esfregada na cara de *TODOS*.
    Por ora, rendamos graças a *DEUS* que, no comando de todas as coisas, está proporcionando ao povo brasileiro a oportunidade abençoada de olhar a verdade nua e crua. É impossível começar uma faxina sem que primeiramente tenhamos a exata noção do que precisa ser limpo.
    Desconheço a autoria.

    1. Manfred Trennepohl
      Manfred Trennepohl

      É uma fase dolorida, espiritualmente e fisicamente, ver as injustiças sendo cometidas, com o aval de quem deveria nos proteger, o judiciário, que, além de omisso, é um agente ativo no processo de destruição da Pátria.

  27. Antonio C. Lameira
    Antonio C. Lameira

    De que adianta narrar fatos históricos sobre a fundação do Comunismo, que como disse a colunista, os jovens de hoje afirmam que o muro de Berlim caiu naturalmente. Estudantes do curso médio até o universitário estão doutrinados, e os alunos de direita ficam encurralados sem poderem professar sua ideologia. Não existe no Mundo País de Direita, quem diria que até EUA se renderia a esquerda.

  28. Frederico Oliveira dos Santos Melo
    Frederico Oliveira dos Santos Melo

    Excelente! Estou ansioso pelo próximo texto.

  29. Emerson Luiz Degan
    Emerson Luiz Degan

    Obrigado pelo texto Ana. A execução da família real me fez pensar no conluio entre STF, Midia podre & politicos sujos, que não devem executar, mas colocar o Bolsonaro na cadeia. O Brasil vive uma ditadura da toga que precisa ser controlada.

  30. João Beserra Oliveira do Nascimento
    João Beserra Oliveira do Nascimento

    Ana, sou seu admirador desde os tempos de volley. Agora como jornalista vc não é menos brilhante! Parabéns pelo seu ótimo trabalho como jornalista e comentarista no “sem filtro”. Lhe assisto quase todos os dias. Lhe acompanho dos desde “os pingos nos is” que, infelizmente, se rendeu ao sistema…
    Continuo me orgulhando de vc!!!
    Abraço e SUCESSO SEMPRE!!!

  31. Benozilda Cavalcante Estevam
    Benozilda Cavalcante Estevam

    Excelente matéria Ana e muito oportuna neste momento. Infelizmente nestes últimos dias somos obrigados a rever o que foi os primórdios do comunismo e sua maléfica trajetória na história da humanidade, porque os seus símbolos, seus discursos autoritários estão permeando naturalmente entre nós e o pior é que essa voz reverbera do planalto. Estou perplexa.

  32. Érico Borowsky
    Érico Borowsky

    Excelente, Ana Paula!

    1. Maria da glória cruz Filgueiras
      Maria da glória cruz Filgueiras

      Parabéns, Ana. Excelente texto. Claro, abrangente, escopo histórico e social maravilhoso. Vc trás sempre em seus textos uma clareza , elegância e poder de síntese raro nesses tempos duros que vivemos no Brasil

  33. Anfilofio Coutinho dos Santos Filho
    Anfilofio Coutinho dos Santos Filho

    Parabéns Ana, o seu artigo merece nota 10, com louvor. Curiosamente, ontem eu vi um fllme na Amazom Prime chamado Triângulo da Tristeza, em que as falas do Reagan e de Marx são reproduzidas literalmente. Tudo a ver!

  34. DANIEL LEVI DE FIGUEIREDO RODRIGUES
    DANIEL LEVI DE FIGUEIREDO RODRIGUES

    Ana Paula, parabéns por mais um excelente texto. Claro e preciso, você conseguiu captar com um poder de síntese incrível, digno da uma grande “saque” ou de uma boa “cortada”, o que de mais importante aconteceu naquele período da História. Eu li “O Livro Negro do Comunismo” e o clássico “O arquipélago Gulag”, mas confesso que é difícil extrair dali toda a visão de conjunto magistralmente condensada por você. Aguardo ansioso pela segunda parte!
    Antes de finalizar, gostaria apenas de tecer um breve comentário a respeito do extenso texto que antecede o meu e que trata sobre a guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Para coletivizar as terras – o grande assalto aos camponeses -, Stalin utilizou a “arma da fome”, em particular contra os ucranianos (para saber mais, ver o capítulo “A grande fome” da primeira obra citada acima). Estima-se que a política stalinista causou seis milhões de vítimas em 1932-1933, a grande maioria ucraniana. Isso explicaria em parte o desejo da Ucrânia se filiar à Otan? A Finlândia pensa o mesmo, por razões relacionadas à eterna ameaça de ser invadida pelo grande urso? Para os inscritos, sugiro a leitura do artigo “As lições de Olavo de Carvalho sobre a Rússia” escrita por ela mesma, Ana Paula Henkel, na edição 104 da Revista Oeste.

