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O empresário André Esteves | Foto: Divulgação
Edição 94

André Esteves e sua escola de líderes

Graças a doações de empresas e sócios graúdos do BTG, 40% das 250 vagas são para bolsistas que passarem no processo seletivo

Bruno Meyer
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Escola de líderes

Há um ano, o dono do BTG Pactual, André Esteves, se cercou de um time estelar de economistas: Mansueto Almeida (ex-secretário do Tesouro dos governos Temer e Bolsonaro) e Tiago Berriel (ex-diretor do Banco Central), além do CEO Roberto Sallouti, economista que está no banco desde 1994. O foco atual do dono do BTG Pactual, André Esteves — e motivo de orgulho, demonstrado nas rodas das quais participa —, é a abertura dos portões, em fevereiro, de sua faculdade Inteli, Instituto de Tecnologia e Liderança. Esteves colocou R$ 200 milhões do próprio bolso no projeto. A ideia é ambiciosa: formar novos líderes e profissionais para uma lacuna cada vez maior no mercado de trabalho: falta gente qualificada para áreas ligadas a tecnologia (estima-se que o setor, especialmente de tecnologia da informação, terá 400 mil postos de trabalho abertos até 2024 no país). 

André Esteves, CEO do Banco BTG Pactual | Foto: Luiz Prado/Wikimedia Commons

Nas aulas, ministradas em dois prédios da Universidade de São Paulo, há desde computação focada em inteligência artificial, ciência de dados e segurança cibernética até negócios, marketing digital, finanças e inteligência de mercado. Graças a uma série de doações de empresas e de famílias brasileiras endinheiradas — algumas delas de graúdos sócios do BTG —, 40% das 250 vagas são para bolsistas que passarem no processo seletivo e comprovarem necessidade financeira. Por ora, há quatro cursos: Engenharia da Computação, Engenharia de Software, Ciências da Computação e Sistemas de Informação, mas há planos de expansão. Quem participou da seleção foi unânime: a prova de matemática foi a mais exigente do processo. 

Quem quer ser um milionário?

Desde 2018, a HarperCollins foi a editora mais beneficiada num segmento literário que dominou a lista dos mais vendidos de lá para cá no Brasil: livros que ensinam as pessoas a tirar o dinheiro da poupança e investir tanto em renda fixa quanto — e especialmente — em ações na Bolsa de Valores. A estrela maior do grupo editorial é o influenciador paulistano Thiago Nigro, com Do Mil ao Milhão — Sem Cortar o Cafezinho. Em dezembro, o título bateu a marca de 1 milhão de exemplares vendidos. Na próxima semana, a editora aposta as fichas no lançamento do livro de outro influenciador, chamado Lucas Pit Money, sobre a estratégia de investimentos dos maiores bilionários do mundo. 

Dividendos …

Frank Geyer Abubakir, o empresário que preside o conselho da poderosa petroquímica Unipar, com sede em São Paulo, fez a alegria dos 30 mil investidores das ações da empresa na B3: distribuiu R$ 1,45 bilhão como dividendos em 2021, sendo um terço pago em 30 de dezembro. Ele diz que não sabe se neste ano terá a mesma proporção, mas o volume de dinheiro em caixa fez o conselho aprovar a bonança. “Tivemos um ano espetacular”, disse. Abubakir, a propósito, embarcou para a Europa na última terça-feira (4), para uma temporada de seis meses com a família. Jura que não vai se desgrudar dos negócios no Brasil um segundo sequer, através do celular e do laptop. 

…e trabalho remoto

Abubakir é o maior defensor do trabalho remoto: em sua visão, uma lição da pandemia é que o modelo remoto é eficiente, inclusive para reuniões com decisões importantes. A fala dele está em linha com uma pesquisa que acaba de sair do site de carreiras americano Ladders Inc: cerca de 20 milhões de executivos com salários de seis dígitos não voltarão aos escritórios. São mais de 25% dos profissionais da América do Norte, especialmente nos Estados Unidos, que vão trabalhar remotamente até o fim do ano, ante 18% em 2021.

Aportes em médias empresas

Gestoras de private equity (com fundos que compram fatias de empresas) projetam um bom 2022 e um extenso leque de aportes em variados setores no país. Oeste apurou que cerca de uma dezena de gestoras tem interesse em vários negócios no Brasil, especialmente em companhias de médio porte, em setores como tecnologia, saúde, educação, alimentos e bens de consumo. “Estamos muito otimistas com as oportunidades de investimento em empresas que performaram, bem independente da economia, e tenham muito potencial para ganho de participação de mercado em cima de concorrentes fragilizados”, diz Alexandre Campos, sócio e responsável pela área de private equity da Neo Investimentos. Levantamento da consultoria Dealogic revelou que os fundos de private equity aportaram mais de US$ 10 bilhões em 25 operações no Brasil em 2021.

