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Foto: Shutterstock
Edição 182

Opioides: quando o alívio da dor é fatal

Como os Estados Unidos enfrentam a crise de opioides e quais são os sinais de alerta para o Brasil

Paula Leal

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O que o ator Heath Ledger, o cantor Prince e o lutador Stephan Bonnar têm em comum? Todos tiveram a vida encurtada pelo abuso de opioides. Usados para tratar dores graves, como as causadas por câncer, grandes queimaduras ou traumatismos, esses medicamentos já mataram cerca de 1 milhão de pessoas nas duas últimas décadas nos Estados Unidos. Os opioides são assim chamados por derivarem de uma espécie de papoula, a flor usada para fazer ópio e heroína. Os Estados Unidos estão afundados numa crise sanitária pelo uso abusivo dessas substâncias há pelo menos 20 anos. Calcula-se que, a cada sete minutos, uma pessoa morra por overdose ligada a opioide nos Estados Unidos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) estima que mais de 100 mil pessoas morreram por overdose de drogas no ano passado. Entre essas mortes, cerca de 75 mil foram provocadas por fentanil, um analgésico e anestésico que supera em até 50 vezes a heroína e é cem vezes mais potente que a morfina. Mas, se são assim tão perigosos, como é possível encontrá-los à disposição nas prateleiras de qualquer farmácia?

O fascínio pelas drogas é tão antigo quanto a própria história da humanidade. Dos sumérios aos egípcios, a papoula era conhecida como a “planta da alegria”, usada também para sedação e alívio da dor. Gregos e romanos usavam a substância. Em Odisseia, de Homero, Helena de Troia dá a Telêmaco uma droga chamada nepente, para amainar a dor. Tratava-se de um coquetel de ópio. No século 19, os ingleses viciaram em ópio milhões de chineses. O problema levou a duas guerras entre China e Inglaterra, ambas vencidas pelos britânicos. Por volta do ano 1806, o alemão Friedrich Sertürner conseguiu isolar um ingrediente ativo do ópio e descobriu a morfina — batizada por seu criador de morphium, em homenagem ao deus grego do sono. Na Guerra Civil Americana, em 1861, e mais tarde, nas duas Grandes Guerras, a morfina foi amplamente usada por soldados feridos em combate. 

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