    1. Manfred Trennepohl
      Manfred Trennepohl

      O filme “A sombra de Stalin” faz uma referência chocante sobre os fatos em Holodomor na Ucrânia. As mortes pela fome impostas ao povo ucraniano pelo ditador Stalin em 1932-1933.

  35. José Carlos
    José Carlos

    Por OLEG YASINSKY*

    O conflito entre a Ucrânia e a Rússia é, na verdade, uma guerra civil

    Nos tempos soviéticos em que cresci, a Rússia e a Ucrânia eram um mesmo país, um povo, uma cultura, com suas diferentes nuanças. Se eu tivesse que resumir em um par de palavras, diria que era nossa infância feliz.

    Minha própria infância foi na Ucrânia, na União Soviética, e como eu disse, não sentíamos que vivíamos em um país separado, assim como, tenho certeza, nem as crianças na Bielorrússia, Rússia, Armênia, Azerbaijão ou qualquer uma das outras repúblicas. Sentíamos que vivíamos em um grande país, onde, para nos comunicarmos, precisávamos de uma língua comum. E esse idioma era o russo.

    No caso da Ucrânia, pelo menos em Kiev, onde cresci, quase todo mundo falava russo. E desde os primeiros anos de escola fomos obrigados a estudar literatura ucraniana e a língua ucraniana. Então éramos bilíngues. Isso era parte do respeito das instituições pela terra em que vivíamos. E não havia contradição, porque as culturas russa e ucraniana se complementam perfeitamente e compartilhavam território, memórias e sonhos.

    Pensar em uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia seria uma coisa completamente louca, absolutamente impossível. Ainda estavam frescas as memórias da Segunda Guerra Mundial, que para o nosso povo foi a grande guerra pátria. E, nesta guerra, conseguimos vencer porque não diferenciávamos ucranianos de russos ou de judeus ou de cazaques. Além disso, era considerado de mau gosto enfatizar diferenças nacionais. Claro que cada povo tem suas particularidades, mas isso fazia parte da enorme riqueza de nosso país. De fato, a Ucrânia – que o regime de Kiev agora tenta apresentar como uniforme – também possui uma enorme diversidade étnica, cultural e linguística, dentro do seu próprio território.

    Mas eu penso que, com os últimos anos da Perestroika, quando a imprensa se “democratizou” (entre aspas!), ou seja, quando surgiu a imprensa privada – que passou a servir a interesses privados, dos diferentes grupos políticos que iam surgindo, com enorme pressão e influência do Ocidente (e estou falando da era Gorbachev) – mesmo da televisão estatal, ou seja, para toda a União Soviética, começaram a nos contar uma outra história, começaram a nos falar sobre coisas que nunca poderíamos ter ouvido na televisão antes.

    Foi um trabalho de mídia muito profissional e convincente, e era um estímulo novo e muito forte para o público. Estando finalmente livres da censura, ávidos por receber essas informações, deixamo-nos perpassar por todo esse discurso, sempre muito anticomunista. Porque ele não era crítico apenas a Stálin ou ao stalinismo, não criticava tão apenas os excessos ou os momentos sombrios da nossa história, mas sim o socialismo como sistema: era uma crítica frontal, cabal, com muita coisa que hoje chamaríamos de fake News –a gente ainda não falava tanto inglês –, e em tudo havia meias-verdades, verdades e puramente mentiras, tudo misturado, tudo revirado. E sem preparo especial, um cidadão comum – habituado até então a apenas um ponto de vista, o oficial – não tinha como se orientar em meio a toda essa avalanche de informações.

