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Lula, Natuza Nery, Joe Biden, Oliver Stuenkel e Jair Bolsonaro | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Reprodução
Edição 211

O golpe começou em Washington

A esquerda, que sempre atribuiu a ditadura militar à interferência americana, hoje celebra essa mesma interferência, a qual, desta vez, nos teria livrado de uma nova ditadura comandada por Bolsonaro

Flávio Gordon
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Em 1965, no primeiro ano do regime militar recém-instaurado, o jornalista Edmar Morel publicou O Golpe Começou em Washington. O livro saiu pela famosa editora Civilização Brasileira, de Ênio Silveira, responsável por editar as principais publicações comunistas em circulação no país. A obra foi a síntese da versão da esquerda nacional sobre a guerra fria que perdura até hoje, tratando os Estados Unidos como a mão invisível (ou nem tanto) por trás do assim chamado golpe militar de 31 de março de 1964.

Com a chegada do PT ao governo em 2002, e com ele toda uma geração de revolucionários ressentidos e ávidos por uma vingança contra a história, a “obsessão antiamericana” recuperou o fôlego dos velhos tempos. Basta notar, durante o período, a publicação de um sem-número de reportagens anunciando novos documentos, ou velhos consensos apresentados como novidade, acerca da famigerada participação americana no “golpe”. Com notável alarde midiático, foi lançado em 2013, por exemplo, o documentário O Dia Que Durou 21 Anos, que prometia revelar os “segredos” por trás do golpe militar, confirmando de uma vez por todas aquilo que todos já sabiam: o golpe começou em Washington. Fartamente financiado com dinheiro público, e celebrado pela crítica companheira, o curta-metragem de autoria de Camilo Tavares, filho do ex-guerrilheiro Flávio Tavares, teve sessão exclusiva com a presença da ex-guerrilheira e então presidente Dilma Rousseff e seus ministros.

Cartaz do filme O Dia Que Durou 21 Anos | Foto: Divulgação

O filme virou um evento cultural (e de Estado) de suma importância, por contribuir para a manutenção da surrada narrativa construída pela esquerda, segundo a qual obscuras forças reacionárias (com apoio do imperialismo “estadunidense”) insistiam em conspirar contra o governo popular. A farsa do impeachment como golpe acomodou-se bem nessa manipulação prévia do imaginário nacional. O dia, afinal, não durara apenas 21 anos. Continua durando e enchendo a barriga de muito esquerdista que, de outro modo, teria sucumbido à própria mediocridade.

Mas, apesar do sensacionalismo, o documentário não trazia novidade alguma. Fazia-se um alarde em relação à assim chamada “Operação Brother Sam”, tornada pública em 1977, e exibia-se a famosa gravação de uma conversa telefônica na qual o embaixador Lincoln Gordon pedia ao presidente Lyndon Johnson que tomasse providências ante o risco iminente de uma guerra civil no Brasil, solicitação que resultou no envio de uma frota americana para o litoral brasileiro. Segundo a narrativa da esquerda, essa seria a prova inconteste de que o golpe começara em Washington.

Lyndon B. Johnson, 36º presidente dos Estados Unidos | Foto: Domínio Público

O problema é um só: embora o envio da frota seja verdade, a conversa entre Gordon e Johnson ocorreu no próprio dia 31 de março, quando os tanques do general Mourão Filho já estavam na rua e João Goulart já se preparava para fugir para o Uruguai. Prevista para chegar ao Brasil por volta do dia 11 de abril, na ausência de guerra civil, a frota retornou aos EUA sem nunca ter chegado à costa brasileira. Ademais, o número de fuzileiros destinava-se apenas a resgatar cidadãos americanos presos no meio do hipotético conflito, sendo insuficiente para uma ocupação territorial em apoio a um novo regime. Portanto, embora os EUA obviamente se interessassem pelo que acontecia no Brasil, e desejassem impedir a instauração de um novo regime-satélite da URSS na América Latina, é totalmente fantasiosa a tese de que os americanos tenham sido cúmplices e menos ainda autores do movimento civil-militar que levou à deposição de João Goulart, tão fantasiosa quanto a tese de que guerrilheiros comunistas como José Dirceu, Dilma Rousseff e José Genoino lutavam por “democracia”. Como escreveu o historiador José Murilo de Carvalho por ocasião dos 50 anos do golpe militar: “Soube-se, então, que a Operação Brother Sam consistia em plano de interferência a ser posto em ação apenas no caso de haver guerra civil em que os golpistas necessitassem de apoio. Sem dúvida, os Estados Unidos estavam interessados na derrota de Goulart, havia dinheiro americano no Ibad, e a CIA não descansava. Mas tudo isso no máximo encorajou os golpistas. A conspiração foi interna como internas foram as causas de seu êxito”.

