Um novo tremor de terra, de magnitude de 0,39, aproximou ainda mais o bairro do Mutange, em Maceió, de um colapso, segundo informou, na sexta-feira 1, a Defesa Civil de Maceió. O risco iminente é decorrente da mina 18 da Braskem, localizada na região.
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Conforme informou o jornal Folha de S. Paulo, o evento sísmico ocorreu a 330 metros de profundidade, de acordo com o órgão. Três sensores instalados na região apresentam alertas de movimentação.
A velocidade do afundamento na área, porém, não aumentou. O ritmo de afundamento da mina é de 1 cm por hora.
Trata-se de um índice menor do que o apresentado na manhã de sexta, quando chegou a 2,6 cm por hora.
Na quarta-feira 29 a Defesa Civil local alertou que a mina está em risco iminente de colapso. A população que habita a região foi orientada a deixar o local e procurar abrigo. Foi decretado, pela prefeitura, estado de emergência por 180 dias.
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O problema, relatou a Folha, começou em março de 2018, sem que tenha sido encontrada solução. A situação tem ligação com o afundamento do solo que atinge cinco bairros da capital alagoana.
Desgaste em 40 anos
Segundo o Serviço Geológico do Brasil, órgão do governo federal, as atividades de mineração da empresa em uma área de falha geológica causaram o problema.
Nestes cinco anos, mais de 60 mil famílias dos bairros Mutange, Pinheiro, Bom Parto, Bebedouro e Farol foram realocadas para outros pontos de Maceió.
A Braskem declarou, em comunicado, que tem monitorado o local e que dados atuais “demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área dessa mina e que essa acomodação poderá se desenvolver de duas maneiras: um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização; o segundo é o de uma possível acomodação abrupta”.
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Segundo a empresa, a área atingida está desabitada desde 2020. A Braskem disse ainda que houve a realocação dos moradores de 23 imóveis localizados na área de risco.
A Folha lembrou que a implantação da mina ocorreu em 1970, quando o governo estadual autorizou em Maceió a extração de sal-gema, que inclui o trabalho com cloro, ácido clorídrico, soda cáustica e bicarbonato de sódio.
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A matéria-prima é usada na indústria para produção de PVC, entre outros. No início, a atividade foi realizada pela Salgema Indústria Químicas de Alagoas, depois chamada de Braskem. A atividade teve início em 1975, apesar de o órgão ambiental da época não recomendar as extrações.
Os 40 anos de extração na região provocaram desgaste e o primeiro tremor de terra foi sentido em março de 2018.
Igual aos amazônidas, outras populações estão perdendo a condição de viver em certos locais e entregando suas propriedades a preço de banana. Não bastaram os rompimentos de barragens que arrastaram os ‘falecidos’. Nem me atrevo a pensar num afundamento repentino, rápido e profundo, que poderia criar covas coletivas imensas.