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Edição 31

O capitalismo sob ataque

O perigo das ideias e utopias que pretendem reinventar o mundo em plena pandemia

Selma Santa Cruz

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Alguém perguntou a Manuela D’Ávila, candidata comunista à prefeitura de Porto Alegre, que tipo de comunismo ela defende, o de Cuba ou o da China. Como fazia quando participou da chapa do Partido dos Trabalhadores na última eleição presidencial, ela preferiu devanear na resposta: “Nenhum dos dois, o modelo é aquele que a gente vai construir no Brasil”. Mais de 30 anos após o desmoronamento fragoroso dos regimes comunistas, a proposta de substituir o sistema sob o qual vivem bilhões de pessoas por um modelo que jamais deu certo em parte alguma pode parecer apenas um desatino, típico de nosso atraso político. Mas ele reflete o caráter utópico por trás do crescente e perigoso movimento contra o capitalismo, que vinha ganhando força desde a crise financeira de 2008 e a covid-19 impulsionou.

Diante do desastre causado pelo lockdown prolongado — desaparecimento de meio bilhão de empregos, perspectiva de encolhimento de 5% do PIB global e perda de US$ 11 trilhões de produção no ano que vem, com as consequências humanas e sociais que isso implica —, governos e organismos internacionais têm se empenhado em tentar religar os motores da economia. Busca-se ainda, como assinalou dias atrás a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, ir além das medidas emergenciais para implementar reformas que permitam não apenas resgatar os inéditos níveis de prosperidade anteriores à pandemia, mas corrigir disfunções do modelo para adequá-lo às demandas do século 21.

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