    No caso da Ucrânia, ao discurso anticomunista adicionou-se o discurso antirrusso, o discurso nacionalista. Por exemplo, os antigos colaboradores nazistas da Ucrânia começaram a ser apresentados como heróis da luta pela “independência”. Passou-se a inculcar, sutil ou diretamente, a ideia de que o povo ucraniano é muito diferente do russo, “porque os russos são mais selvagens que nós, são asiáticos, e nós somos europeus, civilizados, os que têm as casas mais limpinhas; que os russos são todos uns bêbados, e que o povo ucraniano é muito trabalhador” etc etc…. É bastante absurdo isso, porque dentro do território da Ucrânia existem mais diferenças culturais internas do que entre os territórios ucranianos que fazem fronteira com a Rússia e o outro lado.[1]

    Em outras palavras, eu penso taxativamente, e agora mais que em qualquer outro momento, que somos um único povo, com a mesma história, com a mesma memória histórica, educados com os mesmos livros, com os mesmos filmes… E por isso também me pergunto praticamente todos os dias: como tudo isso agora é possível?

    O conflito entre a Ucrânia e a Rússia, então, é, na verdade, uma guerra civil. Porque se trata de um povo com a mesma memória, um povo de um só território, que durante centenas de anos percebeu este território como a terra de todos nós. Russos e ucranianos, etnicamente, somos, na prática, os mesmos. Não acredito se alguém disser que pode distinguir fisicamente um russo de um ucraniano. É um absurdo. É impossível.

    É por isso que acredito que a Ucrânia foi escolhida pelo Ocidente como laboratório para desestabilizar a Rússia. Estou completamente convencido de que, se alguém pegar um pedaço da Rússia do tamanho da Ucrânia, e o isolar com uma cortina urdida pela mídia ocidental por coisa de oito anos, poderá idiotizar muita gente.

    E sinto que, lamentavelmente, nossos povos, nossas gentes, ainda são por demais ingênuos, e que agora veem a história como um conto distorcido. Acho que nos faltou mais tino crítico para compreender a história. Mas também não nos esqueçamos de que, nos últimos 30 anos, tanto da história ucraniana como da russa, todos os países da ex-União Soviética foram expostos a esse bombardeio dos shows ocidentais, dos valores ocidentais. E o que esses meios de comunicação trataram de fazer foi reformatar a juventude, mudar nossos olhares, destruir nossas perspectivas.

    Na Ucrânia essa política foi ainda mais agressiva; foi, de fato, uma coisa absoluta e completa, e é por isso que esses resultados foram alcançados. Eu diria que a Ucrânia, há oito ou nove anos, era outro país. E agora o povo ucraniano é vítima de uma manipulação midiática e ideológica muito profissional.

    É muito difícil para mim falar de inevitabilidade das guerras, porque sempre acreditei que temos que lutar pela paz, pois a guerra é a pior coisa que pode acontecer aos nossos povos. Assim, sempre tendi a ser esperançoso, até o último minuto. No entanto, quando estive na Ucrânia por um bom tempo logo antes do conflito, tudo indicava que a guerra era absolutamente inevitável. A Ucrânia estava fazendo todo o possível para tornar essa guerra inevitável.

    A ingenuidade do povo ucraniano e, em geral, do povo da antiga União Soviética ainda é muito grande. É uma espécie de infantilidade política, não sei definir… E as pessoas realmente não entendiam para onde iam. Além disso, não tinham outra fonte alternativa de informação, e há anos os novos programas de educação na Ucrânia vinham preparando as pessoas para serem bucha de canhão. Cheguei ao ponto de me reunir com jornalistas ucranianos formados sob o novo regime e fiquei muito surpreso de que, em um país que tinha sido um país culto da União Soviética, onde muitas coisas não entendíamos, mas sabíamos de muitas outras – éramos ingênuos, mas tínhamos muita informação sobre o mundo e a cultura mundial –, esses rapazes e moças (estou falando de pessoas que se dizem jornalistas, na faixa entre os 25 e 30 anos) não têm ideia de praticamente coisa alguma. É evidente que foram educados sob uma bestial construção ideológica, que se instalou com muita força, um grande poder, o que explica muitas coisas, tão absurdas, tão selvagens, que agora estão acontecendo na Ucrânia.

    Em Kiev, que é uma das cidades mais belas da Europa, esse poder, nos últimos oito anos, transformou-a praticamente em um monte de lixo. Era possível já se ver o abandono total de tudo, da infraestrutura ucraniana… tudo herdado da União Soviética, porque não se construiu absolutamente nada depois, e era possível perceber que as pessoas que têm poder em Kiev não sentem absolutamente nada, não estão nem aí para nada; são capatazes para controlar um território ocupado.

