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Edição 24

Sai da UTI, Brasil

O avanço do processo de geração de riquezas depende da reformulação do Estado em modo de emergência. O socorro agora são as reformas

Guilherme Fiuza
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Paulo Guedes disse que o Brasil vai surpreender o mundo. Isso foi no auge da pandemia. Agora o ministro da Economia diz que os sinais confirmam a tendência de recuperação nacional em V — ou seja: após a queda acentuada decorrente das paralisações, uma retomada econômica acelerada. Nesse cenário, o PIB cairia em torno de 5% (ou menos) — o que de fato seria surpreendente em relação à maioria das projeções iniciais, quando foi reconhecida a calamidade.

É ver para crer, nesse quadro tumultuado que derruba projeções a cada esquina e ninguém consegue saber onde é o pico da incerteza. O certo é que o risco Brasil fechou agosto no menor nível em seis meses — ou seja, retornou ao patamar de antes da pandemia, que por sua vez era o menor desde a ruína petista.

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A arrumação da casa nos últimos três anos tinha resgatado o país da maior recessão da sua história — combinação de incúria e assalto — e ninguém diria que a recessão voltaria tão rapidamente, como acaba de ser constatado com a divulgação do PIB do segundo trimestre. Deve ter sido por pura identificação que Lula disse que “felizmente a natureza criou esse monstro chamado coronavírus”. De certa forma, o ex-presidiário fez o seu sucessor. Ainda vão brigar entre si para ver quem destruiu mais.

Os demagogos que radicalizaram as medidas de asfixia social agora fingem que o auxílio emergencial pode ser eternizado

Para quem é de construir, o nome do jogo agora é fugir da depressão — um flagelo que legaria vários anos de penúria até a recuperação dos indicadores pré-pandemia. Aí, sim, a covid deixaria Lula no chinelo. E uma segunda década perdida em tão pouco tempo muda os rumos de uma nação — para muito pior. O que o ministro Paulo Guedes está dizendo é que as chances dos brasileiros de escapar desse destino trágico são boas. Mas tudo depende dos próximos passos que o país (não só o governo) vai se dispor a dar.

Apesar do tombo pandêmico, a economia manteve os “sinais vitais” — como diz o ministro. Mas isso se deveu principalmente ao socorro governamental. O programa de transferência de recursos públicos para pessoas e empresas — entre auxílio emergencial, créditos especiais, adiamento de vencimentos e outras medidas — foi bem operado. A explosão do desemprego em decorrência dos bloqueios sanitários foi reduzida por regimes trabalhistas especiais para evitar demissões.

Muitas vidas certamente foram salvas pelo socorro estatal. Não foi um milagre. Foi a criação de uma dívida de quase R$ 1 trilhão. Como decolar em V com um papagaio desses nas costas?

Só existe um caminho: gerar riqueza num ritmo sem precedentes. Os demagogos que radicalizaram as medidas de trancamento e asfixia social agora fingem que o auxílio emergencial pode ser eternizado. Nenhuma surpresa. Sempre foram parasitas — e, como todo parasita, burros: atacam o hospedeiro para poder sugá-lo. Talvez por isso vivam repetindo que a pandemia veio para ficar. Suas chances de futuro se resumem a um surto que nunca acabe.

No Congresso, eliminou-se o componente refratário: a predisposição à sabotagem

O Estado fez a sua parte quanto à transfusão de sangue para a sociedade. Agora o futuro dela depende de sangue privado. E o caminho para uma performance excepcional no processo de geração de riquezas depende da reformulação do Estado em modo de emergência. O socorro agora são as reformas.

Para escapar de ser engolido pelo rombo da pandemia, o Brasil precisa completar a tríade da reestruturação do Estado — que se iniciou com a reforma da Previdência e se completará com a administrativa e a tributária. Há um excelente sinal no horizonte: 2019 foi um ano de grande conflagração política, e ainda assim Executivo e Legislativo se entenderam na hora de dar o grande passo; agora, por incrível que pareça — e com toda a instabilidade trazida pelo vírus do oportunismo —, o ambiente entre os dois poderes está menos inflamado.

Especialmente da parte de Jair Bolsonaro e de Rodrigo Maia vem se desenhando um pacto. Já foi afirmado quanto ao teto de gastos e quanto à reforma tributária. Isso não pressupõe ausência de conflitos e negociação fácil. Apenas retira o componente refratário — isto é, a predisposição à sabotagem. Basta isso.

Até no STF já surgiu, da parte do ministro Marco Aurélio Mello, a voz contra o jogo de armadilhas. Ou a Suprema Corte corrige seu rumo, ou ficará falando sozinha. A História reconhecerá — e recompensará — todos os que apostarem na união para salvar os brasileiros.

Leia também nesta edição o artigo “A resposta liberal para a desigualdade”, de Gabriel de Arruda Castro

 

19 comentários
  1. Marcio Bambirra Santos
    Marcio Bambirra Santos

    Ótimo Fiuza! À cretinice de certos leitores, a sua frase “impiedosa” diz tudo: “Ainda vão brigar entre si para ver quem destruiu mais.”

  2. Bashir Mussa Gazi
    Bashir Mussa Gazi

    Fiuza. Sempre certeiro. Entretanto, as mazelas dis parasitas são infinitas…….lendo seu manual do covarde começo a acreditar que nossa briga é das grandes e longa……

  3. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    Ótimo texto, nós precisamos ser otimismas.

  4. Oswaldo Silva
    Oswaldo Silva

    Perfeita sua analise nobre jornalista Fiúza!

