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Nísia Trindade, ministra da Saúde, e presidente Lula | Foto: Montagem Revista Oeste/Marcelo Camargo/Agência Brasil/Ricardo Stuckert/PR/Shutterstock
Edição 201

A política de saúde do governo federal é uma farsa

Denúncias contra Nísia Trindade, aumento no número de mortes pela dengue, falta de vacinas para a doença e oficinas woke mostram que o Ministério quer apenas lacrar

Cristyan Costa
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“Um período de obscurantismo e negação da ciência e da cultura. O bolsonarismo implementou uma agenda conservadora e negacionista da ciência.” Assim se referiu ao governo Jair Bolsonaro a socióloga Nísia Trindade, até então recém-indicada ao Ministério da Saúde, por Lula. Como presidente da Fiocruz durante a gestão anterior, não poupou críticas às estratégias de enfrentamento do novo coronavírus adotadas pelo Planalto e à suposta demora na aquisição de vacinas contra a enfermidade. Já na cadeira de ministra, afirmou que a covid-19 poderia ter matado menos se Bolsonaro tivesse respeitado a ciência. Um ano depois dos ataques recorrentes ao ex-presidente, contudo, os dados mostram que a administração de Nísia não vai nada bem.

A informação mais gritante diz respeito a 2023. Isso porque, no ano passado, o Brasil bateu recorde de mortes por dengue. De acordo com um levantamento do próprio governo federal, 1.094 pessoas perderam a vida em virtude da doença. O recorde mais recente era de 2022, com 1.053 óbitos (houve crescimento de 3,89%, se comparado ao ano anterior). Para se ter ideia da dimensão da crise, em 2000, início da série histórica, o país registrou quatro mortes, em três Estados: Minas Gerais (2), Espírito Santo (1) e Goiás (1).

Não só as mortes aumentaram mas também os casos de infecção. Durante a gestão de Nísia, mais de 1,6 milhão de pessoas se contaminaram com a doença, alta de 17% em relação a 2022. Além disso, a projeção para 2024 é de 5 milhões de casos. “Temos uma estimativa de que a Região Centro-Oeste ficará num nível epidêmico, porque muita gente lá não teve a doença — por uma circulação menor do vírus —, principalmente as crianças e os idosos, grupos que nos preocupam”, disse Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde do Ministério, durante uma coletiva de imprensa realizada em dezembro. “O Sudeste tem alerta especial para Minas Gerais e Espírito Santo, com potencial epidêmico. O Paraná tem potencial muito alto, e o Nordeste vai aumentar, porém as nossas modelagens indicam que ficará abaixo do limiar epidêmico. Seguiremos monitorando essa situação.”

Para complicar a situação, durante uma palestra em Davos, Nísia revelou que o Brasil tem apenas 5 milhões de doses da vacina contra a dengue. A quantidade é suficiente para imunizar apenas 1,1% da população. Sem dar muitos detalhes, a ministra da Saúde disse contar com uma “doação” para dar conta do recado. A ministra informou ainda que a imunização começará no mês que vem. “Estamos recomendando as estratégias de controle”, minimizou Nísia. “Já identificamos que 75% da transmissão da doença ocorre dentro das casas ou no entorno delas. Então, o controle dos vetores é importantíssimo para isso.”

Eder Gatti, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, fez um diagnóstico desanimador. Segundo ele, a vacinação de todos os brasileiros contra a dengue até o fim do governo Lula é inviável. Gatti debitou a culpa do fracasso na conta dos fabricantes do produto. “Por enquanto, a vacinação de todos nesta gestão é algo inviável para a capacidade produtiva dos laboratórios com que contamos hoje”, admitiu. “Reforço que não é por falta de interesse do Ministério. É uma limitação de entrega.” Gatti disse também que acredita nos estudos desenvolvidos pelo Instituto Butantã, que trabalha numa vacina alternativa para a dengue. Espera-se, porém, que o imunizante fique pronto em 2025 e comece a ser distribuído em 2026, a depender da pesquisa.

“Em março de 2023, foi aprovada pela Anvisa uma nova vacina contra a dengue, a Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda”, lembrou o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga. “Com elevada eficácia, ela pode ser aplicada em pessoas entre 4 e 60 anos. Se houvesse uma ação mais eficiente e tempestiva do Ministério da Saúde para disponibilizar esse imunizante no Sistema Único de Saúde [SUS], teríamos um número bem menor de casos e óbitos.”

