Adão e Eva só tinham uma serpente para botar a culpa por comerem o fruto proibido. Lula tem um serpentário, um Butantã. Recrudesceu agora com Campos Neto, que já vem culpando há meses. Até centrais sindicais se mobilizaram em manifestação na Avenida Paulista, diante do prédio do Banco Central, numa manifestação contra os juros e contra Campos Neto, inédita no mundo. O Comitê de Política Monetária (Copom), a despeito de Lula, CUT e outras centrais, manteve a taxa básica Selic em 10,5%, para proteger a moeda e o crédito. A inflação é o pior dos impostos, porque cobra de todos, inclusive dos que não têm aplicações para se proteger, os mais pobres. Após a decisão, Lula chamou Roberto Campos Neto de “esse rapaz”. E, mais uma vez, achou outra serpente, o setor financeiro. Nem a oposição consegue criar tanta encrenca para o governo.
Um desabafo de Haddad há poucos dias, em São Paulo, deixou a impressão de despedida. Ele queixou-se de que o Brasil é encrenca; que é um país difícil de administrar. Depois disso, parece uma catarse: “Às vezes, quem está em uma posição de poder não está fazendo a coisa certa pelo país. Isto é a coisa mais triste da vida pública: quem pode fazer a diferença nem sempre está pensando no interesse público. E devia estar, né? Porque está em posição de poder; porque é grande empresário ou político com mandato”. A quem estaria o ministro se referindo? Foi num evento do Instituto Conhecimento Liberta. O ministro parecia estar se libertando.
Não é a oposição que mais enfraquece o governo; é o próprio chefe de governo
Enquanto isso, Lula aplicava o mau exemplo de Pilatos. Referindo-se à Medida Provisória do Fim do Mundo, que lhe fora devolvida, lavou as mãos: “A bola está nas mãos do Senado, e na mão [sic] dos empresários. O Haddad tentou, não aceitaram. Agora encontrem uma solução”. O presidente não pode esquecer que ele é o chefe do Executivo, responsável, portanto, pelo equilíbrio fiscal. Aliás, quem deu o chute inicial nessa bola foi ele mesmo, ao quase dobrar o número de ministérios, aumentando o custo do governo, e até agora não praticou cortes no Estado gordo, pesado e lento. A solução que tem aparecido é tributar a nação, que fez o Estado para servi-la — e não o inverso.
Com isso, recebeu críticas de um importante contribuinte de campanha, o empresário Rubens Ometto. O presidente da Confederação da Agricultura, João Martins, convidado, respondeu que não quer mais falar com Lula. E o presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Rodrigo Sousa Costa, anunciou que agora vai elevar o tom porque “um presidente sindicalista não está preocupado com o emprego no Rio Grande do Sul atingido”. Queixou-se da morosidade, inércia e pouca efetividade do governo federal, que recebe mais impostos do Estado em relação ao que retribui em serviços e apoio — e ainda tem um ministro lá só para cuidar dos assuntos do Rio Grande. O investimento estrangeiro em bolsa também demonstra desaprovação. Neste ano, foram retirados da B3 R$ 45 bilhões em investimento estrangeiro. Segundo fonte do J.P. Morgan, por estar o governo demonstrando dificuldade em cumprir as metas fiscais.
Sucessivas medidas provisórias têm fracassado, e ainda assim o presidente baixou mais uma que já dá o que falar. A MP beneficia os irmãos Batista, Joesley e Wesley, e foi anunciada pouco dias depois que eles estiveram no Palácio. A MP da desastrosa importação de 1 milhão de toneladas de arroz ainda está vigente; o fiasco não surtiu arrependimento. Não é a oposição que mais enfraquece o governo; é o próprio chefe de governo. Lula só pensa em política; a administração pública precisa de técnicos, especialistas em cada assunto, que sejam ouvidos pelo presidente, e não apenas da intuição do chefe do Executivo. Mas a intuição parece cansada, ou desatualizada, passada no tempo, impaciente e fechada no Alvorada. As lideranças do governo e seus seguidores notam isso. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães, queixou-se da falta de comando. Já têm vindo à tona queixas entre ministros e de parlamentares aliados. O problema é que isso causa encrenca para o país inteiro. E a origem da encrenca está no topo do governo.
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Lula não consegue parar na padaria da esquina para tomar um cafezinho.
Presidente sem povo e sem Congresso não consegue fazer absolutamente nada além de levar sua consorte para conhecer o mundo e alimentar seu Instagram.
Culpar o BC pelas suas trapalhadas e irresponsabilidades não tem o menor cabimento.
Expandiu o cabide de empregos em um país onde o serviço público se notabilizou por esta prática durante sua república de apenas 134 anos.
Se eu fragilizar minhas finanças, não adianta tentar impor a culpa ao empregador porque paga pouco, irmão, primo ou vizinho.
Arrecadar não tem mais espaço e o empresariado já deixou isso bem claro.
Cortar despesas não passa pela cabeça senil de Lula que está amarrado aos seus milhares de militantes que não largam o osso.
Excelente a afirmação: Lula tem um serpentário.
Esse ICL (Instituto Conhecimento Liberta) é mais um aparato de esquerdistas. É bem capaz de ser mais um desses ”jornalistas” bancados com nosso dinheiro, sem o nosso aval.
Alexandre Garcia, que não é Moraes, você é um ícone do jornalismo brasileiro. Convenhamos, Lula não tá achando uma solução pra economia mas 219 milhões de brasileiros, que não são economista sabe, é botar essa corja todinha na cadeia, aquela corjinha que todo mundo sabe quem são, vai do oiapoque ao chuí. A corjinha é gigante
Cirúrgico.