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Edição 61

Circo Parlamentar de Inquérito

Oeste apresenta o cotidiano da arena de bobagens montada em Brasília para manter a pandemia na crista do embate eleitoral de 2022

Silvio Navarro

Afonso Marangoni

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Faltavam poucos minutos para as 9 horas da última quarta-feira, 19, quando o apresentador da TV Senado anunciou a exibição das primeiras imagens ao vivo da esperada sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid destinada a ouvir o ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello. Comandante do “ministério-vidraça” de Jair Bolsonaro no período mais agudo da crise sanitária, ele chegou ao Congresso naquele que boa parte da mídia mainstream já classificava desde a véspera como “o dia D da CPI”, “o mais tenso para o governo”, entre outras terríveis previsões dos seus comentaristas — alguns questionavam se o xerife da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), iria mesmo mandar prendê-lo se não estivesse protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dias antes, Renan havia sacado o distintivo contra o ex-assessor do governo Fábio Wajngarten, ato que levou a massa antibolsonarista ao êxtase e rendeu manchetes e capas de revistas dias a fio. No plenário da CPI, equipado com chapas acrílicas de proteção nas bancadas e tubos de álcool em gel, Renan ajeitou a placa que deveria levar sua identificação, trocada propositadamente com o placar das mortes da covid — na quarta, o alagoano era o senador 439.379. O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou a abertura dos trabalhos. Respeitável público, vai começar o espetáculo!

9 horas
Pazuello surpreende e fala (muito)
A grande questão que agitou a bolsa de apostas dos parlamentares e dos analistas da CPI foi dirimida logo na primeira fala do militar, que escolheu para o dia uma gravata com listras verdes e amarelas em lugar da farda. O ex-ministro não só respondeu a todos os questionamentos, como suas respostas irritaram desde o primeiro minuto a Renan, para quem ele foi prolixo e escapista. Mais: Pazuello lançou mão de um discurso de apresentação de 40 minutos, no qual narrou sua trajetória desde o colégio militar na infância à Academia das Agulhas Negras, com menções saudosas aos pais — uma gaúcha da fronteira de Bagé e um paraibano judeu.

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