Geralmente, as pessoas relacionam os cavalos ao trabalho na fazenda, aos esportes equestres e ao turismo rural, mas a contribuição desses animais para os seres humanos vai além. Eles fazem parte do desenvolvimento de um soro anticovid no Brasil. Em São Paulo, o Instituto Butantan lidera uma das iniciativas no país e já recebeu a liberação para testes em seres humanos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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Outra pesquisa semelhante é realizada pelo Instituto Vital Brazil (IVB), no Rio de Janeiro, desenvolvida desde maio de 2020 e que ainda aguarda a aprovação da Anvisa para testes em humanos.
Na fazenda do instituto, os cavalos recebem tratamento especial para conseguir aguentar as retiradas semanais de sangue. A ração dos cavalos é balanceada em nutrientes e misturada a aditivos de ferro para evitar anemia. O melaço de cana — espécie de xarope doce produzido pela fervura da cana-de-açúcar — também é adicionado à comida para deixá-la mais saborosa. Já para diminuir o estresse dos animais, eles escutam música clássica no momento das refeições.
“O cavalo constitucionalista”, artigo publicado na Edição 69 da Revista Oeste
O tratamento especial também inclui áreas de pastagens que dão aos cavalos liberdade para correr, e, durante o verão, ventiladores nos estábulos soltam gotículas de água para refrescá-los.
Fabricação do soro
No IVB, o início da produção do soro começa na Universidade Federal do Rio de Janeiro, que fornece a partícula viral para ser injetada nos cavalos. Os animais recebem apenas uma parte do vírus, chamada de proteína spike (S) — usada pelo coronavírus para entrar nas células e entender seu funcionamento. O método é diferente do realizado pelo Butantan, que utiliza o vírus inteiro inativado.
Os cavalos que fazem parte da pesquisa não ficam doentes, mas reagem produzindo grande quantidade de anticorpos, que neutralizam o vírus. No IVB, eles recebem a injeção com parte do vírus uma vez por semana até desenvolverem anticorpos suficientes para a produção do soro.
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Quando isso acontece, é feita uma espécie de doação de sangue. Essa coleta vai para um sistema de separação, em que as hemácias são divididas do plasma, que é onde os anticorpos estão. Já o plasma é reposto naturalmente pelos cavalos com a ingestão de líquidos. Na fábrica do instituto, os anticorpos são separados do restante do plasma e misturados a outras substâncias para fabricar o soro.
O plasma retirado do sangue do animal entra na produção de soro para picada de cobras, aranhas e abelhas.
Avanço
Desde o início das pesquisas, foi verificado que os potros nascidos de três éguas que participam do experimento tinham imunizantes contra a covid-19. Além disso, o instituto revelou que o leite das éguas prenhas também continha anticorpos contra o coronavírus.
Com informações do G1
Espero que seja Erik Satie ou Mahler.