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Edição 63

Não é sobre mulheres

A tentativa de desqualificar uma médica que dedicou sua vida a salvar vidas foi o ponto mais abjeto desse espetáculo medonho

Rodrigo Constantino

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O presidente Bolsonaro desqualificou de forma absurdamente rude uma médica que era contra a cloroquina. Ele perguntou a ela detalhes como a família do vírus, o tipo de exame para detectar a imunidade celular, e mesmo quando ela tentava responder, com calma e serenidade, o presidente a ignorava, fingia que não tinha ouvido nada e atropelava sua resposta, num típico “manterrupting”. “Você não sabe nada!”, berrou um presidente visivelmente descontrolado, para o espanto de quem acompanhava a troca. Claro que a grosseria foi tema da mídia por uma semana, com todos os jornalistas revoltados com o machismo do presidente.

O leitor está tentando puxar da memória quando foi que isso aconteceu, certo? Entendo. É que não aconteceu. Sim, Bolsonaro já deu respostas atravessadas a vários jornalistas, sem distinção entre homens e mulheres. Mas esse caso acima é hipotético. Na verdade, ele aconteceu, mas com outros personagens. Foi o senador Otto Alencar, um ortopedista que virou político há décadas, com a doutora Nise Yamaguchi, na CPI circense da Covid.

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