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José Genoino, ex-presidente do PT | Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados
Edição 201

A esquerda antissemita

Ex-presidente do PT, José Genoino prega boicote a judeus e mostra que, no Brasil, racismo só é crime se for contra a esquerda

Silvio Navarro
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Em outubro do ano passado, dez dias depois do ataque terrorista do Hamas a Israel, a reportagem de capa da edição 187 de Oeste mostrou que o veneno antissemita havia se espalhado pelo mundo. “A esquerda mundial, como o PT, se uniu para acusar Israel de ter reagido aos atos de barbárie que sofreu”, dizia o texto de J.R. Guzzo. Passados mais de três meses da guerra em curso no Oriente Médio, o racismo contra o povo judeu se tornou cada vez mais explícito — e, cruelmente, tolerado — pelos chamados “progressistas” nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, não é diferente: o antissemitismo faz parte da cartilha da esquerda.

O episódio mais recente ocorreu numa live, feita no sábado 20, pelo site Diário do Centro do Mundo, com a presença do ex-presidente do PT José Genoino. Ao comentar a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas, ele defendeu o boicote a “empresas de judeus”. Genoino disse exatamente o seguinte: 

“Acho interessante essa ideia da rejeição, essa ideia do boicote por motivos políticos que ferem interesses econômicos, é uma forma interessante. Inclusive tem esse boicote em relação a determinadas empresas de judeus. Há, por exemplo, boicote a empresas vinculadas ao Estado de Israel. Inclusive, acho que o Brasil deveria cortar as relações comerciais, na área da segurança e na área militar com o Estado de Israel.”

YouTube video

A reação de entidades israelitas foi imediata por dois motivos. O primeiro: antissemitismo é crime no país, segundo o artigo 20 da Lei nº 7.716, de 1989. “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, diz o texto. Pena: reclusão de um a três anos e multa. Ou seja, a declaração de Genoino, disponível na internet, deve ser apurada como crime previsto em lei.

“A fala de Genoino, sem conhecimento dos benefícios dessa relação comercial, é também contrária aos interesses do Brasil e da população brasileira. Trata-se de dois países democráticos, independentes, com benefícios comerciais recíprocos.”
(Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria)

Outro ponto é que não se trata de uma manifestação “antissionista” — de alguém que se opõe ao Estado de Israel. O petista prega boicote a “empresas de judeus”. A fala ignóbil remete a um dos períodos mais sombrios do século passado, porque o estrangulamento de empresas e do comércio de judeus na Alemanha marcou o início do nazismo de Adolf Hitler. O resultado foi o Holocausto.

A Federação Israelita do Estado de São Paulo disse que o discurso “flerta com o nazismo”. Deputados em Brasília e na Assembleia Legislativa de São Paulo apresentaram notícia-crime ao Ministério Público Federal e Estadual. Genoino não pediu desculpas até agora.

“A Conib, mais uma vez, apela às lideranças políticas brasileiras para que atuem com moderação e equilíbrio diante do trágico conflito no Oriente Médio, pois suas falas extremadas e em desacordo com a tradição da política externa brasileira podem importar as tensões daquela região ao nosso país.”
(Confederação Israelita do Brasil)

Governo antissemita

Apesar das tentativas de parlamentares e entidades para buscar a Justiça contra crimes de racismo, uma pergunta é inquietante: por que militantes como Genoino se sentem hoje tão à vontade para atacar judeus? A sensação de impunidade começa nas falas do presidente da República. Lula e a diplomacia brasileira dão respaldo a esse tipo de manifestação.

Lula atacou Israel no ano passado, antes da barbárie de outubro. Em solo espanhol, ele resgatou uma cantilena ideológica da esquerda, sem amparo histórico, no dia em que se comemorava a Independência de Israel. “A ONU [Organização das Nações Unidas] era tão forte que, em 1948, conseguiu criar o Estado de Israel. Em 2023, não consegue criar o Estado Palestino.”

Houve mal-estar, mas era só o começo. Lula nunca chamou o Hamas pelo que é: terrorista. Pelo contrário, o petista tentou, em vários pronunciamentos, buscar equidade entre o grupo criminoso e o Exército de Israel, que defende a existência do seu Estado constituído — a única democracia na região. 

Em outubro, mês do banho de sangue em Israel, quis o destino que o Brasil estivesse no comando do Conselho de Segurança da ONU. Desde 2003, Lula pleiteia que o país tenha um assento fixo no colegiado. A diplomacia brasileira, contudo, perdeu a chance de se alinhar a países que defendem valores do Ocidente, como os Estados Unidos, e teve sua resolução sobre a guerra vetada. Foi um vexame mundial.

Mas a posição do presidente serviu de comando para uma série de disparos contra judeus, pelo PT e por partidos-satélites, aqui no Brasil. Lula acusou o governo israelense de promover um genocídio na Faixa de Gaza. “Israel joga bomba onde tem crianças, onde tem hospital, a pretexto de que um terrorista está lá, não tem explicação”, disse no fim do ano.