    Senti-me em um país do Terceiro Mundo, como quando se chega a uma capital, uma cidade pobre de um país latino-americano onde as pessoas mal conseguem sobreviver, e onde todos os meios de comunicação são fortemente controlados por grupos econômicos que mandam em tudo. Para mim foi um impacto psicológico muito forte.

    Eu penso que foram dois pontos de inflexão na escalada bélica. O primeiro, mais óbvio, mais evidente, foi o golpe de Estado, aquilo que o Ocidente apresentou ao mundo como “a revolução da dignidade” ou a “revolução de Maidan”, com toda a cobertura midiática requerida. Mas, ainda assim, foi um golpe. Quando os fantoches do Ocidente chegam ao poder, com o apoio das forças efetivamente fascistas da Ucrânia – que eram minoria, mas muito bem organizadas e muito ativas –, podemos ver essa aliança perfeita entre um governo neoliberal e os grupos neonazistas que fazem o trabalho de campo, intimidando a oposição, controlando as praças e as ruas, para que não haja voz de protesto. Quem vive na América Latina conhece perfeitamente a origem do paramilitarismo dentro dos governos neoliberais do continente. E, nesse sentido, creio que a Ucrânia não inventou nada de novo, só repetiu o mesmo esquema.

    O segundo ponto de inflexão foi o fechamento dos meios de comunicação, aqueles que davam voz à oposição, o que se consumou entre 2020 e 2021, uma vez que, claramente, quando se está se preparando para uma guerra, é preciso aplicar uma censura de guerra. A partir daí qualquer perspectiva ou voz crítica, por mais fraca, branda ou conciliatória que fosse, passou a ser interpretada como propaganda russa, como ação de agentes de Vladimir Putin. Sem mais explicações e violando a Constituição ucraniana, fecharam-se primeiro os canais de televisão aberta, depois a imprensa escrita, e depois aplicou-se uma censura muito forte à internet. Os ucranianos ficaram então isolados das informações do mundo, sob a pressão da propaganda oficial do governo.

    Nesse momento, muitos de nós na Ucrânia reconhecemos que a decisão já tinha sido tomada, e que o país seria sacrificado nessa guerra encomendada ao governo de Kiev pelo seu dono. O ambiente tornou-se irrespirável: já não podíamos mais opinar ou discutir. Entraram em vigor leis de mídia que proibiam falar bem da União Soviética, mesmo que a Ucrânia exista (ou tenha existido, não sei que tempo verbal usar) graças à União Soviética. Até os trabalhadores da televisão riam, a situação era por demais absurda. Mas o público, milhões de pessoas que assistiam a esses programas, não entendiam a ironia da situação. E para a juventude ucraniana, essa foi a única realidade que aprenderam.

    Eu vejo na Ucrânia a cópia da América Latina dos anos 1970 e 1980, da época das ditaduras mesmo, ou das pseudodemocracias posteriores. Praticamente tudo foi copiado. Se traduzíssemos alguns discursos de Pinochet para o ucraniano, acho que não haveria nenhuma diferença. Na verdade, muitas vezes cheguei a pensar que alguém está empenhado em traduzir para o ucraniano todos esses discursos, todos esses argumentos, porque são todos muito parecidos.

    Se falamos de uma ditadura com as aparências de uma democracia formal, não há melhor exemplo que o da Colômbia – antes de Gustavo Petro, para ser mais preciso. A Colômbia, assim como a Ucrânia, é um país bastante rico, com uma localização geopolítica insuperável, chave na sua região, com uma enorme riqueza natural, um povo trabalhador, um país de riqueza agrícola. A Ucrânia era o celeiro da Europa. E da Colômbia também sabemos a importância do seu meio rural. Vemos em ambos os casos os conflitos em torno da lavoura, esse controle a partir de fora: controle militar, econômico, político, midiático… uma situação em que até um jardineiro da embaixada dos Estados Unidos tem mais poder do que o presidente da República…

    Essa coisa tão caricata, tão evidente, que tão bem conhecemos na América Latina, na Ucrânia foi copiada absolutamente ao pé da letra. E como os ucranianos não são latino-americanos, não têm esse trauma histórico. E como os Estados Unidos são uma coisa distante, foi muito fácil enganar a juventude ucraniana e contar outra história sobre os Estados Unidos. Portanto, a situação acaba sendo muito semelhante.

