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Edição 96

O tabu sobre as vacinas

Na contramão de países desenvolvidos, o debate sobre o tema se tornou proibido no Brasil

Cristyan Costa

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Antes da pandemia de covid-19, ninguém chegava a um posto de saúde no Brasil para tomar vacina e perguntava a marca do imunizante, o país de fabricação, a tecnologia usada, o tempo que levou para ser desenvolvido, se os testes de fase 1, 2 e 3 foram cumpridos rigorosamente, se a refrigeração do produto estava adequada, se algum voluntário morreu pelo caminho. As pessoas simplesmente se vacinavam. Mas os tempos, hoje, são excepcionais. 

Nunca na história as vacinas passaram por todas as etapas exigidas pela ciência em tão pouco tempo. Entre janeiro de 2020, quando os cientistas publicaram a sequência do coronavírus, e dezembro do mesmo ano, quando as primeiras vacinas foram aplicadas no braço da população, passaram-se apenas 11 meses. Além disso, é a primeira vez que a tecnologia de RNA mensageiro, empregada na fabricação de vacinas (caso da Pfizer e da Moderna), é usada em larga escala no planeta. Até o momento, já foram ministrados cerca de 10 bilhões de injeções pelo mundo. Mesmo assim, acompanhamos mais uma onda de contaminações, agora em razão da variante Ômicron. Pessoas vacinadas estão se infectando. É natural a desconfiança de parte da população, sobretudo depois de laboratórios, como a Pfizer, não se responsabilizarem por possíveis efeitos colaterais. Não se trata de negar a ciência. Mas, sim, de questionar e conhecer, com transparência, os fatos. Sem maquiagem. Sem politicagem. Sem interesses financeiros.
Discussão no exterior
Como qualquer remédio, as vacinas de todos os tipos podem causar efeitos colaterais adversos — em casos raros, podem deixar sequelas permanentes ou até mesmo causar a morte. Nem por isso deixam de ser recomendadas, e ainda são a melhor forma de prevenir e reduzir doenças infecciosas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 3 milhões de mortes são evitadas anualmente pela vacinação. Mas, durante a pandemia, falar sobre as possíveis reações causadas pelos imunizantes se tornou tabu na imprensa e até mesmo na comunidade médica de vários países. 

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