“A América Latina perdeu o bonde da política industrial e da inovação.” A culpa é do “neoliberalismo puro e duro” e de um modelo econômico, leia-se capitalismo, que concentra a riqueza em poucas mãos e só apresenta inovação tecnológica.
Essas palavras foram ditas por Alicia Bárcena recentemente numa entrevista, na qual conclui que o modelo econômico se “esgotou”. Bárcena é secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), uma agência da ONU.
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A análise é lamentável, e a ideia de reavivar a política industrial, péssima, mas faz parte de uma corrente intelectual cada vez maior a favor do Estado empresarial, que, sem dúvida, tem apoio de empresários que buscam amparo estatal. Os movimentos nessa direção ficam ainda mais explícitos neste momento da pandemia de covid-19. A ideia é péssima porque a política industrial fracassou mundo afora e de maneira dramática na América Latina no século passado, quando a Cepal a promovia, e seus conselhos eram levados a sério.
Já nos anos 1950 ficou evidente a desconfiança da Cepal no comércio livre e no mercado.
A agência começou a dar apoio intelectual às políticas protecionistas e de industrialização que a região implementou de modo entusiasmado por décadas. Se as indústrias nacionais não eram protegidas, a dependência da América Latina de matérias-primas simplesmente não permitia que a região se desenvolvesse diante da competência dos países industrializados. Dizia-se que os preços das exportações dos países pobres cairiam à medida que os dos países ricos subissem.
A realidade refutou essa teoria. Enquanto um grupo de países asiáticos como Taiwan e Coreia do Sul se abriu para o mundo e voltou a enriquecer, a América Latina se viu tomada por crises econômicas recorrentes até o fim da década perdida de 1980.
Hoje, a Cepal e outros dizem não acreditar no protecionismo. Além disso, os defensores do Estado empresarial afirmam que o sucesso dos países asiáticos se deve exatamente à política industrial. No entanto, em seu recente livro sobre o tema, Free Trade and Prosperity (Livre Mercado e Prosperidade), o economista indo-americano Arvind Panagariya chega à mesma conclusão de diversos estudos: a evidência sistemática demonstra que a competência de mercado, e não a política industrial, foi a chave do crescimento naqueles países. Ademais, a política industrial impôs custos desnecessários.
A secretária-executiva da Cepal culpa o modelo econômico por gerar desigualdade e insatisfação e aponta os países nórdicos como exemplo de sucesso. Mas tais países são bem-sucedidos exatamente porque são infinitamente mais capitalistas que a América Latina. No índice de liberdade econômica do Fraser Institute, nossa região estaria na posição 91 se fosse considerada um país, ao passo que a Escandinávia ocupa a posição 25.
Bárcena elogia os governos da Argentina e do México e acredita que a política industrial nesses países é promissora. Os dois ocupam as posições 146 e 76, respectivamente, no índice de liberdade econômica. Eles de fato seriam exemplos de que o modelo capitalista se esgotou?
A Cepal parece ignorar o fato de que só pode haver mais inovação nas economias mais abertas.
Finge ignorar ainda que a inovação na América Latina é prejudicada pelas grandes barreiras impostas pelo Estado no que diz respeito a regulamentação excessiva, impostos, corrupção administrativa, entre outras. Em vez de o Estado outorgar favoritismos, seria muito melhor que removesse barreiras.
Na América Latina, o Estado não cumpre bem suas funções básicas como garantir a segurança ou a infraestrutura. Como se espera que a inovação tecnológica seja promovida? A política industrial nem sequer funciona bem nos países nórdicos. Um novo estudo do centro de pesquisa sueco Ratio revelou que a política industrial no país distorceu o mercado, criando empresários em busca de subsídios, sem melhorar a atividade industrial.
A experiência mundial nos aconselha a não levar a Cepal a sério.
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Ian Vásquez é diretor do Centro para Liberdade e Prosperidade Global do Cato Institute, colunista do jornal El Comercio (Peru), coautor de The Human Freedom Index e editor do livro Global Fortune — The Stumble and Rise of World Capitalism.
Nada! Absolutamente nada que venha da ONU pode ser levado a sério.
Isso e’ um problema cerebral da Alicia.
Em 1994, em artigo, a Fortune já sinalizava que desde 1991 o setor industrial tinha sido ultrapassado: “information age capital spending by US companies exceed for the first time industrial age spending”, in Stewart, Thomas, “The Information Age in Charts.” Fortune, April 4 1994.
De lá para cá, com o amadurecimento da economia globalizada (na época a globalização ainda se encontrava em estágio emergente) a distância entre esses segmentos da economia só aumentou.
Parabéns! Leitura imperdível.
Quem ainda leva a sério a ONU e seus ramos
a sério?
E complementando, se não existisse esses órgãos enganadores, tais como , ONU, OEA, OTAN, OMS, ONGs,CEPAL, DIREITOS HUMANOS, TRANSPARENCIA INTERNACIONA, etc, essas porcarias sediadas na Suiça, Bélgica, cabides de emprego de burocratas vagabundos, o mundo se acertaria com contatos bilaterais ou coletivos, se necessários.
Artigo sério e comprometido com a verdade e com a realidade !!
Estes órgãos são a vanguarda do atraso. São mecanismo do sistema socialista e comunista. São lixos . Toca fogo neles todos!
A tal Barcena, ao elogiar a política adotada pela Argentina e México deve viver em outro planeta. A ONU, infelizmente, é dominada por esquerdistas.
Excelente texto. A Cepal é uma piada.
Onde tem comunista tem ignorância e inexatidão. Vivem de espoliar o capitalismo enquanto lutam contra ele. São parasitas de merda. Não sei como os países livres e prósperos têm tanta tolerância que essas traças. Vivem do nosso dinheiro, mas marcando passo contra nós. Isso tem que acabar.
Bienvenido !
Muito bom artigo.
Organizações como ONU, OMS e outras deveriam ser repensadas e reestruturadas após a pandemia, e até mesmo descontinuadas algumas delas. Não desempenham o trabalho que deveriam, com objetivos e eficiência. Interessante que são sustentadas na sua maioria por nações democratas e capitalistas , mas dirigidas por pessoas da esquerda. Não pode dar certo.
Concordo com a sua colocação. A ONU, totalmente aparelhada pelas esquerdas, a muito perdeu a credibilidade.
A experiência mundial nos aconselha a não levar em consideração qualquer coisa que seja dita pela onu ou quaisquer de seus organismos…são uma corja esquerdista, e que pasmem, vive às custas das polpudas verbas que países capitalistas, como os USA, lhes entregam! E para essa cambada fazer o que? Viver a dizer asneiras como essa tal Alícia(da) Barcena citada na matéria! Segundo ela: O modelo econômico da AL se esgotou, e bom mesmo é a Argentina e o México (governados por esquerdistas, claro…). Por aí já se percebe como essa estúpida entende do que está falando! Eheheheh!
Tá falado!
?
Não deveria ser levada a sério, mesmo! Acho que até a ONU, nas atuais circunstâncias, não deveria ser levada a sério. Está totalmente desvirtuada da ideia que a criou.
Concordo. Adiantou o que iria dizer. Porém só acrescento algo de fundamental aí: Instituição aparelhada por comunistas, acaba dando nisso daí. Talquei?
Melhor colocação do texto e que deveria ser o mantra dos políticos: “Em vez de o Estado outorgar favoritismos, seria muito melhor que removesse barreiras.”