Nísia Trindade, ministra da Saúde, em Davos | Foto: Reprodução
Toma lá, dá cá

Em paralelo à má gestão de Nísia, há suspeita de favorecimento dos “amigos do rei”. Há duas semanas, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) pediu a investigação da nomeação do filho de Nísia, Márcio Sampaio, para o cargo de secretário da Cultura de Cabo Frio (RJ). Sampaio assumiu a cadeira um mês depois de o ministério da mãe enviar R$ 55 milhões ao município, no ano passado. O valor faz parte de um repasse a 14 cidades, cujo total era de pouco mais de R$ 100 milhões. Assim sendo, a maior fatia ficou com a gestão de Cabo Frio.

O subprocurador Lucas Furtado, do MPTCU, observou que, apesar dos recursos serem demandas de gestões anteriores, “causa espécie” que a nomeação e a liberação de verbas tenham um mês de intervalo entre si. A representação também chama atenção para o fato de Sampaio, que é músico, não ter experiência no setor público. “A nomeação se mostra controversa e passível de questionamento, no momento que ela se deu após a liberação de ‘gorda’ verba pelo ministério dirigido pela mãe do nomeado, em uma espécie de ‘toma lá, dá cá’, prática velha conhecida da política nacional”, argumentou Furtado.

A incompetência e o “jeitinho brasileiro” de Nísia não se restringem ao Ministério da Saúde. No início deste mês, o Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que, em dezembro de 2022, a Fiocruz, ainda sob o comando dela, adquiriu testes para a covid-19 com valores quase oito vezes maiores que os praticados na iniciativa privada. A aquisição de testes levou a um prejuízo de R$ 400 milhões aos cofres públicos. Auditores do TCU falaram em “sobrepreço” e detectaram irregularidades tanto na decisão que suspendeu a licitação quanto na contratação direta dos testes assinada com a Fiocruz. Conforme o TCU, a fundação comprou pelo menos 3 milhões de testes por R$ 19,40 cada. Na própria licitação que estava em curso, da qual participavam 35 empresas, havia oferta de testes pelo preço unitário de R$ 2,49. O valor fechado pela Fiocruz foi cerca de 700% superior ao menor preço ofertado na concorrência.

Muita ideologia e pouca ciência

Ao assumir o Ministério, Nísia já deu sinais de como seria o comando da pasta ao prometer a revogação de notas técnicas que “ofendem a ciência, os direitos humanos e os direitos sexuais-reprodutivos”: muita ideologia e pouca ciência. Uma das normas derrubadas por ela tratava de programas de prevenção ao câncer. A justificativa do governo era a de que os documentos haviam sido aprovados sem consulta de organizações médicas. Poucos meses depois, anunciou a elaboração de uma nota técnica em apoio ao aborto, que dizia que “medidas para fortalecer as políticas e os serviços relacionados ao abortamento devem ter como base as necessidades sanitárias e os direitos das mulheres”.

Ao mesmo tempo que advoga pela “ciência”, o Ministério da Saúde do governo Lula promove eventos que discutem “igualdade de gênero”

Outra orientação ainda em estudo sob a gestão de Nísia tem a ver com a liberdade dos médicos. Durante uma entrevista, a ministra ameaçou punir profissionais da saúde por desinformação a respeito de vacinas, mas as alegações poderiam se estender a outros assuntos, como “medicamentos sem eficácia comprovada”. Esse termo sempre se referiu a remédios do chamado tratamento precoce, como hidroxicloroquina, azitromicina e zinco. “Condutas criminosas de médicos e de outras pessoas terão de ser punidas, pessoas que vão às redes falar absurdos, que as pessoas vão morrer se tomar a vacina ou ter alguma sequela”, disse a ministra, ao mencionar que servidores do Ministério da Saúde vão monitorar posts de médicos para avaliar se cabe algum tipo de penalização por supostas notícias falsas.

Ao mesmo tempo que advoga pela “ciência”, o Ministério da Saúde do governo Lula promove eventos que discutem “igualdade de gênero”. Em outubro de 2023, chamou a atenção uma performance na qual militantes LGBT+ dançaram uma música chamada Batcu, de autoria da drag queen Aretuza Lovi. O evento, que teve outras apresentações semelhantes com a presença de ativistas da causa gay, custou pouco mais de R$ 1 milhão aos pagadores de impostos. Só com a alimentação dos artistas chamados para falar sobre os temas, a pasta desembolsou R$ 170 mil, enquanto o gasto com a estrutura física de toda a cerimônia não saiu por menos de R$ 300 mil.