José Victor Oliva | Foto: Divulgação

“O Rio não suporta mais um ano sem Carnaval”

Dono do camarote mais concorrido da Marquês de Sapucaí, o empresário José Victor Oliva celebrou em parte a decisão do prefeito carioca Eduardo Paes nesta semana, ao cancelar o Carnaval de rua e manter a Sapucaí. Oliva conversou com Oeste

O que o senhor achou da decisão do prefeito Eduardo Paes?
Sou mais ou menos isento. Tenho interesse na Sapucaí, porque a maioria dos ingressos já foi vendida, o aluguel do meu camarote já foi pago, a estrutura está montada há bastante tempo. A decisão de manter a Sapucaí é acertada. O Rio de Janeiro não suporta mais um ano sem Carnaval. E falo pensando nos milhares de empregos gerados nesse período, um verdadeiro exército de pessoas que faz o espetáculo acontecer. Quem vai à Cidade do Samba vê cenógrafos, coreógrafos, figurinistas, carnavalescos com uma equipe gigantesca. Só o meu camarote emprega 300 profissionais diretamente, entre garçons, seguranças, etc. Eu vejo muita gente dizendo: “Ah, não devia ter o Carnaval”. Ora, os hotéis do Rio precisam receber turistas do mundo todo, as companhias aéreas também. É muito simplista falar apenas que não deveria ter o Carnaval. Só quem trabalha no meu setor sabe quanto sofre. Meu grupo Holding Clube faturou R$ 250 milhões em 2019. Em 2021, caiu para R$ 70 milhões. 

O Carnaval de rua deveria acontecer, afinal?
Deveria ter também, assim como tem as partidas de futebol. Do jeito que a vida está hoje, não imagino que um Carnaval vai fazer diferença. Vá a shoppings, praias, ônibus: está lotado de gente. E tem agora uma diferença enorme: quando a gente falava de covid, um ano atrás, alguns camaradas tinham quase uma sentença de morte. Hoje me parece que a nova cepa é mais suave, e que as pessoas passam de uma maneira tranquila. Torço para isso passar e o ano começar de verdade.

Como manter a segurança sanitária em um camarote com 2 mil pessoas?
Vamos exigir o comprovante de vacinação e o teste, como o prefeito pediu. Na minha opinião, todo mundo tem de se vacinar — adulto, criança, comorbidade, embora eu respeite quem não quer. Na minha família todos se vacinaram, eu já tenho três doses. Quem não quer, por alguma razão, respeito, mas essa pessoa tem de tomar cuidados superiores e se manter em situações diferentes. No camarote, isso fica fácil, porque as pessoas vão se credenciar antes de chegar lá. Há tempo de mostrar exame, por exemplo. Pode ser ainda que façamos contrato com um laboratório, para o folião fazer exame no credenciamento e facilitar a vida das pessoas. Fizemos a minha festa de réveillon em Itacaré e deu certo. 

Há 30 anos o senhor comanda o camarote mais disputado do Carnaval carioca. O que mudou?
O Carnaval melhorou muito, na parte de som, luz, as TVs, o próprio samba, a tecnologia foi para as escolas de samba. O espetáculo da Sapucaí ganhou. Faz quatro anos que dez profissionais dos parques da Disney, na Flórida, ficaram comigo para conhecer a festa. Eles são chamados de engenheiros da imaginação, cuidam das roupas, histórias, de tudo o que envolve universos como o do Rei Leão. Eles foram na Sapucaí e perguntaram: “Quantas vezes eles ensaiam para sair assim perfeito?” Respondi: “Com o figurino do desfile? Nenhum ensaio”. Eles ficaram impressionados, acharam realmente que é o maior espetáculo da Terra. A gente se acostuma com a grandeza do Maracanã ou da Catedral de Nossa Senhora de Aparecida. Mas quem vem de fora fica boquiaberto. Eles acham que o Brasil é muito menos. Eu sugiro fortemente que as pessoas conheçam o Brasil e vão à Sapucaí. Ninguém no mundo poderia deixar de ir pelo menos uma vez à Sapucaí.

Leia também “Qual é o seu maior desejo para 2022?”

4 comentários
  1. Sebastiao Márcio Monteiro
    Sebastiao Márcio Monteiro

    É claro que, para defender os próprios interesses, a pandemia já acabou e, cumprindo os protocolos, não tem qualquer problema! É muita hipocrisia!🤔

  2. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    A vacina experimental não imuniza nem impede a transmissão e o cara quer carnaval e passaporte vacinal!

  3. Marcelo DANTON Silva
    Marcelo DANTON Silva

    CANALHA ALOPRADO E HIPOCRITA!

  4. Ronaldo Marques
    Ronaldo Marques

    “ É muito simplista falar apenas que não deveria ter o Carnaval. Só quem trabalha no meu setor sabe quanto sofre. Meu grupo Holding Clube faturou R$ 250 milhões em 2019. Em 2021, caiu para R$ 70 milhões.”

    Quem anda de ônibus e de trem todo dia, sabe melhor do quem fatura no seu setor. E os serviços só pioraram, graças a “Prefeitos” como Dudu aloprado.

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