A vacina brasileira Vivaxin, desenvolvida contra o tipo mais comum de malária nas Américas, já passou por testes pré-clínicos que demonstraram qualidade, eficácia e segurança e agora se encontra em fase de patente. Até janeiro, o pedido para começar testes em humanos será protocolado em agências reguladoras.
O imunizante combate o parasita Plasmodium vivax, contra o qual não há vacinas disponíveis atualmente. Além dele, as espécies mais comuns do parasita no Brasil são o Plasmodium falciparum e o malariae. A única vacina recomendada pela Organização Mundial da Saúde é voltada para o Plasmodium falciparum e destinada a crianças de alguns países da África.
+ Leia mais notícias de Saúde em Oeste
“Temos um produto inédito no mundo, inteiramente produzido no Brasil”, explica Irene Soares, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP). “Meu objetivo desde o começo da pesquisa, há mais de dez anos, foi desenvolver uma vacina. Agora, estamos na etapa final para autorização dos estudos clínicos”.
Ela coordena o projeto em parceria com Ricardo Gazzinelli, diretor do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas. As informações são da revista Fapesp, instituição da qual a vacina obteve apoio financeiro para sua produção.
O imunizante foi apresentado em setembro deste ano, durante o 2º Congresso de Inovação e Sustentabilidade do Parque Tecnológico de Belo Horizonte. Seu pedido de patente foi protocolado no fim de outubro. A patente abrange o processo de produção e formulação final. Resultados recentes, ainda não publicados, mostram alta eficácia e segurança.
A vacina combina três variantes genéticas para maximizar a eficácia contra as diferentes variações do parasita. Estudos anteriores em camundongos e coelhos demonstraram que a formulação induziu altos níveis de anticorpos e foi capaz de prevenir infecções em alguns casos e retardar a progressão da doença em outros.
Malária preocupa autoridades
A malária segue como uma doença endêmica na região amazônica e um problema de saúde pública global. Os sintomas incluem febre, calafrios, tremores, sudorese e dores de cabeça. Em casos graves, pode causar convulsões, hemorragias e alterações na consciência. O tratamento, fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, é realizado com medicamentos em regime ambulatorial.
Leia mais:
De janeiro a outubro de 2024, o Brasil registrou 117.946 casos de malária, dos quais 80% foram provocados pelo Plasmodium vivax. Entre as populações indígenas, o aumento dos casos preocupa: cerca de 45,1 mil ocorrências foram relatadas até setembro, o que representa um crescimento de 12%, em relação ao mesmo período de 2023.
A Organização Pan-Americana da Saúde pressiona os governos a intensificarem os esforços para controlar a doença, que infectou cerca de 480 mil pessoas nas Américas em 2023. Apesar da redução desde 2017, quando houve 934 mil registros, alguns países ainda enfrentam dificuldades para atingir a meta de redução de 75% até 2025.
Leia também: “A política de saúde do governo federal é uma farsa”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 201 da Revista Oeste