YouTube video

Neste ano, nada deve mudar. Há poucos dias, o Ministério da Saúde divulgou um post em homenagem aos “20 anos da visibilidade trans”, com nomes de pessoas relevantes para essa comunidade e “violações de direitos” desse público. A pasta também capitaneou uma campanha sobre o pós-parto, divulgada no último domingo no Instagram. O post mostra que a Saúde resolveu substituir a palavra “mãe” por “pessoa que pariu”. “Estima-se que o tempo médio do puerpério é de seis semanas, começando imediatamente após o parto do bebê”, informou a pasta. “Esse período pode ser variável de acordo com cada realidade, especialmente quando relacionado à amamentação. Nessa fase, a pessoa que pariu ou vivenciou uma perda gestacional está readequando a sua rotina à nova realidade.”

Foto: Reprodução/Redes Sociais

A publicação que trata do puerpério revoltou a Associação de Mulheres, Mães e Trabalhadoras do Brasil (Matria). “Há uma adesão total do governo atual a uma ‘cultura woke’ que privilegia demandas masculinas e desumaniza mulheres”, protestou a associação. “Não somos mais consideradas seres humanos do sexo feminino, mas, sim, uma ‘identidade’, uma ‘performance’, um conjunto de ‘estereótipos’ ou ‘intervenções estéticas’ que poderiam ser adotados por qualquer um.” O desabafo confirma que o Ministério da Saúde do governo Lula está preocupado apenas em lacrar.

Leia também “A negação da Justiça”

15 comentários
  1. solange de souza bueno
    solange de souza bueno

    SOCIÓLOGA MILITANTE EM UM MINISTÉRIO TÃO IMPORTANTE.PRECISAMOS QUESTIONAR MAIS .QUANDO PAZUELLO ASSUMIU O MINISTÉRIO A ESQUERDA BATIA 24 HORAS, POR SER MILITAR.CONSIDERANDO QUE ELE ERA MAIS PREPARADO,POIS, PELO MENOS DE LOGÍSTICA ENTENDIA.E AGORA?NÃO FAZEMOS NADA?

  2. carlos roberto de moura
    carlos roberto de moura

    Trocaram “mãe” por “pqp”, isto é, “pessoa que pariu”. Seguindo o ‘raciocínio’, “pai” será trocado por “pqi”, isto é, “pessoa que inseminou”?

  3. Vanessa Días da Silva
    Vanessa Días da Silva

    Cheguei a conclusão que esses que cursam faculdades de sociologia só almejam cargos públicos em nada ligados ao que supostamente ” estudaram” . FHC, Janja, Nisia…. Só bandidos a serviço de uma causa em detrimento da população.

    1. Antonio Saggese Netto
      Antonio Saggese Netto

      Corretíssimo.

  4. Reginaldo Silva dos Santos
    Reginaldo Silva dos Santos

    Essa estrume, que sequer é médica, é outra quadrilheira maldita. Ministério da saúde que apoia aborto, que apóia um bando de degenerados? Essa maldita é outra que pagará caro pelas atrocidades cometidas dentre do ministério da MORTE petralha!

  5. Jaime Moreira Filho
    Jaime Moreira Filho

    ESQUECI DE FALAR: SOCIOLOGIA NO BRASIL. Sociólogos formados pelas Universidades publicas são o que há de mais INTERESSANTES. Têm falas que pensamos ser de totalmente imbecis, iletrados, débeis mentais. Ficamos pensando como estudos superiores formam cabeças tão vazias ou tão ideologizadas negativamente. Um amigo diz com “muita” convicção que o AGRO vai acabar com o nosso país. Só perguntei a ele: Você um pouquinho de matemática? Veja a balança comercial do Brasil: exportações e importações. Veja quanto o Brasil importou de tudo e quanto exportou de tudo. Arranque o AGRO e veja o resultado. Mas parece que estamos falando com surdos. Esse mesmo caro diz que o SENAI – onde trabalhei por 12 anos e que considero das melhores instituições brasileiras – junto com o sistema S e Embrapa – que o SENAI é um escravizador de pobres em benefícios de ricos.. Difícil ouvir isto e NÃO ADIANTA DISCUTIR COLOCANDO ARGUMENTOS VERDADEIROS.

