Diante de uma queda consistente de casos, internações e mortes por covid-19 no Brasil, mas em meio à preocupação sobre a possível disseminação da variante Delta do coronavírus, o futebol brasileiro se prepara para promover o reencontro entre os torcedores e seus times de coração. A volta da presença de público nos estádios depois de quase um ano e meio entrou definitivamente na pauta da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e das federações estaduais. A dúvida agora é de que forma isso acontecerá.
Na verdade, algumas equipes já tiveram a chance de entrar em campo diante de seus torcedores. No início de agosto, o Flamengo obteve uma liminar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que autorizou a presença de torcedores nos jogos em que o time carioca atuasse como mandante, ainda que com a capacidade do estádio reduzida. A equipe disputou partidas da Copa Libertadores da América em Brasília, cidade que já liberou 25% da capacidade de público para o futebol. No Rio, a prefeitura ensaiou uma liberação, mas recuou diante do aumento de casos de covid-19 na cidade.
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Há duas semanas, o Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, recebeu o duelo entre Atlético-MG e River Plate, da Argentina, pelas quartas de final da Libertadores. O time brasileiro venceu por 3 a 0, mas o que mais chamou atenção foram as cenas de aglomeração entre os torcedores atleticanos dentro e fora do estádio — poucos usaram máscara. Dias depois, a prefeitura da capital mineira reconheceu o fracasso do chamado “evento-teste” e voltou a proibir torcida nos jogos de futebol.
Protocolo sanitário e ‘taxa de normalidade’
Apesar da dificuldade de monitoramento de grandes concentrações de torcedores, a CBF avançou na discussão sobre uma volta unificada do público aos estádios. A entidade elaborou um protocolo de segurança sanitária, ao qual Oeste teve acesso (clique aqui para ler a íntegra), que define diretrizes para um retorno minimamente seguro. O documento já foi compartilhado com os clubes que participam das quatro divisões do Campeonato Brasileiro (Séries A, B, C e D) e da Copa do Brasil, além das federações de cada Estado.
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A Comissão Médica Especial da CBF e a Diretoria de Competições se basearam em algumas matrizes para chegar ao texto final. Uma delas é a chamada “taxa de normalidade”, uma equação que considera parâmetros epidemiológicos das localidades onde os jogos são realizados. O indicador foi criado por infectologistas e epidemiologistas que compõem a comissão médica da entidade, além de integrantes do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 da prefeitura de Belo Horizonte.
Para chegar à taxa de normalidade, são levados em consideração critérios que resultam em uma pontuação que varia de 5 a 30, de acordo com dados epidemiológicos: taxa de incidência (casos novos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias); tendência de casos novos; mortalidade por covid-19 (por milhão de habitantes nos últimos 14 dias); tendência de taxa de mortalidade; letalidade da covid-19; e porcentual da população totalmente vacinada. “Um escore total de 30 pontos equivale a 100% de possibilidade de ‘normalidade’ e uma localidade com apenas 5 pontos totais teria 0% de possibilidade de retorno à normalidade”, diz o protocolo.
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Para entrar no estádio, o torcedor terá de apresentar resultado negativo do exame PCR para a covid-19 feito até 72 horas antes do jogo ou o teste de antígenos 48 horas antes. Também será aceito o comprovante de vacinação completa contra a covid-19 (duas doses ou a dose única da Janssen). Além disso, será feita a medição de temperatura na entrada e, dentro das arenas, o uso de máscara cobrindo nariz e boca será obrigatório, assim como o distanciamento entre os assentos. De qualquer forma, na prática, a liberação depende, fundamentalmente, das autoridades estaduais e municipais, às quais compete definir as medidas sanitárias de combate à pandemia.
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“Essa é uma prerrogativa que o Supremo [Tribunal Federal] deu, delegando às prefeituras e aos Estados, e cada um decide como agir. Nós estamos propondo fazer alguma coisa baseada em índices. Temos de discutir com cada um”, afirma a Oeste o coordenador da Comissão Médica da CBF, Jorge Pagura. “Eu sempre digo que o protocolo é um protocolo vivo. Ele vai sendo modificado e a sua aplicação depende disso. Nós temos uma outra variável, que é a do vírus. Hoje temos condições de fazer a volta de forma parcimoniosa, mas depende das autoridades.”
Segundo Pagura, a ideia é começar liberando a presença de torcedores nos eventos-teste, para avaliar possíveis ajustes e evitar uma retomada abrupta e desordenada. “É mais controlado, diferente do que se estivesse totalmente liberado. Vamos testar, na prática, todas essas situações para ver o que precisa ser modificado”, diz o médico. Um desses eventos preliminares seria o clássico entre Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. O jogo acontece neste domingo, 5, na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, em São Paulo, e contaria com um público de 12 mil torcedores nas arquibancadas. — mas, segundo a CBF, não houve tempo hábil para organizar o sistema de venda de ingressos e verificação de testes e comprovantes de vacinação. Apenas 1,5 mil convidados acompanharão a partida no estádio.
Depois da fase de testes, a tendência é o retorno definitivo dos torcedores. O governador paulista João Doria (PSDB) anunciou há algumas semanas a liberação da presença de público nos jogos de futebol no Estado a partir do dia 1º de novembro. “É por isso que temos de fazer testes. Quem cumprir continua. Quem não cumprir não continua. Essa é a realidade. No papel está muito bem-feito, mas nós precisamos de conscientização de quem vai [ao estádio] e das autoridades para controlar”, alerta Pagura. “O estádio tem de estar numerado, e cada um deve ficar no seu lugar, com distanciamento. Se você abrir uma ‘geral’ com todo mundo sem numeração, vai ter aglomeração.”
