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Edição 199

O ataque totalitário às famílias

No Brasil, representantes do regime ditatorial em curso avançam sobre a autonomia das famílias e insistem em impor às crianças a vacinação obrigatória contra a covid-19

Flávio Gordon
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“A família era o primeiro campo de batalha dos bolcheviques. Nos anos 1920, eles tinham por artigo de fé que a ‘família burguesa’ era socialmente danosa: autocentrada e conservadora, era vista como um reduto de religião, superstição, ignorância e preconceito; estimularia o egoísmo e o consumismo, oprimindo mulheres e crianças. Os bolcheviques esperavam que a família desaparecesse à medida que a Rússia soviética se tornasse um sistema socialista pleno…”
(Orlando Figes, Sussurros: A Vida Privada na Rússia de Stalin)

Publicado em 30 de novembro no European Journal of Clinical Investigation, um estudo austríaco confirma dados que outros estudos já haviam sugerido sobre a vacinação contra a covid-19. Com coautoria de pesquisadores da Universidade de Medicina de Graz em colaboração com a agência austríaca de vigilância sanitária, e intitulado Effectiveness of a fourth SARS-CoV-2 vaccine dose in previously infected individuals from Austria, o estudo pretendia avaliar a eficácia da quarta dose da vacina em pessoas previamente infectadas pelo novo coronavírus. Com base em dados coletados no país entre novembro e dezembro de 2022, a pesquisa abrangeu mais de 3 milhões de indivíduos, dos quais apenas uma pequena porcentagem recebera a quarta dose. Suas conclusões principais foram as seguintes: 1) pessoas que tomaram a quarta dose de vacina contra a covid-19 têm sete vezes mais risco de pegar a doença do que os não vacinados; 2) a mortalidade das que tomaram a quarta dose foi 300% maior do que a de não vacinados; 3) em comparação com quem tomou três doses, a quarta dose não reduziu o risco de contaminação ou morte por covid-19.

Como foi dito acima, desconfianças em relação à eficácia e à segurança das terapias experimentais contra a covid-19 já vinham sendo levantadas por médicos, epidemiologistas e instituições de saúde mundo afora, pelo menos desde 2021. No Reino Unido, por exemplo, dados divulgados pela UK Health Security Agency em fevereiro de 2022 indicavam um risco considerável de que, além de aumentarem a probabilidade de infecção (contrariando a propaganda oficial do lobby vacinal), as doses extras (booster doses) da vacina pudessem provocar o efeito antibody-dependent enhancement, conhecido pela sigla ADE. Os dados sugeriam que o risco aumentava proporcionalmente à quantidade de booster doses recebidas, hipótese consistente com o alerta feito um mês antes pela European Medicines Agency (EMA), a agência de vigilância sanitária da União Europeia, conforme então noticiado por Oeste.

covid vacina obrigatória saúde | A ministra da Saúde, Nísia Trindade, defende a vacina obrigatória contra Covid-19 | Foto: Reprodução/YouTube/Câmara dos Deputados
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, defende a vacina obrigatória contra a covid-19 | Foto: Reprodução/YouTube/Câmara dos Deputados

De acordo com o portal de medicina PebMed, o que se entende por ADE é “a intensificação da síndrome infecciosa decorrente de novas exposições aos antígenos do patógeno (previamente infectante ou pela vacinação) de uma forma dependente dos anticorpos, não neutralizantes ou subneutralizantes, induzidos em cada novo contato. Esses anticorpos são capazes de se ligar à partícula viral, mas não bloqueiam ou permitem a eliminação da infecção. Ao contrário, facilitam a infecção viral (…) Esses mecanismos podem induzir a apoptose de células imunes, o que leva ao desenvolvimento de linfopenia de células T e à cascata inflamatória (a tempestade de citocinas)”.