    O fenômeno do paramilitarismo dos grupos neonazistas na Ucrânia também parece absolutamente copiado, porque assim como foi muito eficiente na Colômbia, também foi muito eficiente na Ucrânia. Não só para intimidar a oposição política, mas para algo ainda mais importante: agir dentro do Exército ucraniano – como o grupo Azov e outros mais – como se fossem comissários para intimidar os militares, combatendo qualquer dúvida, qualquer dissidência, para evitar qualquer possibilidade de rebelião dentro da Ucrânia; algo que, para o povo ucraniano, seria certamente a melhor solução diante dessa tragédia.[2]

    Além disso, na Ucrânia, os paramilitares estão explicitamente usando a simbologia nazista, os nomes dos batalhões nazistas… Eles não escondem suas simpatias. E uma das últimas notícias, infelizmente muito previsível, é de que em Kiev o monumento ao general do Exército Soviético, Nikolai Vatutin, que libertou Kiev dos nazistas, foi demolido, e agora eles estão insinuando profanar a sepultura que estava sob o monumento. É uma consequência lógica do tipo de poder que agora governa o território ucraniano. Eu nem gosto de chamar essa coisa de “Ucrânia”. A Ucrânia para mim é outro país.

    O inimigo de nossos povos, ou de nosso povo russo-ucraniano, para ser mais preciso, é o inimigo de todos os povos do mundo inteiro. Mais uma vez, ele quer se apoderar de nossos recursos e territórios. E não se trata apenas da Ucrânia, mas do território pós-soviético, dos nossos países, repúblicas, onde, apesar da imprensa, apesar de tudo, a memória histórica ainda sobrevive. A humanidade teve essa experiência de uma sociedade não capitalista. E que ela não apenas sobreviveu, mas que também conseguiu derrotar o pior inimigo da humanidade, que naquela época era o fascismo alemão. Então é um território muito simbólico, muito importante.

    E para acabar com essa memória e se apropriar de nossos recursos, obviamente, é preciso inimizar nossos povos. É para isso que a mídia trabalha. E mais uma vez se faz uso do fascismo, porque, como ferramenta ideológica, é a mais segura para esse grande capital transnacional, que agora está reordenando o planeta.

    A diferença é que, desta vez, as elites ocidentais estão mais unidas do que antes, ou melhor, mais controladas pelo governo dos Estados Unidos, e desta vez controlam a arma mais poderosa do nosso tempo: não só a mídia, mas também as redes sociais, que estão se tornando mais importantes que a primeira, pois vemos que os jovens, ou mesmo adultos, passam mais tempo nas redes sociais do que assistindo televisão. Controlando essas mídias, a opinião pública pode ser formatada, coisas que não existem podem ser contadas, verdades podem ser escondidas… tudo o que estão fazendo, e com tanta eficiência.

    Assim, acredito que não se trata de uma guerra apenas contra a Rússia. É uma guerra contra todos. O principal alvo de Washington é a China, mas antes de enfrentar a China, é preciso debilitar e dividir a Rússia.

    O que estamos tratando de aprender com o presente é não fazer grandes planos para o futuro, porque a realidade é sempre muito complexa. Acho que estamos diante de uma realidade muito difícil. Mas esse é um conflito que muito em breve pode vir a ser resolvido. O sistema acumulou muitas contradições.

    A Europa, por sua vez, já é o quintal dos Estados Unidos graças à OTAN e à União Europeia. Lembro-me que, quando ainda vivíamos na União Soviética, já prestes a se dividir em Rússia, Ucrânia ou outros países menores, diziam-nos que a União Europeia seria uma construção que funcionaria como contrapeso aos Estados Unidos, e que ela fortaleceria a independência europeia. E nós realmente gostávamos dessa ideia. Agora estamos vendo que aconteceu exatamente o contrário: que a Europa é o quintal dos Estados Unidos, composta por repúblicas de bananas. É até engraçado ver que Honduras, hoje, com seu atual governo, tem uma política externa muito mais digna, muito mais independente do que países como França ou Alemanha, que para nós eram exemplos da independência europeia.