Mas a história é mesmo cheia de notáveis reviravoltas. A esquerda, que sempre atribuiu e continua atribuindo a ditadura militar à interferência americana na nossa política interna, hoje celebra essa mesma interferência, a qual, desta vez, nos teria livrado de uma nova ditadura militar comandada por Jair Bolsonaro. Ao menos é o que se depreende de uma recente matéria da jornalista Natuza Nery, da GloboNews, que entrevistou Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais na FGV-SP, acerca de uma operação do governo americano para garantir a vitória e a posse de Luiz Inácio Lula da Silva contra as pretensas investidas golpistas de Bolsonaro e seus aliados.

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Introduzindo a narrativa com uma música incidental sombria, de modo a suscitar esteticamente a impressão sonora de “anos de chumbo”, a jornalista apresenta os vilões da fábula: Trump e Bolsonaro, que teriam pretendido uma “ruptura democrática” em seus respectivos países. Contra as pretensões golpistas no Brasil, apresenta-se o super-herói, o “Capitão América”: “Para sufocar uma tentativa de golpe, a Casa Branca de Joe Biden entrou em ação”. Aí o tom passa a ser alegre e displicente, e entrevistadora e entrevistado relatam, como se fora a coisa mais natural do mundo, uma série de acontecimentos que, em situações normais, provocariam alarme. Dentre eles, destaco os seguintes:

De visita ao Brasil em agosto de 2021, o conselheiro americano de Segurança Nacional, Jake Sullivan, teria ouvido de Bolsonaro a opinião segundo a qual a eleição de Joe Biden havia sido fraudulenta. Diante disso, Sullivan voltou para os EUA com a convicção de que o então presidente brasileiro seguiria o exemplo de Trump, e não aceitaria o resultado eleitoral em caso de derrota. Tratando-a como ameaça, a matéria cita uma fala de Bolsonaro proferida dias após a assim chamada “invasão” do Capitólio, segundo a qual, caso não houvesse voto auditável no Brasil, o país passaria por uma situação pior do que a americana. Segundo o professor da FGV, isso tudo teria prejudicado as relações bilaterais entre Brasil e EUA, e levado o governo Biden a ter uma percepção muito negativa sobre Bolsonaro.

Jair Bolsonaro e Jake Sullivan, chefe de Segurança Nacional dos EUA, em encontro no Brasil (5/8/2021) | Foto: Wikimedia Commons

A partir do feedback de Sullivan, e certo de que Bolsonaro tentaria uma ruptura democrática no Brasil, o governo americano começou a fazer um “mapeamento” das vulnerabilidades da democracia brasileira, dando início ao planejamento de uma campanha de pressão para que as nossas Forças Armadas e o presidente aceitassem o resultado das eleições — independentemente de como tivesse sido conduzido o processo eleitoral, que, depois dos Twitter Files Brazil, agora sabemos como foi. Segundo Stuenkel, foram identificados os generais brasileiros considerados propensos a um golpe de Estado. O professor da FGV conta, inclusive, ter tido acesso a um relatório interno do governo americano contendo duas listas de oficiais: uma marcada em vermelho, com o nome dos generais potencialmente “golpistas” (ou seja, que questionavam a condução do processo eleitoral); e a outra marcada em verde, com os generais inofensivos.

O pretexto para a ação americana, segundo Stuenkel, não poderia ser mais estapafúrdio. Segundo essa versão, o medo americano era que uma ruptura democrática no Brasil poderia isolar o país do resto do Ocidente, deixando-nos suscetíveis à influência chinesa

Stuenkel diz também que, diferentemente de outras campanhas passadas, desta vez a interferência americana no processo eleitoral brasileiro não envolveu apenas o Departamento de Estado — o equivalente ao nosso Ministério das Relações Exteriores —, mas também o Pentágono, a CIA e a Casa Branca. Embora a coordenação da campanha de pressão tenha sido do Departamento de Estado, o emissário principal do governo americano foi o secretário de Defesa, chefe do Pentágono. “O chefe do Pentágono visitou o Brasil no ano eleitoral de 2022, assim como o chefe da CIA. E isso é muito pouco comum, que todas essas lideranças façam uma visita a um país logo antes das eleições” — admite o professor da FGV. Tendo em vista a má fama dos EUA em interferir na política latino-americana — posto que, antigamente, para evitar a ascensão de comunistas ao poder, e não como agora, para promovê-la —, o governo Biden optou por trabalhar com pressão nos bastidores, e sobretudo sobre as nossas Forças Armadas, de modo a evitar um questionamento do resultado eleitoral por parte do campo bolsonarista. Foi feita uma ameaça direta aos nossos oficiais, segundo a qual o não reconhecimento de uma vitória de Lula levaria a uma “redução drástica” de cooperação militar entre Brasil e EUA.

