Em 19 de março de 2021, escrevi para Oeste um perfil do “presidente mais cool do mundo”, o salvadorenho Nayib Bukele. Entre outras coisas, ele declarou: “Vou ser ex-presidente aos 42 anos. Se tivesse 70 anos, escreveria minhas memórias. Mas com 42? Não sei o que vou fazer”.
Agora, aos 42, ele já sabe. Continua sendo presidente de El Salvador, um país menor que o Estado de Sergipe e localizado entre as miseráveis repúblicas de Guatemala e Honduras e o Oceano Pacífico.
Para continuar no cargo, Bukele teve que mudar a Constituição, que proibia a reeleição. Para mudar a lei, ele substituiu todos os membros do equivalente à Suprema Corte do país e encolheu o Congresso, que passou de 84 para 56 legisladores — a grande maioria ao seu lado.
Com seu bonezinho para trás e seu senso de humor, o descendente de palestinos já declarou com ironia que, se fosse um ditador, seria o “mais cool do mundo”. Agora Bukele se tornou uma referência global, um herói da direita e um vilão da esquerda.
‘Andar pelas ruas sem medo’
A revista britânica The Economist chamou a vitória de “inconstitucional”, mas esmagadora: com seu partido Novas Ideias, Nayib Bukele ganhou com 83% dos votos. Manuel Flores, da esquerdista MNLN, teve 7,1%. O terceiro foi Joel Sánchez, da Aliança Nacionalista Republicana, com 6,2%. Os outros não chegaram a 3%
A Economist descreve assim as mazelas de Bukele: “Ele deixou a polícia prender qualquer pessoa suspeita de ter ligações com gangues. Poucos foram julgados e podem eventualmente chegar a julgamentos ‘coletivos’, com centenas de suspeitos julgados simultaneamente”. Parece uma descrição do destino dos presos brasileiros no 8 de janeiro de 2023, que estão muito longe de ser membros de gangues.
A Economist reconhece que o índice de homicídios caiu de 51 por 100 mil em 2018 para apenas três por 100 mil no ano passado. “Lojas e restaurantes que anteriormente tinham de pagar dinheiro de proteção — um enorme prejuízo para os seus meios de subsistência — já não precisam fazer isso. As pessoas comuns podem andar pelas ruas sem medo”, publicou.
E agora? Segundo o vice-presidente Félix Ulloa, Bukele “limpou a casa” do crime organizado e no seu segundo mandato vai focar educação, saúde e infraestrutura. Quer transformar El Salvador num polo de empresas de tecnologia e investir em obras de infraestrutura, como aeroportos e um trem pela costa do Pacífico. Numa jogada polêmica e ousada, adotou o bitcoin como moeda legal. O banco JP Morgan calcula que, graças ao aumento da segurança no país, o PIB de El Salvador deve crescer 3% neste ano.
4 milhões de brasileiros na cadeia
Durante um fim de semana em março de 2022, a guerra entre gangues (MS13 e Barrio 18) matou 87 pessoas. Bukele decidiu agir. Sua ação foi facilitada pelo fato de os gângsteres se identificarem por tatuagens que cobrem o corpo inteiro, inclusive o rosto.
No ano passado, Bukele transformou a inauguração da nova prisão de segurança máxima (chamada Centro de Confinamento Antiterrorista) num espetáculo. Guardas em posição de ataque cercaram os prisioneiros, que estavam de cueca e algemados, todos de cabeça baixa, encaixados uns nos outros com expressão de medo. ONGs de direitos humanos ficaram com dó. A população de El Salvador mostrou sua satisfação nas urnas.
Mais de 75 mil salvadorenhos, quase 2% da população adulta, estão na cadeia. É como se 4 milhões de brasileiros estivessem presos. As visitas são proibidas, o que evita o contato dos presos com as gangues na rua. “Esta será a nova casa [dos bandidos]”, declarou Bukele na inauguração. “Onde viverão por décadas, misturados, incapazes de provocar mais danos à população.” Bancos internacionais calcularam que o crime organizado custava ao país US$ 500 milhões — o equivalente a 15% da economia — por ano.