  5. Ibrahim Cotait neto
    Ibrahim Cotait neto

    Fiuza fala “o que, quem e quando”.
    Colunistas corajosos!
    Parabéns

  6. Neilson Leal
    Neilson Leal

    Bela análise Fiúza, vamos torcer para que as reformas sejam aprovadas o mais rápido possível.

  7. Márcia Pinheiro
    Márcia Pinheiro

    Uma alegria e privilégio poder lhe acompanhar nesse momento da nossa história!!

  8. Érico Borowsky
    Érico Borowsky

    Bom e certeiro, Fiuza.
    Como sempre !

  9. Gustavo H R Costa
    Gustavo H R Costa

    Obrigado pelo otimismo Fiuza. Estaremos aqui na luta do dia a dia fazendo nossa parte e rezando pra você estar certo.

  10. Alexandre Chamma
    Alexandre Chamma

    Perfeito Fiuza. Se esses parasitas perceberem que estamos no mesmo barco e que afundando todos afundarão acredito que as reformas necessárias passarão. Todavia, ainda temos parasitas no Congresso formados por PT, PSol, PCdoB etc, que ainda vivem na idade da pedra lascada e apostam no quanto pior melhor, para eles! No judiciário temos a mais alta corte perdida, formada por elementos políticos e fracos na ciência do direito fazendo de tudo para o país não sair da UTI, pois só assim eles conseguem viver dentro de suas capas e protegidos. É a luta do bem contra o mal, é a luta daqueles que amam seu país daqueles que vivem do país. A luta é e será árdua, mas.. verás que um filho teu não foge à luta!

  11. Persio Nicanor Basso
    Persio Nicanor Basso

    Fiuza,
    Excelente analise. Vamos sonhar com um pais melhor, os votos estão chegando veremos o que o povo brasileiro deseja?

    1. Antonio Ruotolo
      Antonio Ruotolo

      Desta vez o Fiuza está delirando. Virou um otimista sem fundamento.

      1. Ney Pereira De Almeida
        Ney Pereira De Almeida

        Vai, babaca. Vai assistir o debate do Freixo x Anitta ou o Barroso x Felipe Neto, ou se, preferir, os videos dos discursos da Dilma ou do Lula Bêbado e todo mijado. Essas coisas criativas que vcs . comunistas adoram curtir. Ou, vá passar o fim de semana na Venezuela. Que tal ?

      2. Ney Pereira De Almeida
        Ney Pereira De Almeida

        Vai Ru o tolo ou Ru, o babaca. Vai assistir o debate do Freixo x Anitta ou o Barroso x Felipe Neto, ou se, preferir, os videos dos discursos da Dilma ou do Lula Bêbado e todo mijado. Essas coisas criativas que vcs . comunistas adoram curtir. Ou, vá passar o fim de semana na Venezuela. Que tal ?

      3. Sebastiao Márcio Monteiro
        Sebastiao Márcio Monteiro

        Isto mesmo, Ney. Pista essa turma, nada de otimismo. O que vale é o bom e velho quanto pior, melhor.

      4. Sebastiao Márcio Monteiro
        Sebastiao Márcio Monteiro

        Pista não. Para…

    2. Jose Angelo Baracho Pires
      Jose Angelo Baracho Pires

      A sobrevivência política de Rodrigo Maia não passa por tentativas contrárias à constituição, comportando-se como o STF, seja fazendo o jogo monocrático que nos soa como um W O, ou fazendo resultados de 0 X 7 à sociedade, mesmo os números possíveis alcançarem apenas o placar de 2 x 2.
      Rodrigo Maia para não ter um final que decepcione César, tem o tempo que lhe resta na Câmara, para com boas intenções trabalhar com afinco nas reformas estruturais do ESTADO que tanto todos precisamos. O político que ouviu, e tbm não fechou os olhos para as manifestações de 2.013, que resultaram, em 5 anos, no fim do CONLUIO entre os 3 poderes, entendem perfeitamente que o POVO tido como incapaz, deu as costas para a subversão da ORDEM das coisas, e já antevê e acredita que casa arrumada é abertura para o PROGRESSO. Honremos a nossa BANDEIRA.
      O POVO que elege Maia, certamente é CRISTÃO e conservador, e por isto reconhecedor dos valores que realmente interessam à sociedade.
      Em frente Maia. Enfrente este desafio e afaste-se daqueles subversivos que comprovadamente trancam as nossas PAUTAS.
      Unidos, mesmo com essa carta Frankenstein e comunista, recuperamos com TRABALHO este passivo. O nosso maior desafio na verdade, é eliminarmos da sociedade os falsos valores é práticas deixadas pelas lideranças políticas. Ajude-nos Maia, a estirpar do LEGISLATIVO os representantes, ainda q eleitos pela sociedade, devoradores de recursos e impostos, aqueles que votam contra o marco regulatório do saneamento, que conspiram contra a NAÇÃO.

      1. Maria Helena Primon
        Maria Helena Primon

        Oi,Fiuza.Adoramos sua análises.Mas não me conformo com certas atitudes do presidente: a nomeação de Aras,por exemplo. Será que B. não tinha mesmo um nome melhor?E se,junto com o projeto modernizador, vier a volta da impunidade?O “velho e bom combate à corrupção “?Grande abraço

    3. Rogerio Rebouças
      Rogerio Rebouças

      Fiuza,
      Bela análise. O governo precisa governar e negociar. Não tem jeito. O presidente JB não tem maioria. Paulo Guedes faz um excelente movimento e o Brasil vai crescer. Não dá para brigar com todos o tempo todo.
      Somos governo e não oposição.
      Abraços

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