Lloyd J. Austin III, secretário de Defesa dos EUA, na 15ª Conferência dos Ministros da Defesa das Américas (CDMA), em Brasília (27/7/2022) | Foto: Wikimedia Commons

O pretexto para a ação americana, segundo Stuenkel, não poderia ser mais estapafúrdio. Segundo essa versão, o medo americano era que uma ruptura democrática no Brasil poderia isolar o país do resto do Ocidente, deixando-nos suscetíveis à influência chinesa. Ou seja, de modo a impedir que o Brasil caísse nas garras da China, os EUA teriam ajudado a derrubar um presidente fortemente pró-americano — cuja chancelaria, com Ernesto Araújo, tudo fez para estreitar ainda mais os laços entre os dois países, e cujas relações com a China foram conturbadas — para entronizar um líder socialista pró-China, cujo partido tem uma relação íntima e antiga com o Partido Comunista Chinês (ver, por exemplo, esta, esta e esta reportagens de Oeste). Sendo óbvio que a China preferia Lula a Bolsonaro, não se compreende por que a preferência idêntica do governo Biden impediria um aumento de influência chinesa sobre o Brasil.

Outro fato significativo revelado pelo professor da FGV é uma conversa informal que teria ocorrido entre o vice-presidente brasileiro, o general Hamilton Mourão, e o ex-embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, no Council on Foreign Relations (CFR), o mais importante think tank globalista nos EUA. Nesse encontro, Mourão teria compartilhado das preocupações de Shannon com o futuro da democracia brasileira. A conversa, depois reportada por Shannon a Washington, foi interpretada pelo governo americano como um “pedido velado de ajuda” por parte de Mourão. E essa foi uma de muitas conversas que levaram os EUA a acreditar na existência de um risco concreto de ruptura democrática promovida por Bolsonaro.

Thomas Shannon, ex-embaixador dos EUA no Brasil | Foto: Domínio Público

Natuza Nery cita uma declaração do diplomata americano Michael McKinley, também ex-embaixador dos EUA no Brasil, segundo quem “foi quase um ano inteiro de estratégia colocada em prática, com um objetivo muito específico em vista: não de apoiar um candidato brasileiro ou outro, mas focada fortemente no processo eleitoral, em assegurar que o processo funcionasse”. Se por funcionamento do processo eleitoral o diplomata entende a atuação parcial do Tribunal Eleitoral para perseguir, censurar e combater um dos lados do certame e, por fim, “derrotar o bolsonarismo”, pode-se dizer que a estratégia foi um sucesso. Funcionou!

Outro fato alarmante descrito com naturalidade por Stuenkel, e recebido com regozijo pela jornalista antibolsonarista, tem a ver com a participação do ex-chanceler brasileiro Carlos França, que Bolsonaro teve a infeliz ideia de colocar como substituto de Ernesto Araújo à frente do Ministério das Relações Exteriores. De acordo com o professor da FGV, França sabia de toda a operação, inclusive da coordenação americana com o governo de Taiwan para o envio prioritário de chips para as urnas eletrônicas brasileiras, mas decidiu não informar o presidente da República sobre o caso, sob a alegação de que Bolsonaro poderia usar o episódio para atacar ainda mais o sistema eleitoral. Em suma, o então chanceler de Bolsonaro teria participado da operação de bastidores para coibir qualquer questionamento ao resultado eleitoral pró-Lula. Missão dada, missão cumprida!

Com tudo isso, conclui-se que a salvação da democracia é como a salsicha. Melhor não saber como foi feita. Num sentido inusitadamente contrário ao original, parece que, ao fim e ao cabo, Edmar Morel tinha razão: o golpe começou em Washington.

Leia também “Uma chanchada de democracia”

13 comentários
  1. Perecles Antônio Gonçalves Pacheco
    Perecles Antônio Gonçalves Pacheco

    Carlos França é um verme desprezível.

  2. Perecles Antônio Gonçalves Pacheco
    Perecles Antônio Gonçalves Pacheco

    Natuza Nery é suspeita para manifestar-se sobre Bolsonaro. Ela é uma pessoa ressentida e cheia de ódio. Não perdoa Bolsonaro por ter reduzido as verbas da Lei Rouanet, de que ela é beneficiária, e limitado as verbas publicitárias à Rede Globo e aos diversos veículos de comunicação, o que lhe resultou redução salarial. É o estômago falando pelo cérebro. Nery está aí a apoiar um tribunal corrupto e atrabiliário como o Supremo Tribunal Federal. Nery é uma desonesta.

