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Foto: Shutterstock
Edição 207

Pessimismo econômico

Enquanto isso, mudanças nas regras de declaração do Imposto de Renda favorecem os contribuintes que possuem um patrimônio maior

Carlo Cauti
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Os brasileiros estão mais pessimistas com a economia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Genial/Quaest, cresceu de 25% para 31% o grupo de eleitores que esperam uma piora da economia nos próximos 12 meses.

Entre os otimistas, a queda foi de 9 pontos porcentuais em relação à pesquisa realizada em janeiro, chegando a 46% do total.

O levantamento Genial/Quaest também mostrou que 38% dos entrevistados acreditam que a economia piorou nos últimos 12 meses, uma alta de 7 pontos porcentuais em relação ao resultado de janeiro.

A parcela de eleitores que enxergam uma melhora diminuiu, passando de 34% para 26%.

Popularidade na berlinda

A popularidade de Lula também está sofrendo. Desde que chegou ao Palácio do Planalto, o presidente está enfrentando o pior momento da avaliação de sua administração.

O levantamento da Genial/Quaest mostra que somente 35% dos entrevistados consideram o governo atual “positivo”. Em agosto passado, essa porcentagem era de 42%.

As avaliações negativas passaram de 29% para 34% em um mês, a nova máxima do mandato presidencial.

Segundo a pesquisa, 35% dos eleitores afirmam que o governo Lula está pior do que esperavam, ante 27% que dizem o contrário.

O presidente está enfrentando o pior momento da avaliação de sua administração | Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Produção industrial em queda

A produção industrial brasileira caiu 1,6% em janeiro na comparação com dezembro. 

Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado de 12 meses a indústria permaneceu estagnada, com um leve avanço de 0,4%.

A queda de janeiro foi maior do que o consenso do mercado, que esperava uma contração de 1,3% no mês.

Os piores números vieram das indústrias extrativas (-6,3%) e de produtos alimentícios (-5%).

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Fusões de volta

As fusões e aquisições vão voltar a acontecer no Brasil em 2024. Essa é a expectativa da consultoria PwC Brasil.

Segundo a empresa, nos primeiros dois meses do ano foram registradas 85 operações desse tipo no Brasil, o mesmo número apontado em janeiro do ano passado.

De acordo com o relatório mensal da PwC, o ano começa com maior interesse do investidor pela compra de controle societário em vez da compra de participação minoritária, com 54% das operações do período (ante 47% no mesmo período do ano passado).

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Avalanche de investimentos nos carros híbridos

As montadoras anunciaram investimentos maciços para a produção de carros híbridos no Brasil.

Segundo um levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os aportes chegarão a R$ 117 bilhões. O maior ciclo da série histórica da Anfavea.

Somente a Stellantis, controladora da Fiat, Peugeot e Jeep, vai investir R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030.

As montadoras com plantas no Brasil iniciaram uma corrida pela produção de carros híbridos, inclusive com uso de etanol (os híbridos flex). Segundo alguns analistas, essa seria uma solução ainda mais limpa do que o carro 100% elétrico.

Uma tendência que deverá garantir investimentos bilionários até o final da década.

Produção de carros híbridos no Brasil recebe investimentos maciços | Foto: Shutterstock
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Vivo virou banco?

A Vivo quer oferecer mais produtos financeiros. Por isso, vai pedir ao Banco Central a permissão para atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD).

O objetivo é aumentar o portfólio de crédito do braço financeiro da telefônica. Hoje, a empresa oferece empréstimos pessoais sem garantias, mas quer aderir ao Pix parcelado e ao saque-aniversário do FGTS.

Em 2023, a receita de serviços financeiros foi de R$ 403 milhões, alta de 36% em relação a 2022.

A carteira de empréstimo pessoal terminou o ano em R$ 358 milhões, com 55 mil contratações de crédito.

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Americanas volta a se endividar (para pagar dívidas)

Mesmo em recuperação judicial, e epicentro de um escândalo que envolveu um calote de mais de R$ 40 bilhões, a Americanas voltou a se endividar.

A varejista assinou a escritura de uma emissão de debênture simples, não conversível em ações, para colocação privada, no valor de até R$ 3,5 bilhões.

Esse novo endividamento servirá para iniciar o pagamento de outras dívidas, já incluídas no plano de recuperação judicial aprovado pela Assembleia Geral dos Credores, em dezembro passado.

Para cumprir o plano, a Americanas precisará se capitalizar em R$ 24 bilhões, além de reduzir a dívida bruta de mais de R$ 38 bilhões para cerca de R$ 1,9 bilhão.

Ex-CEO da Americanas na Vale?

A sucessão de Eduardo Bartolomeo no comando da Vale está esquentando. O ex-CEO da Americanas e do Santander, Sergio Rial, estaria sendo cotado para o cargo na mineradora.

Além de Rial, estariam sendo sondados o CEO da Suzano, Walter Schalka, e o ex-CEO da Cielo, Paulo Caffarelli.

O nome do novo CEO deverá ser definido em maio. Bartolomeo está no comando da Vale desde 2019. Ele poderia ser reconduzido ao cargo ou substituído.