“Cabe às autoridades do clube, cabe ao poder público não deixar ter aglomeração fora do estádio… O clube é o responsável por controlar. Eu sei, é difícil, a população está há mais de um ano e meio em casa, sem poder ir a vários eventos. Por isso, temos de reabrir com pouco público, com uma conscientização, com um controle rigoroso da entrada e checagem prévia”, explica o coordenador da Comissão Médica da CBF.
Indagado sobre a desastrosa experiência do jogo do Atlético-MG em Belo Horizonte, Pagura afirma que o protocolo adotado pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), organizadora da Libertadores, é diferente do adotado pela CBF. “A gente não sabe como eles colocaram os mecanismos de controle. Isso não passou pela CBF. Foi a Conmebol diretamente que deu a liberação, de acordo com a determinação de algumas cidades que autorizaram a presença de público em eventos. Nem vi se teve protocolo para isso”, diz.
‘Não é o momento’
Apesar do otimismo da CBF e da empolgação de grande parte dos apaixonados por futebol, o médico imunologista e professor titular de medicina da Universidade de São Paulo (USP) Jorge Kalil avalia que é precipitado reabrir os portões dos estádios para os torcedores.
“O Brasil realmente não aprende com a experiência dos outros. Países como Israel e Estados Unidos, que estavam com uma imunização muito mais avançada, inclusive usando vacinas de maior eficácia, começaram a liberar e estão agora todos com picos enormes de doença e hospitais novamente lotados”, afirma a Oeste. “O nosso povo não é disciplinado e educado. Se você diz ‘vamos evitar aglomerações’, ‘vamos entrar com tranquilidade no estádio’, ‘vamos ficar longe uns dos outros’, as pessoas não seguem. Assim como também não seguem o uso de máscaras.”
O imunologista teme que a variante Delta do coronavírus, que já fez a primeira vítima no Estado de São Paulo, se dissemine pelo país com maior velocidade. “Você poderia colocar marcas nas cadeiras em que se pudesse sentar, disciplinar a fila de entrada para ter distanciamento… Até dá para fazer, mas o povo é muito indisciplinado. Sem dúvida alguma, não é o momento”, diz. “Assim como eu acho que não é o momento para bares e restaurantes, onde tenho visto aglomerações. Está todo mundo com vontade de sair. Vão trazer a Delta explosivamente para o Brasil.”
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Em nota enviada a Oeste, a Federação Paulista de Futebol (FPF) afirma que “mantém contato permanente com o governo do Estado de São Paulo para a elaboração de um novo protocolo de segurança e saúde que ditará as regras para a retomada gradual do público aos estádios, quando autorizada, seguindo sempre as recomendações do Centro de Contingência do Coronavírus”. “Desde o início da pandemia, a FPF e os clubes têm seguido todas as recomendações científicas e médicas, prezando pela saúde de todos, utilizando, inclusive, o esporte como plataforma de educação e orientação aos torcedores com informações referentes à prevenção e combate à covid-19”, diz a entidade.
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Acabei de ver o grande premio da Holanda de F1. Lotado e quase todos sem mascaras nas arquibancadas. Sempre gostamos de complicara as coisas.
E justamente pela nova variante ser menos letal, o problema no início da pandemia não era “desafogar” o sistema de saúde? Qual a porcentagem necessária de infectados ou hospitalizados que justifiquem “pandemia”? Não há uma resposta concreta? Falavam em porcentagem de vacinados. Então? É só controle mesmo.
Liberem os públicos e todos os eventos. Quem está com medo, que fique em casa e não encha o saco de quem quer viver. Flórida e Texas estão há um ano sem restrições e faz zero diferença na propagação do vírus. Além de que, a “variante Delta” é muito mais transmissível, mas muito menos letal, sendo a melhor forma para obter a imunização natural, a mais eficiente.
Ir a estádio portando máscaras inúteis, incômodas e contaminadas? Estou fora.
Aliás, como qualificar “medicos” que fazem essa campanha cansativa sobre vacinas e depois eles mesmos se contradizem ao informar que “só vacinacao não é suficiente”. Como qualificar um médico que criminaliza colegas que tratam a doença? Que se escondem atrás das geniais “Medidas sanitarias”? Um médico que prefere que uma população viva eternamente atrás de uma mascara e alccol em gel mas se nega a tratar uma doenca( e todos sabemos que isso existe) como deve ser qualificado? O eterno estado de pandemia.
Acho muito estranho esse papinho de outros países que voltaram a ter eventos e estão com picos da doença. O povo brasileiro não é educado? Acho que esses infectologistas terroristas controladores nao viram o público da F1 na Europa? Não vi ninguém com mascara. Acho que um idiota desses não sabe o que é uma torcida em estádio de futebol. Não dá pra exigir comportamento de robôs. Somos seres humanos. A verdade é que essa vacinacao não deu em porcaria nenhuma. Ah, mas teve queda significativa de mortes e interações? Então vida que segue. Cepa nova é desculpa pra idiotas. Atualiza a vacina como fazem com a vacina da h1n1 e PAREM DE ENCHER NOSSO SACO E CONTROLAR NOSSA VIDA. NAO VOTEI EM INFECTOLOGISTA NENHUM PRA DAR ORDENS E MANDAR MAIS NA MINHA VIDA DO QUE EU MESMA.