‘Um único grão de arroz’
Um dos segredos de Bukele é que ele fala sem o filtro das ideologias. Não se importa em ser classificado como direita ou esquerda, conservador ou progressista, mas em procurar a solução dos problemas. “Porque temos o maior encarceramento do mundo?”, perguntou logo depois de votar nas últimas eleições. “Porque nós mudamos o país mais perigoso do mundo para o mais seguro do Hemisfério Ocidental. A única maneira de fazer isso foi prendendo todos os assassinos.”
Reportagem do Wall Street Journal mostrou fotos de um mercado bem abastecido, com famílias trabalhando à vontade, livres da extorsão e da violência das gangues. Resolveu o problema. Numa entrevista coletiva, foi perguntado sobre se a sua solução para a criminalidade seria aplicável ao Brasil. “Falei algumas vezes com o presidente Lula, mas ele nunca mencionou a questão da segurança pública para mim”, respondeu Bukele. “Imagino que ele tenha a própria forma de abordagem e de lidar com a situação.”
O presidente salvadorenho não se preocupa com as críticas sobre seus métodos. Responde que os ativistas estão mais preocupados com os direitos dos membros das gangues do que com os direitos de suas vítimas. E não esconde a dureza com que trata os presos. “Existem rumores”, declarou em 2022, “de que membros das gangues desejam se vingar em pessoas honestas escolhidas ao acaso. Se fizerem isso, não haverá uma única refeição nas prisões. Eu juro por Deus, eles não vão comer um único grão de arroz, e vamos ver por quanto tempo resistem”.
El Salvador se tornou o único país da América Central e um dos poucos da América Latina que não manda hordas de imigrantes fugindo da miséria para os EUA
Poder quase monárquico
Bukele não junta multidões amestradas para aplausos. Ele se comunica pelas redes sociais. Tem 7,5 milhões de seguidores no TikTok, 5,9 milhões no X e 6,3 milhões no Instagram. O diretor de pesquisas da Universidade Francisco Gavidia, Óscar Picardo, disse que quase cem vídeos são lançados todos os dias sobre Bukele. “É um fenômeno de culto. As pessoas se refugiam em Bukele, e por trás dele existe uma impressionante máquina de propaganda. Depois desta eleição, ele deverá ter um poder absoluto, quase monárquico.”
A oposição está sem rumo. Uma secretária de 55 anos, Gladis Muñoz, resumiu a situação para a agência Reuters: “O que pode acontecer com a oposição é que eles desapareçam, porque nós confiamos cegamente neles e eles não fizeram nada enquanto o país caía na violência. Nós nos sentimos decepcionados”.
Os Estados Unidos tiveram uma boa relação com Nayib Bukele na administração Trump. Biden esfriou essa relação, mas atualmente está percebendo que não pode contestar a incrível popularidade do presidente. Outro fator para tratar bem o governo é que El Salvador se tornou o único país da América Central e um dos poucos da América Latina que não mandam hordas de imigrantes fugindo da miséria para os EUA. “Salvadorenhos deram o exemplo para o mundo inteiro de que qualquer problema pode ser resolvido se houver o desejo de fazê-lo”, declarou Bukele num discurso.
Cheque em branco
O jornal de oposição El Faro (publicado na Costa Rica e apoiado por algumas ONGs) chama o regime abertamente de ditadura. O tradicional El Mundo apoia o governo, mas adverte: “As novas autoridades eleitas devem assumir com humildade essa grande responsabilidade que a cidadania lhes outorgou. Não é um cheque em branco, é um compromisso com a cidadania”.
Bukele se defende dizendo que “não estamos substituindo a democracia, porque El Salvador nunca teve democracia. Esta é a primeira vez na história que El Salvador tem democracia”.