Na época, o veículo alternativo The Exposé, com base em dados oficiais, sugeriu que a imunidade dos britânicos triplamente vacinados parecia estar decaindo drasticamente em comparação com a dos não vacinados, a ponto de haver o risco de que essas pessoas desenvolvessem uma nova forma de síndrome da imunodeficiência adquirida (ou, simplesmente, aids). Essa, aliás, era a tese do falecido virologista Luc Montagnier, Prêmio Nobel de Medicina e descobridor do vírus da aids. Em discurso proferido no Parlamento de Luxemburgo em janeiro de 2022, ele afirmou que as vacinas de mRNA eram, na verdade, “um veneno”.

Também em janeiro de 2022, um grupo formado por dezenas de médicos, cientistas e parlamentares britânicos enviara ao Joint Committee on Vaccination and Immunisation (JCVI), do Reino Unido, uma carta solicitando a interrupção da vacinação em crianças saudáveis, em relação às quais, segundo os signatários, os riscos da vacina superam em muito os benefícios. Assinado por congressistas como Miriam Cates, Esther McVey e Desmond Swayne, e por cientistas médicos como Allyson Pollock, Roland Salmon e Brent Taylor, o documento afirmava taxativamente que a relação risco-benefício “piorou muito desde setembro de 2021”, quando a vacinação infantil foi aprovada pelo governo britânico, contrariando uma recomendação prévia do próprio JCVI.

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Os autores da carta argumentavam que o cálculo de risco-benefício pelo chief medical officer (CMO) para a aprovação recorrera a “dados muito incompletos sobre riscos e benefícios de vacinar crianças”, sobretudo se comparados às evidências posteriormente disponíveis. Dentre essas evidências, mencionavam-se estudos demostrando que, para homens jovens e meninos, o risco de miocardite seria 14 vezes maior após a vacinação contra a covid-19 do que após a contração da doença. Levando-se em conta o alto nível de imunidade natural adquirida com a infecção, e o surgimento da variante mais branda ômicron, os especialistas alertavam: “Se vamos mesmo seguir com a dupla vacinação em massa de crianças saudáveis, devemos estar absolutamente certos de que essa política fará mais bem do que mal”. E a conclusão recomendava que o JCVI considerasse as novas evidências e orientasse o governo sobre a vacinação em massa de crianças saudáveis entre 12 e 15 anos de idade. A vacinação de crianças abaixo de 12 anos nem sequer era considerada. Na época, um dos signatários da carta, o respeitado infectologista Brent Taylor, declarou o seguinte:

“O JCVI fez uma recomendação muito sensata e digna de aplausos quando, em setembro, comunicou ao governo ser contrário à vacinação em massa de crianças saudáveis. O comitê estava justamente preocupado com os danos potenciais desconhecidos das novas vacinas, em particular a miocardite. Desde a incompreensível decisão do CMO de ignorar esse conselho, segundas doses vêm sendo oferecidas às crianças, a despeito de novas evidências sobre o risco de miocardite e, o mais preocupante, sobre a frequência, sobretudo após a segunda dose. Os últimos dados do CDC registram taxas elevadas de miocardite pós-vacinal em jovens do sexo masculino com idade entre 12 e 15 anos, de 2,5 a 24 vezes maiores nos sete dias subsequentes à primeira dose, e de 24 a 228 vezes maiores nos sete dias subsequentes à segunda dose. Portanto, embora os riscos absolutos sejam ainda pequenos, não podem ser descritos como triviais, e o risco absoluto da covid-19 para crianças saudáveis é irrisório. Ademais, as vacinas não impedem nem contágio nem transmissão, e muitas crianças adquirirão uma prolongada e robusta imunidade natural pós-infecção. Assim, temo que a vacinação em massa de crianças saudáveis não se baseie em evidências sólidas. Está na hora de o JCVI, o CMO e o governo revisarem todos os dados hoje disponíveis e alterarem sua recomendação.”

