A Venezuela intensificou sua presença militar na fronteira com a Guiana, conforme reportou o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS). O relatório foi compartilhado com a CNN. As informações foram publicadas nesta terça-feira, 14.
O documento destaca que o ditador Nicolás Maduro e seus aliados aumentaram suas ameaças de anexar parte do território guianense, rico em petróleo.
“A constante afirmação de que ‘o Essequibo é nosso’, juntamente da criação de novos comandos militares e estruturas legais para supervisionar a defesa da região, institucionaliza um sentimento de perpétua posição pré-guerra”, afirmou o relatório da CSIS.
Apesar de um acordo diplomático, firmado em dezembro de 2023 entre os dois países, a Venezuela continua a expandir suas operações militares na base da Ilha Anacoco.
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Por meio de imagens de satélite, o CSIS identificou a construção de uma ponte sobre o Rio Cuyuni, que conecta os dois países. A Guiana considera a construção um passo em direção à anexação e uma ameaça “existencial”.
Clima de tensão se intensificou
A situação na região, que representa cerca de dois terços do território da Guiana, se agravou depois de um referendo venezuelano. Os eleitores da Venezuela supostamente aprovaram a criação de um Estado na área disputada.
A Guiana classificou o referendo como uma ameaça direta. Imagens de satélite feitas em março mostram a expansão do campo de aviação na Ilha Anacoco. Agora há uma pequena torre de controle e mais de 75 tendas de campanha, o suficiente para uma unidade do tamanho de um batalhão.
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Perto da costa, ao menos dois barcos carregados com mísseis Peykaap III (Zolfaghar), fabricados no Irã, foram vistos na pequena estação da guarda costeira da Venezuela em Punta Barima. O local fica a 64 quilômetros da fronteira com a Guiana.
Esses barcos colocam mísseis e forças navais venezuelanas ao alcance de Essequibo. Isso aumenta a capacidade militar da Venezuela na região.
A capacidade militar da Guiana e apoio dos aliados em relação a Essequibo
A Guiana, que possui vastas reservas de petróleo e está a caminho de se tornar o maior produtor de petróleo per capita do mundo, tem um Exército estimado em menos de 5 mil soldados. Esse número não é suficiente para enfrentar uma possível agressão venezuelana.
“Como a Guiana e seu Exército tem 5 mil pessoas, não parece que os venezuelanos desaceleram”, disse Ryan Berg, diretor do Programa das Américas do CSIS e principal autor do relatório, à CNN.
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A preocupação se estende aos aliados da Guiana. Na semana passada, dois caças F/A-18 da Marinha dos Estados Unidos sobrevoaram a capital Georgetown. Trata-se de uma demonstração de “cooperação de segurança de rotina e expansão da parceria bilateral de defesa com a Guiana”, conforme informou a embaixada dos EUA.
Além disso, especula-se que as eleições venezuelanas, marcadas para o fim de julho, têm motivado Maduro a aumentar a tensão com a Guiana para desviar a atenção dos problemas internos do país.
Possíveis consequências depois das eleições venezuelanas
O CSIS argumenta que, em vez de reduzir a agressão depois das eleições, Maduro pode intensificar tanto a retórica quanto as ações relacionadas a Essequibo.
“Pode não ser do interesse de Maduro iniciar um conflito total com a vizinha Guiana, mas sua crescente retórica liga sua reputação política e legitimidade à sua vontade de apoiar suas palavras com força”, avalia o CSIS. “Assim, uma das possibilidades mais preocupantes é que Maduro seja vítima da sua própria retórica. Ele despertou paixões nacionalistas sem fornecer uma válvula de escape.”