Numa entrevista para a Folha de S.Paulo em 2016, o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, afirmou que o problema do país é a “desigualdade”. Sua fortuna pessoal é estimada, segundo a revista Forbes, em um número com tantos dígitos que facilmente perdemos o senso de proporção. O tema é sempre requentado a cada divulgação dos relatórios da Oxfam, a famosa ONG que pauta como nenhuma outra a imprensa mundial todo ano mirando no livre mercado como um mal pior que o coronavírus.
Li Sonho Grande, o livro de Cristiane Correa sobre Lemann e seus sócios que, de maneira surpreendente e admirável, conquistaram o mundo. É uma história fascinante. Fica claro que Lemann acumulou seu patrimônio em razão de uma inteligência acima da média, trabalho duro e capacidade empreendedora sem limites. Para alguém que se preocupa com a desigualdade, poucos brasileiros são iguais ou menos comuns do que ele.
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Se Lemann pode ser considerado um ícone da desigualdade, não há nenhum problema nisso; ele certamente fez por merecer seu sucesso. Ao combater a lógica do sistema que possibilitou sua ascensão e o estonteante acúmulo de patrimônio, não sem a companhia de outros bilionários do planeta, ele pode estar perdendo de vista que o verdadeiro problema é a falta de mobilidade social promovida pelo sistema que muitos dos mais ricos do mundo agora olham com desconfiança.
É claro que Lemann teve um início de vida diferenciado da média dos brasileiros, com suas partidas de tênis no Country Club de Ipanema e sua formação na Harvard. Mas essa é a história de todos os bilionários da lista da Forbes? Uma olhada na lista mostrará que não.
Um ocupante regular do primeiro lugar da lista, Bill Gates, é um empreendedor que largou a Harvard para mergulhar no próprio negócio ainda adolescente.
Gates foi criado num lar de classe média e é claro que seus bilhões vêm de uma rara combinação de gênio e de sua obstinação pelo trabalho, assim como Steve Jobs, além de estar no lugar certo e no momento certo da ascensão dos computadores nos Estados Unidos da era Reagan.
Outro ocupante regular das primeiras posições na lista da Forbes é o espanhol Amancio Ortega, dono da Zara, um filho de ferroviário. Ortega começou a vida profissional aos 14 anos, quando largou a escola e foi trabalhar como costureiro numa pequena loja. É ainda mais rico que Lemann. Os exemplos continuam com Warren Buffett, Carlos Slim, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Larry Ellison, Michael Bloomberg e os irmãos Koch.
Algum sultão, rei ou herdeiro de um conglomerado entre os maiores bilionários do mundo? Nenhum.
E aí está um dos mais poderosos argumentos do livre mercado. A lista dos mais ricos da Forbes começou em 1987, e recomendo que você dê uma olhada nela antes de formar uma opinião definitiva sobre o assunto. Você verá que os ricos de trinta anos atrás, bem como seus herdeiros, praticamente não são encontrados na lista atual. A riqueza, no livre mercado, é móvel. Há ricos e pobres em todos os países, o que é raro é a mobilidade social.
Colocar a burocracia estatal para escolher quem pode ou não pode ter recursos e oportunidades já foi tentado e nunca deu certo nem dará. Simplesmente não funciona, e a arbitrariedade, quando substituta do mérito e da liberdade, acaba por empobrecer quem finge querer ajudar. A história, a boa ciência econômica e a realidade não deixam dúvidas.
O que faz o crescimento econômico e o desenvolvimento é a livre alocação de recursos por seus proprietários, que apostam o próprio patrimônio no mercado na tentativa de multiplicar o investimento. Seu sucesso depende da aceitação do consumidor, que livremente premiará seu talento, trabalho duro e criatividade com dinheiro, numa troca em que ambos saem ganhando.
Quando governos saem da economia, o espírito empreendedor da população floresce e os caminhos para a mobilidade social se abrem.