Note-se que os signatários da carta falavam o tempo todo em novas evidências sobre efeitos colaterais das vacinas, sobretudo as experimentais, com nova tecnologia de mRNA. Com efeito, já havia na ocasião uma considerável massa crítica acumulada de novos estudos sobre o assunto. Não por acaso, os mais de 17 mil médicos e cientistas signatários da Declaração dos Médicos — documento concebido em reação à estúpida covidocracia que tomou conta do planeta desde 2020 — resolveram atualizar o documento e incluir uma contundente e direta recomendação às autoridades responsáveis pelas políticas de combate à covid-19: “Crianças saudáveis não devem ser submetidas à vacinação forçada”. 

No Brasil, os representantes do regime ditatorial em curso, avançando sobre a autonomia das famílias (sobretudo das mais pobres e dependentes de benefícios estatais), insistem em impor às crianças a vacinação obrigatória contra a covid-19, demonstrando com isso que a saúde pública não passa de um pretexto para o controle totalitário da vida dos indivíduos

Para concluí-lo, basta um exame honesto nos dados e um pouco de bom senso, tudo de que os lobistas da vacina e os covidocratas fogem como o diabo da cruz. E o que os dados e o bom senso levam a concluir é que: 1) em pessoas menores de 18 anos, os riscos clínicos atrelados à infecção pelo Sars-CoV-2 são baixíssimos; 2) a segurança de longo prazo da vacinação em crianças ainda não foi adequadamente estimada; 3) as crianças estão sujeitas ao risco já demonstrado de efeitos adversos graves decorrentes das vacinas, incluindo danos permanentes ao cérebro, ao coração e aos sistemas imunológico e reprodutivo; 4) crianças saudáveis e não vacinadas são peças cruciais para a aquisição da imunidade de rebanho (que, como vimos, é prejudicada pelo acúmulo de booster doses).

É por isso que, no mundo todo, ninguém teve a ideia estúpida de tornar obrigatória para crianças a vacinação experimental contra a covid-19. Aliás, nos países que respeitam a autonomia individual dos cidadãos, e que não os tratam como propriedade estatal, a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 ou jamais foi adotada ou, caso tenha sido no auge da crise, já foi abolida. Recordemos, por exemplo, o caso do Japão. 

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Em dezembro de 2021, o Ministério da Saúde do país exigiu das farmacêuticas produtoras de vacinas de RNA mensageiro — notadamente a Pfizer e a Moderna — a inclusão em sua bula de um alerta claro sobre o risco de miocardite e pericardite como possíveis efeitos colaterais graves da inoculação das substâncias experimentais. O órgão também afirmou o seu compromisso de garantir que todos os efeitos colaterais potenciais sejam documentados. Ademais, as autoridades japonesas destacaram a necessidade absoluta de consentimento por parte dos candidatos ao experimento vacinal, um princípio de direitos humanos que, até a pandemia, era tido como inquestionável nas democracias ocidentais, estando consagrado em documentos como o Código de Nuremberg, de 1947, e a Declaração de Helsinque, de 1964. 

“Embora recomendemos que todos os cidadãos se vacinem contra a covid-19, a vacinação não é compulsória ou obrigatória” — dizia o site do Ministério da Saúde do Japão. “A vacina deverá ser aplicada apenas com o consentimento da pessoa a ser vacinada, desde que devidamente informada. Favor só se vacinar por decisão própria, estando ciente tanto da eficácia na prevenção de doenças infecciosas quanto do risco de efeitos colaterais. Nenhuma vacina será aplicada sem consentimento. Favor não impor a vacinação a ninguém em seu local de trabalho ou ao seu redor, e não discriminar os não vacinados.”