O petista atiçou a militância ao afirmar que o Exército de Israel promoveu uma chacina, especificamente, contra crianças — um disparate, já que bebês foram degolados pelo Hamas, e outros seguem seus reféns. De novo, a esquerda acolheu e espalhou a estatística mentirosa dos terroristas, que apontou a morte de 4 mil crianças em ataques fake a hospitais. 

Um caso acabou desmascarando a máquina de propaganda do Hamas, difundida sem nenhuma preocupação pelas redações e agências de checagem: a destruição de um hospital em Gaza pela artilharia aérea israelense. A informação foi desmentida na mesma semana com imagens de drones israelenses e uma conversa interceptada entre terroristas. No diálogo, um criminoso afirma que era, na verdade, um foguete lançado pelo próprio Hamas, que atingiu um estacionamento próximo ao hospital — o número de mortos, e se houve mortos, nem sequer foi mencionado.

Paralelamente, petistas instalados em órgãos do governo federal foram demitidos porque publicaram mensagens racistas nas redes sociais, entre eles o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle. Ministros como Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania) tiraram fotos ao lado de um apoiador do Hamas e do Hezbollah no Brasil, conhecido como Sayid Tenório, ligado ao PCdoB do Maranhão.

Sayid Tenorio Alexandre Padilha
Alexandre Padilha (ao centro), ministro das Relações Institucionais, recebe Sayid Tenório (à direita), apoiador do Hamas, no Palácio do Planalto (5/10/2023) | Foto: Reprodução/Instagram
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Passeatas pró-Hamas

Militantes de siglas de esquerda, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sindicalistas e estudantes grisalhos filiados ao PCO, PSTU e Psol se misturaram em passeatas a céu aberto, a favor do Hamas, na Avenida Paulista e nos campi de universidades públicas. Até o padre Júlio Lancellotti — agora às voltas com investigações sobre pornografia com um menor — compareceu a uma delas. Não demorou para aparecerem camisetas à venda do Hamas e do Hezbollah — grupo terrorista libanês — em tendas improvisadas no vão do Masp, na capital paulista.

A desculpa-padrão é que as manifestações foram convocadas a favor da criação do território da Palestina. Ou ainda em defesa do cessar-fogo na Faixa de Gaza. Mas o que explica a criação de marchinhas, como blocos carnavalescos, a favor do Hamas? Ou bandeiras de Israel incendiadas?

Do alto de um carro de som, Rui Pimenta, dirigente do PCO, chamou os terroristas de “companheiros” num domingo de sol. “Os companheiros disseram: ‘Vocês que ainda não lutam, não chorem por nós. Nós ainda estamos vivos, e vocês estão mortos por dentro’. Os palestinos estão vivos porque lutam, porque têm coragem, porque enfrentam Israel. Nós temos que estar vivos e lutar e ter coragem de enfrentar Israel”, afirmou.

O principal responsável pela política antissemita nos governos do PT é o assessor internacional Celso Amorim, que já ocupou o posto de chanceler no passado. Amorim é entusiasta ferrenho da causa palestina — o que é legítimo, mas o Hamas não é “o governo da Palestina”. Recentemente, o assessor de Lula foi autor do prefácio do livro Engajando o Mundo: A Construção da Política Externa do Hamas, de Daud Abdullah (Memo Editora, 2023). Nas páginas, ele não cita os mísseis do Hamas contra Israel, mas o que chama de “dimensão internacional” do grupo criminoso e os “esforços diplomáticos e as alianças globais no papel central na restauração dos direitos palestinos”.

Capas dos livros Engajando o Mundo: A Construção da Política Externa do Hamas, de Daud Abdullah, e Judeus Não Contam, de David Baddiel | Foto: Divulgação


Em outro livro, também recente, intitulado Judeus Não Contam (Avis Rara, 2023), o britânico David Baddiel narra — com a lucidez que falta ao PT — que, ao longo da História, o antissemitismo se repete no mundo. O autor afirma que os judeus, vítimas do racismo original, atualmente são ignorados pela esquerda contemporânea, justamente a que diz defender as minorias. Mas, no Brasil, não se trata mais de hipocrisia, ignorância juvenil ou ideologia. O antissemitismo precisa ser investigado como caso de polícia.

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14 comentários
  1. JAIME KOPSTEIN
    JAIME KOPSTEIN

    Esse gigante moral quer reeditar no Brasil a Kristallnacht de 1938 em Berlim e Viena. Lojas de judeus foram bloqueadas, saqueadas, depredadas, pintadas com dizees antissemiras, sob os olhares divertidos da popylação e da……polícia.

  2. CARLOS FLORESTA DE OLIVEIRA
    CARLOS FLORESTA DE OLIVEIRA

    Esse pobre coitado do Genuino, só não come grama, porque os ” beiços de burro ” são curtos, ele como o irmão são o retrato do PT, um ANALFABETO, um BURRO e um RATO DE DOLARES.