    Em todo esse show da “independência” ucraniana nos últimos anos, usou-se o slogan “a Ucrânia é Europa”, como se isso fosse necessário. A Ucrânia é, de fato, o centro geográfico da Europa. A ironia é que, nesta situação, com a Europa transformada em instrumento ou em refém do governo norte-americano, contra a Rússia ou a China, percebo que a Ucrânia não é a Europa. Em vez disso, agora, a Europa é que é a Ucrânia. Em outras palavras, transformaram a Europa naquilo em que, logo antes, tinham transformado a Ucrânia. Para qualquer olhar atento e sem preconceitos, a Europa está sendo muito evidentemente sacrificada, pois os Estados Unidos estão preparando um confronto armado, com elevada probabilidade nuclear, em território europeu, na esperança de salvar sua própria economia, salvar seus interesses e salvar seu domínio mundial.

    Acredito que estamos enfrentando, na Ucrânia, um risco real de uso de armas nucleares; armas que a OTAN pode usar – a OTAN são os Estados Unidos – para acusar a Rússia. Os Estados Unidos já fizeram isso várias vezes. Eles aplicam esse método em praticamente todas as suas guerras: operações de falsa bandeira para acusar outros países de seus crimes militares. Pouco importa, não é? Porque a memória humana é curta. E a memória da mídia é ainda mais curta.

    Nesta situação de risco, a resposta definitiva não deve partir dos governos, mas dos povos. Dos povos da Europa, do povo russo e também do povo ucraniano, porque, apesar de tudo, ainda há pessoas que entendem o que está acontecendo. Por outro lado, acredito que esse momento histórico de crise total é também uma grande oportunidade para crescer. Porque, do mesmo modo como no nível pessoal, não se pode crescer sem atravessar uma crise. Também essa atual crise, perigosa e sangrenta, de tão elevado custo humano, é uma possibilidade de dar mais um passo rumo ao humanismo, para que entendamos que, dentro do modelo neoliberal, dentro do “paraíso capitalista”, que não é muito mais que propaganda, não temos qualquer futuro.

    Nem eu nem ninguém no mundo sabemos os detalhes ou a forma que os acontecimentos vão tomar, mas acredito que o que está acontecendo agora pode ser uma grande lição para todos nós. Para que a juventude russa volte a aprender que existem outros valores, para que voltemos os olhos para a memória histórica dos nossos povos, para que tenhamos mais contato entre nós mesmos.

    Acredito que a humanidade, a Rússia e todas as forças que são realmente contra a morte e contra a guerra não têm outra escolha senão derrotar a OTAN e o grande inimigo da humanidade, que não é outro que não os Estados Unidos.

    *Oleg Yasinsky é jornalista, radicado no Chile.

    Tradução: Ricardo Cavalcanti-Schiel.

    Originalmente publicado como entrevista para RT Noticias.

    Notas do tradutor

    [1] Talvez sem o saber, o autor do depoimento replica o mesmo tipo de constatação empírica que fizeram os geneticistas Richard Lewontin e Richard Levins sobre as “raças”, na década de 70 do século XX: há usualmente mais variação genética entre os membros de uma suposta “raça” do que entre membros de uma e de outra “raça” (fenotipicamente supostas).

    [2] Na primeira fase da operação militar russa na Ucrânia, quando a primeira formação do exército ucraniano ainda não havia sido destruída e a Rússia buscava, com uma operação relâmpago de alto impacto, conduzir a Ucrânia à mesa de negociações ― o que foi definitivamente interrompido em 9 de abril de 2022, com a visita do então primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a Kiev –, o governo russo exortou ostensivamente os militares ucranianos a assumirem o controle do governo do país e a isolarem os grupos neonazistas. Como todas as expectativas russas em torno daquele primeiro momento da operação militar, essa também se viu frustrada, lançando o conflito em uma escala prolongada de tempo, que o Ocidente acreditava lhe ser mais conveniente. A partir de então, as frustrações passariam a pesar sobre os planos do Ocidente.