Eis um Estado que respeita os direitos individuais e não trata os cidadãos como gado. É precisamente o contrário do que acontece no Brasil, onde os representantes do regime ditatorial em curso, avançando sobre a autonomia das famílias (sobretudo das mais pobres e dependentes de benefícios estatais), insistem em impor às crianças a vacinação obrigatória contra a covid-19, demonstrando com isso que a saúde pública — como, de resto, todos os assuntos de interesse coletivo — não passa de um pretexto para o controle totalitário da vida dos indivíduos. Além de terem violado direitos pessoais elementares, como o de ir e vir, o de trabalhar e o de propriedade sobre o próprio corpo, os renitentes covidocratas brasileiros levaram a sua tara por controle ao paroxismo, ao pretenderem retirar dos pais a prerrogativa de decidir se os filhos devem ou não se submeter ao experimento vacinal. Na contramão do resto do mundo, e justo no momento em que vários estudos sugerem que a vacinação em crianças traz mais riscos do que benefícios, os tiranos e sua imprensa amestrada querem “correr para vacinar as crianças contra a covid”. Por quê? Não se sabe. Só consigo pensar no perene sonho totalitário, tão bem manifesto por Lilina Zinoviev, precursora da educação soviética: “Obrigar as mães a entregarem seus filhos ao Estado — eis nossa tarefa”. Na equação totalitária, a criança entra como o meio; e o controle sobre a família, como o fim.

Leia também “Falta de clareza moral”

8 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    A ministra Ni$ia Trindade, com S sifrão, adora os volumosos recursos para a saúde, quanto mais melhor. A saúde da população é o de menos para ela e sua quadrilha.

  2. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    O desgoverno quer adoecer as nossas crianças.

  3. Francisco Cerqueira
    Francisco Cerqueira

    Flávio Gordon, mesmo sem nenhuma formação acadêmica nas áreas biológicas, explicou melhor sobre o criminoso ato do Ministério da Doença da socióloga lulista Nísia Trindade do que muitos doutores renomados das Universidades Federais do Brasil. Que inteligência extraordinária esta do colunista da Oeste! Parabéns!

  4. Maki K
    Maki K

    Quanto ao Japão, o governo pode até ter feito estas exigências, mas o Japão é um país peculiar onde a vigilância e pressão de povo para com o povo funciona. Lei pode não existir, para a obrigatoriedade, mas muitos já estão na SÉTIMA d0se. A “empatia” por “coletivismo” por lá funciona como uma das condições número UM para a sobrevivência na sociedade coletivista. O governo, decidiu durante estes tempos que o povo pela primeira vez terá uma espécie de RG o povo nunca teve. De forma digital e só assim, poderá ter direitos a serviços de saúde.
    As mídias velhas de lá controlam de forma coordenada a mente da maioria do povo de forma escandalosa, e uma boa parte do povo age de forma mecânica sem questionamentos. Se é que existe um país onde a distopia começou há muito tempo, acreditando que com a queda do Muro de Berlim, a a ameaça vermelha acabou mundialmente, é o Japão. Dou muito valor ao Flávio Gordon, mas muito cuidado à esse tipo de descrição sobre o outro lado do Mundo que mal se conhece, o que estou vendo em cheia. A democracia no Japão, na verdade, não são lá essas coisas. ( E através das mídias velhas, os japoneses pensam que o Brasil atual vive as mil maravilhas tmb.Tudo em PAZ e democracia plena…)

  5. Maria Lucia Benevides de Schueler
    Maria Lucia Benevides de Schueler

    Texto riquíssimo! Parabéns! Espero q os pais o leiam com atenção.

  6. Fausto Fontes
    Fausto Fontes

    VACINA OBRIGATÓRIA É CRIME, NÃO CACINEM SEUS FILHOS, OS INFECTOLOGISTAS ORIENTAM QUE AS CRIANÇAS NÃO CORREM RISCOS E QUE A VACINA É PERIGOSA.

  7. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    É bom preparar um milhão de doses de cloreto de potássio e estriquinina pra aplicar nos poderes executivo judiciário e legislativo

  8. Fernando Oliveira
    Fernando Oliveira

    Caro Flávio G., espero que esteja aproveitando suas merecidas férias. Sobre as vacinas (multi-doses) de COVID-19, já instalei uma guerra dentro de casa para não vacinar minha filha de 5 anos. Pois, sabemos que para o governo brasileiro as “eviden$$ias” são muito volumosas. Espero e rezo para que consigamos reverter. Forte abraço, meu caro.

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