De acordo com um novo estudo que avaliou a realidade das desistências na Universidade de São Paulo (USP), alunos da área das Ciências Exatas e cotistas são os que mais abandonam seus cursos durante a graduação. A evasão do campus universitário uspiano também é mais frequente durante os dois primeiros anos dos estudos.
Desenvolvida por Luís Pedro Polesi, mestrando em Ciência Política, a pesquisa usou dados divulgados pela Pró-Reitoria de Graduação sobre aproximadamente 11 mil alunos da USP que ingressaram em 2018, primeiro ano em que a universidade adotou as cotas. No campus, a taxa geral de abandono é de 17,41% — valor considerado abaixo das estimativas iniciais dos pesquisadores, porque eles previam números superiores a 20%.
Taxa de evasão entre os cotistas
Agora, em relação aos estudantes que ingressaram no ano de 2017, o Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação, indica uma taxa de desistência acumulada, até o ano de 2021, de 39% nas instituições federais — nas universidade, é de 59%.
Se comparados aos calouros que ingressam via ampla concorrência, os cotistas têm uma taxa de evasão até 8,9 pontos percentuais mais altas. O índice de evasão entre os não cotistas é de 15%; para os alunos da rede pública, 18,6%; entre os estudantes de escolas públicas que se declaram pretos, pardos e indígenas, a taxa sobe para 23,9%.
Confira abaixo a lista dos cursos da USP com as maiores taxas de abandono
- Bacharelado em Matemática Aplicada e Computacional (IME): 54%;
- Bacharelado em Matemática Aplicada (IME): 50%;
- Matemática – Licenciatura – Noturno (IME): 50%;
- Física – Licenciatura – Noturno (IF): 46,7%;
- Bacharelado em Meteorologia (IAG): 43,3%;
- Gestão de Políticas Públicas – Noturno (EACH): 43,3%;
- Filosofia – Noturno (FFLCH): 42,2%;
- Bacharelado em Astronomia (IAG): 40%;
- Matemática – Bacharelado e Licenciatura (ICMC): 37,9%;
- Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental (IGc): 37,5%
A evasão dos cursos, ainda segundo o estudo, tem relação direta com as características do próprio curso, somadas às habilidades exigidas dos alunos. Jornalismo, por exemplo, tem taxa de abandono zero; já matemática, 50%.