  3. Perecles Antônio Gonçalves Pacheco
    Perecles Antônio Gonçalves Pacheco

    Na verdade o americano sempre esteve por trás de golpes de estado na América Latina. Este último golpe no Brasil, tramado e consolidado com o fim de levar Lula da Silva ao poder, cujos agentes imediatos foram os condutores do processo eleitoral de 2022, foi de esquerda porque os Estados Unidos da América hoje são comunistas. Ao tempo de João Goulart, tempo de Guerra Fria, o golpe foi de direita. De direita ou de esquerda, sempre golpe. Golpe é com os Estados Unidos da América mesmo.

  4. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    A imprensa militante colaborando assiduamente com sistema.

  5. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    A nova ordem mundial está cumprindo a agenda 2030. As eleições nos EUA foram fraudadas e o mundo todo sabe, como sabe também que aqui também foi fraudada. Os caras são os ultramegacapitalistas e vem enricando com a desgraça da humanidade desde 1825

  6. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Sabendo-se que o VOTO IMPRESSO estava praticamente aprovado na CCJ do Senado e que Barroso interferiu na Câmara para troca de lideranças nessa COMISSÃO, e agora com essa informação, o verdadeiro GOLPE foi dado em Bolsonaro e nos bolsonaristas. A GLOBO não tem escrúpulos e honestidade dizendo que Bolsonaro planejava o GOLPE porque disse que não haveria eleição sem o VOTO IMPRESSO. Afinal, a Globo também tinha medo do VOTO IMPRESSO? Qual o mal desse aperfeiçoamento nas urnas eletrônicas, único meio de AUDITA-LAS, e sabendo que em 2014 era o desejo dos TUCANOS, e em outros momentos de vários políticos como FLAVIO DINO, CARLOS LUPI (PDT), e outras celebridades?

  7. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Vindo da globo, um braço da secom do PT/STF, percebe-se o nível..

  8. Renato Ramos De Carvalho
    Renato Ramos De Carvalho

    Obtusa Neri e esse professor Zé Ruela, misturando realidade com ficção para confundir a cabeça do povão. No frigir dos ovos, ou do cabeça de ovo, o melhor Presidente da história do Brasil, Jair Messias Bolsonaro foi traído por seus Comandantes de Força, a exceção do nobre patriota Almirante Garnier, foi traído pelo Mourão Melancia, por seu Ministro da Defesa Palo Sérgio e o Brasil está vivendo as consequências dessa omisso covarde e oportunista. O governo socialista Biden teve , lógico, importante participação, pressionando , ameaçando, chantageando e fornecendo apoio total para o grande ope jurídico-eleitoral do Narcoditador Lularápio de nove dedos

  9. Alzira Conceição Pacheco de Lima
    Alzira Conceição Pacheco de Lima

    Bem, o sistema de espionagem americano parece ser especialista em atirar no próprio pé. Eles tiveram um diplomata espião pró-cuba que só foi descoberto após sua aposentadoria. Assim sendo, a trapalhada de ajudar a eleger um antiamericano raiz não surpreende ninguém. É só mais um episódio ridículo que deve estar sendo hilário para os comunistas.

  10. Marcelo DANTON Silva
    Marcelo DANTON Silva

    Vocês tem de entender 2 coisas….Militares NÃO Gostam de civis, porém roubam menos…já políticos esquerdistas como lulaladrao…roubaram uma enormidade…
    A segunda é…os EUA não toleram outro ator politico relevante nas Américas…FATO!!
    Vão fazer todas as sacanagens possível e SEM escrúpulos nenhum… e se utilizam de embargos econômicos e incentivam as tensões politicas nos países…não importam muito se a corrente politica for ESQUERDISTA….
    Pois essas disputas políticas atrasam o desenvolvimento dos países …É CLARÍSSIMO ESSA ESTRATÉGIA ANGLO-SAXÕES…
    Só estrupidos latinos continuam caindo, pois as vísceras falam mais alto do que o cérebro nessas etnias desde o império romanos.
    Os verdadeiros golpistas estão no stf stj e MPF….PF 30% é de verve nazista com atuação de Stasi Theca.
    Os EUA …sua elite são mercantilistas canalhas desde sempre

  11. ODAIR DE ALMEIDA LOPES JÚNIOR
    ODAIR DE ALMEIDA LOPES JÚNIOR

    Dentre a coleção de cretinos da Globo, com certeza, hoje, Natuza disputa o título de rainha com Miriam suíno.

  12. jorge alves
    jorge alves

    Obra de FICÇÃO que a esquerda BRASILEIRA IVENTOU mais uma narrativa desse traste chamado MOLUSCO….

  13. Zulimar Marrara
    Zulimar Marrara

    É sórdido .

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