A fim de conter o avanço da influenza aviária no Brasil, auditores fiscais agropecuários atuam no trabalho de identificação, de diagnóstico e também no trabalho de sequenciamento genético do vírus H5N1. No Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), no município paulista de Campinas — órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), os pesquisadores trabalham para combater o vírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde Animal, o laboratório brasileiro é referência no diagnóstico da doença em toda a América do Sul.
O trabalho no laboratório
Inicialmente, o trabalho consiste na coleta de amostras em aves suspeitas de terem contraído a doença em qualquer região do país. Dilmara Reischak, auditora agropecuária responsável pela unidade de diagnóstico e identificação genética animal do LFDA-SP, explica: “O procedimento é realizado por fiscais estaduais agropecuários que vão verificar se as aves estão com sintomas comuns da H5N1, como pescoço torto, se estão cambaleando, com dificuldade respiratória; e, em seguida, coletar amostras do sistema nervoso, digestivo e respiratório do animal para enviar ao laboratório de referência, que é o de Campinas“.
Já no LFDA, o material orgânico passa por análises de PCR — a fim de detectar o RNA do vírus. Depois de confirmada da presença do H5N1, os auditores dão início ao sequenciamento genético. “É nessa fase que a gente consegue identificar se o vírus que está circulando naquela região do país onde foi coletada a amostra é de alta ou baixa patogenicidade”, explica Reischak.
O vírus tem potencial de causar alta mortalidade em aves e, consequentemente, grandes prejuízos socioeconômicos. Daí a preocupação das autoridades brasileiras em definir rapidamente ações de combate à ameaça viral.
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Primeiro caso no Brasil
Em maio deste ano, no Estado do Espírito Santo, o primeiro caso de gripe aviária foi registrado no país — em uma ave silvestre. Até essa segunda-feira, segundo o LFDA, aproximadamente 1,5 mil casos foram investigados; 333 dos quais forneceram amostras para testes laboratoriais. 64 dessas amostras apresentaram resultado positivo para o vírus da influenza aviária.
Ainda segundo Reischak, os cientistas já esperavam pela chegada da gripe aviária no Brasil. A pesquisadora disse: “Nós já tínhamos certeza de que o vírus entraria no país, pois começaram a ter ocorrências em países próximos, como a Colômbia. Então, já vínhamos nos preparando para isso”.