Nas nações em que uma aristocracia formada de uma elite culpada, intelectuais, ativistas e tecnocratas que resolvem decidir em nome do povo onde os recursos do país devem ser alocados, o resultado é miséria, corrupção e, claro, mais “desigualdade” entre a elite e a população. A mesma desigualdade que os bilionários progressistas de hoje dizem querer combater.
Os líderes da sociedade devem ser reconhecidos e aplaudidos pelo que conquistaram e pelo que sabem fazer, não necessariamente por suas ideias políticas, sua cultura e seu código moral e ético, não raro totalmente distintos do resto da população. Especialmente quando sua principal proposta é filantropia com o dinheiro alheio, usando a burocracia estatal como meio.
A solidariedade humana reside na moral, e não na economia. O homem mais rico da lista da Forbes é também o fundador da Bill & Melinda Gates Foundation, a maior e mais importante ONG do mundo. Seu maior doador é, além do próprio Bill Gates, Warren Buffett. Quantos políticos podem exibir um currículo como esse?
Não é necessário questionar os motivos que fazem com que muitos bilionários progressistas não dividam hoje mesmo seu patrimônio para “combater a desigualdade”, e é direito deles decidir o que querem fazer com o fruto de seu esforço, talento e sucesso. O que não fica bem é acharem que o problema do mundo se resolve dividindo o dinheiro dos outros.
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Alexandre Borges é podcaster e analista político. Seu canal no YouTube Imprensa Livre teve mais de 2 milhões de views no segundo turno da eleição de 2018. É também analista político e colunista da revista Veja, do jornal Gazeta do Povo e autor contratado da Editora Record. Na Rádio Jovem Pan, foi apresentador do programa 3 em 1, líder de audiência no segmento.
“O que não fica bem” é se acharem acima dos demais mortais e quererem ditar que o remédio (Globalismo, Nova Ordem Mundial e/ou quetais) para a desigualdade é diferente da fórmula que os possibilitou chegar onde chegaram.
Isto, o globalismo, corresponde a matar o sonho dos indivíduos.
Uma coisa é o dinheiro e a riqueza que ele traz.É bom para todos poque ninguém enterra dinheiro.Outra coisa são as ONGs que esses bilionários inventam sempre com objetivos escamoteados.E servem para tudo, até para criar e promover débeis mentais robotizados como Gretta-ambientalistas- ou Felipe Neto,político infanto juvenil-fascista.Vem em ondas e concordo com leitor Márcio André.Isso tem nome: globalismo ou Nova Ordem Mundial.O texto é bom mais engana.
Excelente artigo Ufa!!!
Uma coisa curiosa com a riqueza é que nem todo mundo quer ser rico. Ser rico dá muito trabalho. Mas a riqueza pura e simples é um benefício indispensável para a humanidade. Além do mais, o Criador do Universo não ficou pobre pelo que ele nos deu. O problema está no homem, que politiza demais pobreza e riqueza. Nos dias de hoje, especialmente, os novos ricos querem ir além do alcance que é salutar a todos nós. Inventam ONGs e o diabo a quatro para aumentar sua influência no mundo, mas não é isso que nos interessa. O que adiantaram esses milhões de ONGs mundo afora nesta pandemia? O vírus chegou e zombou da cara de todo mundo. Inevitavelmente, deveremos passar em breve por uma experiência nefasta em que iremos precisar muito deles, os ricos, mas que seja algo sem frescura e palavras vãs. De falsas narrativas estamos fartos.
“Nos dias de hoje, especialmente, os novos ricos querem ir além do alcance que é salutar a todos nós. Inventam ONGs e o diabo a quatro para aumentar sua influência no mundo, mas não é isso que nos interessa.”
Isso tem nome: globalismo ou Nova Ordem Mundial.
Ao fazer o login depois de ter iniciado uma leitura, tenho de achar aquele texto novamente no site. Penso que em casos assim deveria o sistema me trazer ao ponto que estava. Obgd!
Concordo com o que Renato reclama acima. Além desse inconveniente, a cada momento após ter fechado a janela da revista, se entrar novamente tenho que fazer login sem ter reiniciado o celular ou notebook ou apagado o histórico ou os registros do site.