  3. Daniel BG
    Daniel BG

    O combate à bandidagem no Brasil só pode ter significado de uma grande sátira de mau gosto. Urnas fraudadas, Forças Armadas como um pavio molhado, a maioria do STF que é mentirosa (com uma estrela, um hipopótamo que foi eleito pelo ladrão como o 1⁰ comunista no STF – como se fosse só ele), o presidente da Câmara dos Deputados tem o cargo pelo favor que presta a toda essa sujeira. E tudo dito acima de encaixa na falácia de um inquérito imbecil criado por outro, as fake news. Nem para dizer INQUÉRITO DAS NOTÍCIAS FALSAS foi capaz de ter a modéstia.
    Outro prisioneiro de igual modéstia, esse Genoino, tem a exata articulação intelectual denunciada pela Federação Israelita do Estado de São Paulo: “flerta com o nazismo”.
    E, mesmo não sendo Bolsonarista, tenho de concordar que culpam Bolsonaro por isso também. Afinal “ele é nazista consagrado”.
    É, a “estrela brilha” (podemos chamar de pentagrama) e nós, manés, vamos pagando a conta.

  4. Marcos de Mendonça Silva
    Marcos de Mendonça Silva

    Ato Democracia Inabalada, no Salão Negro do Congresso Nacional, em Brasília. Nossos nobres parlamentares progressistas terão que mudar o nome desse local, que está cheio de racismo estrutural.

  5. Mario Hugo Ladeira Filho
    Mario Hugo Ladeira Filho

    Esse cara, entregou seus companheiros de guerrilha.
    Não presta, desde criancinha.
    Não tem relevância nenhuma e às vezes fala um absurdo pra alguém lembrar que ele existe.
    Pode falar o que quiser que, o que sai de sua boca não tem uma palavra que é chave em um homem.
    Credibilidade.

    1. Carlos Eduardo F. Rezende
      Carlos Eduardo F. Rezende

      Voce escreveu exatamente o que eu ia postar. Só faltou mencionar o irmãozinho “do dólar na cueca”, pelo jeito o problema é genético, não saiu nada que preste.

  6. Eronilde Santos
    Eronilde Santos

    Grande Silvio Navarro. Belo artigo

  7. Mauro Braz Rocha
    Mauro Braz Rocha

    Até agora não vi o Supremo-Tribunal-de-Favores (STF) dar 24 horas para o Genuíno-Imbecil-Facista-terrorista-extrema-esquerda se explicar

  8. Alcione Magalhães Ferreira
    Alcione Magalhães Ferreira

    Silvio,boa tarde.Como sempre,com uma memória invejável,nos informa,nos ensina,nos alerta.

  9. Helder Gouveia
    Helder Gouveia

    Fico a imaginar se a MULHER ISRAELENSE retirada da viatura por terroristas fosse a filha desse covarde. Lembro vagamente do noticiário em que ele saiu de cena na iminência de ser investigado por corrupção amparado pelos braços da filha por estar a sofrer males do coração, Hoje retorna rejuvenescido de forma a por em chek sua real situação de saúde daqueles dias às vésperas de explicar-se à justiça. Esse covarde é o terrorista mais conhecido do movimento armado chulapa ocorrido na serra do cachimbo, sul do Pará, salvo engano, conhecido como guerrilha do Araguaia. Esse grupo de vagabundos covardes foi descoberto ao revelar sua presença, auto denuciando-se, para militares do exército em EXERCÍCIO na região.
    Certamente, esse covarde teria entendimento diferente se sua filhinha tivesse sido currada no ânus até sangrar, ou talvez ter seus netos mortos ou decapitados ou sequestrados em mãos se seus irmãos do HAMAS.

    TODA ESSA ESCÓRIA DE COVARDES NÃO SOFREU UM NANOMETRO DO QUE O POVO JUDEU JÁ SOFREU.

    C O V A R D E S!

  10. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    José Genoino é mais uma peça da quadrilha petista. Não tem nada que saia de bom da mente desta criatura.

  11. izeltia sabadin
    izeltia sabadin

    E os senadores judeus ficam de braços cruzados.

  12. Eurico Schwinden
    Eurico Schwinden

    Todos os petistas são anti-semitas, desde a fundação do partido. As ‘únicas alianças internacionais feitas num congresso em Paris foi com a Siiria e Líbia, com visto de Genoíno e Pomar.

  13. Apolinário de Almeida
    Apolinário de Almeida

    Primeiro, querer achar preocupações éticas nas ações da esquerda, além de perda de tempo é ignorância da essência do movimento comunista. Segundo, o duplo padrão, modus operandi da esquerda (identificado explicitado por George Orwell, explicita muito bem como funciona a mente esquerdista, seus bloqueios cognitivos e sua malícia em manipular conceitos e a opinião pública. Portanto, esse canalha, assim como seus outros comparsas de ideologia, sempre foram antissemitas, apenas estavam esperando um mote para eclodir todo seu ódio antissemita e mostrar suas verdadeiras faces de neo nazistas.

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