Toda generalização é um perigo. Cada solidão é única. Algumas formas de solidão podem ser horríveis e transformar a vida de uma pessoa num inferno profundo de depressão. Mas achar que todo mundo que está só caminha para a morte é o mesmo tipo de avaliação superficial que justificou as barbáries da pandemia de Covid. E, por outro lado, a vida social muito intensa pode ser sintoma de outro tipo de inferno.
“Existe a solidão crônica”, escreveu a jornalista Meghan Keane para a revista Time – “e existe o isolamento. Uma é uma epidemia perigosa. A outra é uma habilidade que temos que desenvolver”.
Keane lembra que realizamos muita coisa sozinhos sem cair nessa classificação de doença crônica: “ler um livro, fazer um projeto, preparar uma refeição, dar uma volta. Esse tipo de tempo a sós é curativo e importante”.
Ela distingue as duas expressões em inglês: “loneliness” (solidão) e “solitude” (isolamento temporário e voluntário). O termo já está se espalhando entre os brasileiros. “Mesmo 15 minutos de solitude podem ajudar a equilibrar suas emoções”, diz a jornalista. “A solitude também fornece o espaço para que o pensamento criativo aconteça. Encontrar tempo para a solitude pode ajudar a ganhar um autoconhecimento mais profundo”.
Ir a um bar com amigos e rir entre uma cerveja e outra pode ser um excelente momento em seu dia. Mas a pessoa pode estar socializando disfarçando o pavor de ficar só. Na prática, não tem domínio sobre a própria vida. “Quando você arranja momentos deliciosos só para você”, conclui a autora Meghan Keane, “passa a ser o arquiteto único da sua experiência”.
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