  6. Jaime Moreira Filho
    Jaime Moreira Filho

    Primeiramente o Ministério da Saúde precisa, para demonstrar sua eficiência, qualidade e “necessidade” ao país , deve mudar o nome: Ministério da Saúde Financeira de alguns Saudáveis. Um mínimo de conhecimento científico e histórico veRÁ que não se faz uma vacina em 3, 6 , 9 meses ou 1, 2 ,3 anos. Tudo COM estes tempos são TESTES. Covid foi um grande teste. Hoje temos nos EUA, Espanha, Inglaterra e outros países mais sérios fazendo exames dos mortos e OBRIGANDO indenizações a eles pela testagem que não deu certo. O que é correto. Ninguém pode ser cobaia sem saber que é cobaia. Ver Amarcord – filme. Malandragens da ministra não adianta falar: é praxe nas “40 ” quadrilhas ministeriais. Porque não “ajudar” desonestamente filho com emendas e cargos – só servem para isso. Essa “ministra” – o melhor seria quadrilheira – falar de “CONDUTAS CRIMINOSAS” É MAU-GOSTO OU GOZAÇÃO.

  7. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Essa Nísia Trindade é mais uma malandra, travestida de boa moça, que fala em ciência na frente das câmeras, e pratica a $iên$ia por trás.

  8. Flávia Augusta de Amorim Veloso
    Flávia Augusta de Amorim Veloso

    Depois do pandemônio fraudulento da covid 19 é sério que a população ainda está pedindo vacina$$$$$$?!!!!
    Ainda não aprenderam a lição…
    Enquanto isso nunca foi visto tantos acidentes vasculares cerebrais, doenças autoimunes, infarto, miocardite, cânceres turbo
    A endotelite causada pela proteína spike parte 4 versão 2024

  9. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    Essa senhora tem o DNA dos PTralhas e o povo vair pagar a conta.

  10. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Como pode uma figura heterodoxa como essa Nisia, presidir a fundação Osvaldo Cruz, uma mulher totalmente leiga à medicina e depois ir pro ministério da saúde, além do mais uma socióloga marxista desorientada e ladrona. Não tem país que aguente umas desgraças dessa

  11. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    É mais do mesmo.
    PT e seus satélites sendo o que sabemos a bastante tempo.
    Eu sou a favor da ciência e das vacinas.
    E por ser favorável, afirmo ser impossível a ciência desenvolver, testar e aprovar pelos caminhos científicos qualquer medicamento ou vacina com ocorreu com a Covid-19.
    Com os números atuais da dengue já estamos autorizados a chamar Lula de genocida.

  12. Francisco de Assis
    Francisco de Assis

    Esperar o quê de uma socióloga no comando do ministério da saúde.
    Semana passada fui há um posto de saúde para fazer exames de rotina. Pedi ao doutor que me atendeu que fizesse um pedido há um proctologista para realizar o exame de toque na próstata pois, tenho 67 anos e perdi meu pai aos 68 anos devido ao câncer de próstata. O doutor me relatou que este serviço pelo sistema único de saúde está suspenso pelo ministério da saúde. Eu questionei o motivo de um exame desse, que chega a ser desagradável mas com eficácia mais segura que o PSA sanguíneo, ele me relatou que é para baixar os custos dos exames.
    Olha que ponto chegou a preocupação dessa quadrilha com a saúde da sociedade carente.
    Para este ano o governo quadrilheiro cortou R$ 600 milhões em programas de saúde oferecidos pelo SUS.
    E assim caminha a sociedade entregue as mazelas dessa quadrilha.

  13. Helcio Jose Pinto Rodrigues
    Helcio Jose Pinto Rodrigues

    Essa senhora é uma ativista do PT, que foi colocada na FIOCRUZ por conta de seu apoio a candidatura da Dilma. Há uma foto dela de bonezinho do MST e bandeira do PT. Ela precisa explicar o motivo pelo qual a vacina da Astrazenica teve a produção paralisada lembrando que, em junho de 2020, o MS firmou acordo com aquele laboratório mediante recomendação da FIOCRUZ, para adotar aquela vacina para a COVID. No bojo desse acordo: fornecimento de doses, transferência de tecnologia para produção local e construção de uma novíssima planta industrial para a produção local. Tudo isso foi entregue, inclusive a planta localizada no bairro de Santa Cruz, na cidade do Rio de Janeiro. Ou seja, se fez todo esse investimento, a partir de recomendação da Fundação que ela dirigia e agora o Brasil so compra vacina da PFIZER e a torna obrigatória, inclusive para crianças ?! Não tem MP? E o supremo que se meteu nesse assunto de vacina? Todos mudos, com cara de paisagem.

  14. Teresa Guzzo
    Teresa Guzzo

    Nisia Trindade não fez absolutamente nada no quesito de saúde real do brasileiro. Gosta mesmo de especular sobre ideologia sexual.As vacinas da dengue estão disponíveis para quem realmente quer imunizar.Espera doações para compra-las?Não quer trabalhar e apenas inventar aberrações como nomear “pessoa que pariu”.

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