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Foto: Shutterstock
Edição 182

O país da chuva

Naquela noite nos saciávamos com vinho; um dia nossa sede será saciada com justiça

Roberto Motta

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Um forte sistema de alta pressão atmosférica, de origem polar, se formou durante vários dias ao longo da costa sul brasileira. Enquanto as pessoas cuidavam de suas vidas, o sistema crescia, até que atingiu o litoral, trazendo ventos fortes, chuvas e ressaca. Um barco pesqueiro com oito tripulantes virou no litoral de Santa Catarina, e dois pescadores permaneciam desaparecidos. O sistema então subiu o país, empurrando à sua frente uma massa de ar extremamente quente. A onda de calor fez os termômetros baterem 34 graus em São Paulo e quase 40 graus no Rio. Parecia que alguém tinha aberto a porta de um forno que derramava seu ar quente sobre as pessoas.

No Rio, multidões ocuparam as praias. Andar um quarteirão tornou-se prova de resistência. As pessoas entreolhavam-se, sem conseguir se lembrar de uma sequência de dias tão quentes. Até que, na tarde de uma quinta-feira, entrou um vento terral que encapelou o mar e depois girou, passando a vir de sudoeste e trazendo muitas nuvens. De madrugada a frente fria chegou, derrubando as temperaturas e despejando chuva sobre a cidade. 

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