Um artigo do biólogo Fernando Reinach, publicado no jornal O Estado de S.Paulo neste sábado, 17, trouxe uma boa notícia para quem já foi infectado pelo coronavírus. De acordo com um estudo feito na Inglaterra, essas pessoas têm 84% menos chance de serem reinfectadas. Esse nível de proteção, segundo Reinach, é equivalente ao obtido com o uso das vacinas.
Embora isso aconteça na maioria das infecções virais, essa hipótese ainda não havia sido demonstrada para o Sars-CoV-2. “Durante este último ano muitas dúvidas foram levantadas a respeito dessa hipótese”, escreveu o biólogo. “Testes de baixa qualidade indicavam que a quantidade de anticorpos baixava rapidamente, começaram a surgir casos esporádicos de reinfecção e, mais recentemente, surgiu a possibilidade de as novas variedades do vírus serem capazes de escapar totalmente dessa proteção”.
De acordo com Reinach, grande parte desses argumentos foi por água abaixo com as conclusões do estudo agora publicado. Foram recrutados quase 27 mil voluntários entre trabalhadores da saúde na Inglaterra, sendo que 86% deles lidavam diretamente com pacientes de covid-19. Desse grupo, mais de 17 mil ainda não haviam sido infectados pelo Sars-CoV-2 com base em testes que detectavam anticorpos contra o vírus e pouco mais de 8 mil haviam contraído o vírus e se curado.
Os voluntários foram monitorados até o início de fevereiro deste ano. Os cientistas mediram quão mais frequente era a infecção por Sars-CoV-2 nas pessoas que ainda não haviam sido infectadas, quando comparadas com as pessoas que já haviam sido infectadas. “Foram observadas 7,6 reinfecções para cada 100 mil pessoas entre os que possuíam anticorpos (os já infectados e curados) e 57,3 infecções por 100 mil pessoas entre os que ainda não haviam sido infectados; um número 7,6 vezes maior”, contou. “A partir desses dados foi possível determinar que uma infecção prévia diminui o risco de contrair a doença em 84%. Essa proteção dura seguramente mais de sete meses”.
Esses resultados demonstram que ser infectado pelo Sars-CoV-2 protege as pessoas de nova infecção, da mesma forma que as melhores vacinas. A diferença é que, nos vacinados, diminui também o risco de morte ou de sequelas.