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Ozempic dos bilhões

O valor de mercado da Novo Nordisk, fabricante do remédio para emagrecimento Ozempic, chegou a US$ 560 bilhões, superando a montadora de carros elétricos Tesla.

Desde que o remédio para perda de peso foi aprovado pelas autoridades sanitárias dos Estados Unidos, em 2021, as ações da empresa dinamarquesa saltaram 237%.

Ozempic, da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, cujas ações saltaram 237% | Foto: Shutterstock
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Para onde vai o ouro?

A cotação do ouro não para de subir, e bateu um novo recorde de fechamento nesta semana, a US$ 2.165,20 a onça-troy.

A alta do metal é impulsionada pela desvalorização do dólar ante outras moedas e pela queda dos juros de curto prazo dos títulos da dívida pública americana, os Treasuries.

Ambos os movimentos foram provocados por declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, ao Senado americano, de que o corte de juros não estaria longe.

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No governo do PT, o IR pune os mais pobres e beneficia os mais ricos

A partir do dia 15 de março será possível enviar a declaração de Imposto de Renda. A Receita Federal espera um crescimento de 4% nas declarações em 2024, com um total de 43 milhões de pessoas apresentando suas contas ao fisco.

Mas para este ano a Receita Federal anunciou mudanças importantes. Que, na verdade, são um presentão para as camadas mais abastadas da população.

Entre as novidades, deverá preencher a declaração apenas quem tem um patrimônio superior a R$ 800 mil. No ano passado, esse valor era de R$ 300 mil.

“Essa mudança foi completamente inesperada. E vai acabar favorecendo os contribuintes que possuem um patrimônio maior”, explica a Oeste Alice Porto, fundadora do Contadora da Bolsa Contabilidade.

A alteração nas regras da declaração gera surpresa, considerando que foi realizada por um governo do Partido dos Trabalhadores (PT).

Alice Porto, fundadora da Contadora da Bolsa | Foto: Divulgação

Confira os melhores trechos da entrevista exclusiva com Alice Porto.

O que muda na declaração de Imposto de Renda de 2024?

Há várias mudanças bem significativas de valores-limites na declaração deste ano. Em primeiro lugar, o valor de rendimentos tributáveis passou de R$ 28 mil para R$ 30 mil. Ou seja, quem recebe dois salários mínimos vai ter que declarar o Imposto de Renda. Em segundo lugar, o limite dos rendimentos isentos e não tributáveis aumentou de R$ 40 mil para R$ 200 mil. A poupança se encaixa nesse item. Terceiro, os contribuintes que possuem propriedade de bens e direitos ou superiores a R$ 800 mil também devem declarar o IR. No ano passado, esse valor era muito mais baixo, fixado em R$ 300 mil. Resumindo, neste ano os brasileiros mais pobres terão que declarar o Imposto de Renda. Ao contrário, quem tem mais patrimônio e ganha mais proventos financeiros será beneficiado. Às vezes sem sequer ter que declarar o Imposto de Renda.

Neste ano será possível compensar ganhos e perdas obtidos na bolsa?

É algo obscuro. No ano passado, quando tirou a obrigatoriedade do investidor em compensar ganhos e perdas, a Receita suprimiu a informação de que, se o contribuinte tiver prejuízo, vai ser obrigado a declarar Imposto de Renda. Se não declarar, perde o benefício. A Receita não tem interesse em informar que, se você não apresentar sua declaração, perde o benefício. Suprimiram essa informação até mesmo na coletiva de imprensa. Pode ser que saia na instrução normativa. No ano passado não saiu. Nós soubemos após várias consultas formais. Um jeito bem ardiloso de arrecadar mais. 

Muitos brasileiros estão mandando dinheiro para o exterior ou investindo na Bolsa de Valores dos Estados Unidos. Muda algo para eles?

Sim. Agora será possível antecipar o pagamento dos impostos calculando o valor presente do ativo, como se estivesse sendo vendido naquele momento, e pagando uma alíquota de apenas 8%, em vez de 15%. Se o ativo subir mais e for vendido, será cobrada a alíquota mais elevada só na diferença. A parte já paga com alíquota mais baixa vai representar um benefício fiscal para o contribuinte.

A Receita Federal começou a ficar de olho nos criptoativos também?

Sim. Isso vinha já de alguns anos. Mas agora os pedidos de informações estão cada vez mais frequentes sobre esse tipo de ativos. A Receita vem fechando o cerco. Quer saber códigos, subcategorias, bitcoin, stablecoin, ticker, e uma série de outras informações.

Leia também “A grande fuga dos investimentos”

2 comentários
  1. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    O ouro tá em Dubai e a onça no pantanal

  2. James
    James

    Em termos de CIVILIZAÇÃO, o pagamento de IRRF para quem recebe dois salários mínimos é no mínimo FEUDAL, um retrocesso vergonhoso e imoral, os impostos sobre a alimentação giram en torno de 28 a 30%, logo, NÃO SÃO DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS ! Essa imoralidade precisa ser cobrada nas urnas, com o fim da reeleição de qualquer candidato em qualquer legislatura, isso sim, seria uma demonstração muito democrática do povo, fazer a classe política TRABALHAR! Uma maturidade política que não temos.
    Infelizmente !

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