Agora o jovem presidente está surfando na popularidade por ter resolvido o problema mais grave do país. E promete um segundo mandato não só voltado para a segurança como para o progresso e a inovação. Se vai se perpetuar no poder, isso por enquanto é motivo de especulação. Por todas as razões, merece a atenção do resto do continente.
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A oposição se esvaia em qualquer lugar ou país quando existe ética e honestidade. O humanismo e a solidariedade são intrínsecas a essas premissas
Invejável! É essa a palavra que me vem a cabeça. Eu adoraria ter um Bukele aqui no Brasil, mas não me iludo. O Brasil é phoda! Muitos esquemas e interesses escusos. Políticos vivem da economia do crime. Eu me pergunto até hoje como pode ter tanta gente que vota no Lula. Notem que o pior do Brasil não é o Lula, mas o eleitor do Lula. Vivemos num país doente moralmente!!!
Na minha opinião, a criminalidade no Brasil só tem jeito com pena de morte. Cometer crime pela terceira, quarta, quinta vez… não tem conserto mais uma criatura dessa!
O sucesso de El Salvador é exemplar. Diante da falência da segurança pública e do evidente fracasso das políticas lenientes com o crime, somente a adoção de um regime de tolerância zero com as violações da lei será capaz de mudar o quadro dramático que vivemos no Brasil. Uma mudança radical se impõe.
Os estarrecedores índices de criminalidade do Brasil tem origem, são conhecidos e, portanto, tem solução. Basta ação das “autoridades” que seguem as cartilhas da atualidade que desejam transformar os humanos em robozinhos.
Essas ONGs que torram dinheiro público e de doadores bilionários como George Soros, Bil Gates, etc nunca se posicionaram a favor das vítimas.
Fazem exatamente o contrário, endeusando criminosos que são igualmente protegidos por legislações toscas e judiciário conivente ou parceiro de seus crimes.
É sempre o mesmo discurso em todos os países: precisamos combater o encarceramento em massa! Mas me respondam uma coisa: bandidos não tem que serem presos? Se há bandidos demais, então que haja prisões aos montes, até que as ruas fiquem livres de marginais e as pessoas possam andar nas ruas com segurança. Não dá mais pra aceitar que pessoas que decidem viver fora das regras, fora das leis, tenha direitos. Essas pessoas tem que serem tratadas com o rigor da lei. Essas ONGs que defendem os Direitos Humanos, defendem direitos humanos para assassinos, estupradores, sequestradores. Essa gente não merece direito nenhum, a não ser uma cela pro resto da vida!
Hoje, no Brasil, vivemos uma onda de violência sem precedentes na história desse país, com milhares de celulares, carros, motocicletas roubados todos os dias nas cidades brasileiras, e se a vítima sair viva do assalto, teve sorte! É preciso implementar uma política de tolerância zero contra o crime, mas o que vemos é autoridades do governo reclamando que somente negros e pobres são presos. E daí que o bandido é negro e pobre? Isso dá imunidade ou permissão para roubar?
Dagomir, precisamos dizer aos nossos ministros do STF que busquem em El Salvador o meio jurídico adequado para punir MARGINAIS, e não em Lisboa para onde vão constantemente para a escola de Direito do Gilmar Mendes. Felizmente o honrado povo português sabe democraticamente condenar marginais. São mais sérios com a aplicação da Lei.
Junto-me aos outros leitores q se manifestaram aqui: precisamos de um Bukele aqui, com urgência!
Tem que aparecer no BRASIL alguém como o BUKELY prá colocar essa gente no seu devido lugar primeiro os de COLARINHO BRANCO depois outros aí o BRASIL será outra NAÇÃO…
Mil vezes que se perpetue no poder uma pessoa que deixa a sua população trabalhar e viver em paz do que essa vergonha que está no Brasil com um presidente ladrão e um judiciário mais corrupto que só facilita a vida dos marginais e persegue e prende inocentes.