Minha primeira sugestão foi acatada: retirada da janela da assinatura que a toda nova página aparecia na tela mesmo para os assinantes.
Espero que as novas sugestões também sejam aceitas.
Gostaria que fosse assim também. Após clicar em login, retornar à mesma página.
Existe na esquerda, não importa se rico ou pobre. O pobre vive do dinheiro dos outros e acham que é um dever do Estado tirar do cidadão que trabalha e dar ao bocó que vive de ideologia. O rico de esquerda acumula riqueza, vive na riqueza, critica a desigualdade, mas adora distribuir o dinheiro do outro que trabalha duro, recusando e fazendo lobby para impedir imposto sobre grandes fortunas e sobre transmissão de bens inter vivos. Ou seja, no deles ninguém mexe, mas no nosso, pode.
Artigo preciso. Desnuda a falsa moral que deita e rola na aldeia global.
Não esqueçamos que Bill Gates é globalista.
Essa fundação precisa ser estudada mais de perto. O cara previu a pandemia ao mesmo tempo que investe em vacinas e fala em aplicação global.
Este é um fato muito importante! Bill Gates e sua ONG, como centenas de outras de bilionários como os Rothschilds, os Rockefeller, os Ford e tantos outros defendem o Globalismo Político, uma forma de governo mundial baseado na extinção de todas as Soberanias Nacionais, das liberdades individuais e da política diferenciada da deles. Da mesma forma pretendem controlar os Sistemas de Produção, pondo um fim nos Sistemas Liberais e Independentes e até mesmo da livre expressão do pensamento individual escamoteado por um falso humanismo pacifista. Tudo baseado nas ideias alucinadas de H. G. Welles e Bernard Shaw, do final do Sec. 19. O grande ponto que torna tudo SOMBRIO e, evidentemente, muito suspeito é que eles nunca aparecem nem aparecerão. Pretendem exercer o controle absoluto através da ONU (entidade que já controlam) e dos Partidos Comunistas Chinês, Russo e Americano (disfarçado em Democratas). A Unidade Europeia está sendo o Plano Piloto. Já dá para ver o desmantelamento das Nações da Europa Ocidental. A coisa, contudo, não vai ser tão fácil como eles pensam. O BREXIT, saida do Reino Unido do Bloco Europeu e a inesperada ascensão dos Republicanos na Casa Branca com a tenaz resistência de Donald Trump, marcadas pelo desmascaramento da China no episódio dos Roubos de Patentes e da Pandemia do coronavírus e da própria ONU/OMC nos dão mostra de que haverá muita resistência a essa tentativa de transformar o mundo numa grande Federação (de participação obrigatória, para todos, na marra) sob o comando único e hegemônico de uma só ideologia, a deles. O Brasil é um bom exemplo desse projeto sórdido que atenta contra a diversidade cultural da sociedade humana e da liberdade dos indivíduos e suas raizes nacionais.
O objetivo do texto foi elogiar Bill Gates e sua fundação globalista. Percorreu vários parágrafos, nos tapeando, para chegar a este “grand finale”.
Alexandre Borges está cumprindo muito bem seu papel de agente da Nova Ordem Mundial.
Urge que ele seja retirado do time da Revista Oeste.
Perfeito, o ápice do artigo é a frase final “O que não fica bem é acharem que o problema do mundo se resolve dividindo o dinheiro dos outros”.
Excelente artigo, Borges. Sempre vemos exemplos de pessoas famosas e ricas, mas se olharmos ao nosso redor podemos ver no dia-a-dia pessoas que cometem o mesmo tipo de hipocrisia. Pessoas que gritam aos 4 ventos que o Estado deve suportar os mais pobres mas nunca ajudaram um necessitado nas ruas. Pessoas que clamam pelo fim aos supostos danos ao meio ambiente mas são incapazes de sequer separar o lixo reciclavel em casa. Vivemos num mundo onde todos reclamam que ninguem fez algo que qualquer um poderia ter feito. Fazer bondade com o dinheiro dos outros é facil demais! Parabéns!