    1. Ed Camargo
      Ed Camargo

      Esse texto é uma propaganda Russa com a intenção de obter suporte de outros povos.
      Na realidade esta guerra somente existe, porque Vladimir Putin é um “irredentista” que esperava o momento oportuno para invadir a Ucrania.
      O momento chegou qdo Biden foi eleito ou roubou as eleições americanas. Biden é reconhecidamente fraco e senil.
      Qdo decidiu abandonar o Afeganistão as pressas e deixou todo aquele equipamento militar, bélico pra traz, esse ato foi a insígnia que Putin esperava para dar início a invasão de um pais soberano.
      Agora ele tem até o final do mandato de Biden para realizar seu sonho de reunificação das repúblicas soviéticas, digo isso porque outro dia ouvi o discurso daquele que será o próximo presidente americano e ele disse que acabaria com essa Guerra já no seu primeiro dia na presidência.
      Mas, enquanto isso não acontece, vamos esperar e ficar distantes dessa ação inescrupulosa que esta tirando vidas de pessoas inocentes, para satisfazer os caprichos de um tirano.

  36. Marcos Rogério de Medeiros Almeida
    Marcos Rogério de Medeiros Almeida

    Parabéns Paula por seu artigo.

    A frase “a ignorância atrapalha o progresso” é verdadeira em muitos aspectos. Quando uma pessoa ou sociedade carece de conhecimento ou compreensão sobre um determinado assunto, pode ter dificuldades em encontrar soluções eficazes para os problemas que enfrenta e pode ficar limitada em seu desenvolvimento.

    Sua matéria ajuda a diminuir a ignorância, seria muito bom se todos lessem artigos deste nível e indico a todos a leitura do livro “Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror e Repressão” . abraços .

  37. Herbert Gomes Barca
    Herbert Gomes Barca

    uma aula de história !! nossos jovens não tem noção do perigo do comunismo!

  38. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Boa aula de história. Claro que é muito mais que isto. Mas, chegando por aqui, algo que me cutuca e perguntqr para o pessoal da esquerda o seguinte: então vocês foram e são contra a derrubada do muro de Berlim? OU, vocês foram e são contra a reuniicação da Alemanha? E vocês são a favor da censura e da perseguição aos que pensam diferente? As fábricas de vocês não terão proprietário e quem escolherá os chefes que organizam e administram a fábrica?

    1. José Carlos
      José Carlos

      Vc é a favor da ideologia de gênero, orgulho lgbtq e aborto? Isso td é made in usa

  39. Eduardo Kf
    Eduardo Kf

    Nao adianta demonizar o comunismo, se vocês não perdoam as causas nem o que de útil e justo há nas ideias. Marxismo é a filosofia da revolta, de gente derrotada e amarga na vida. Marxismo não é filosofia idealista, pra ser acusada de boa ou má, mas a busca prática do poder via a revolta e inversão de tudo: valores, normas, política, economia,organização social. Não adianta acusar Lênin e Stalin se não há culpa e remorso pelo que os geraram, o império czarista e o antissemitismo russo. A única acusação válida ao marxismo é de sua incoerência geral e inapraticabilidade de forma ortodoxa, sendo isso o marxismo real: a sociedade impraticável da revolta, da inversão revolucionária. Revolta às vezes necessária. Acusar o comunismo de crimes é ridículo por isso: por ser o marxismo a própria busca da dissolução da norma quando injusta. Ser marxista nada tem a ver com ser idealista, sua base não é Platão, mas Aristóteles. A base do marxismo é o descontentamento geral humano, e como dissolver aquilo que não funciona para os descontentes. E nisso, numa perspectiva livre da escravidão a algum deus ou ideal, tudo vale, se isso melhora a vida.

    1. Gabriel Miranda
      Gabriel Miranda

      “MAS QUE ABSURDO ESSE ARTIGO E OS FATOS! Escondam a história e não falem dos crimes bárbaros contra a humanidade de Stalin e Lenin, eles estavam apenas descontentes com o czarismo!”

      Mano, tem louco pra tudo nessa vida.

  40. Mario Luiz de Souza Lima
    Mario Luiz de Souza Lima

    o Livro Grandes Guerras, de Rodrigo Trespach abor4da também esse evento, com muitos de5alhes.

  41. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    Ana Paula, é uma pena que a maioria da população brasileira pelos mais variados motivos não tenha acesso a leitura de escritos esclarecedores como este.

  42. Itaci Mattos Silvio
    Itaci Mattos Silvio

    Excelente, Ana, aguardo ansiosamente o próximo “episódio”.

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