A crise energética na União Europeia (UE) continua gerando repercussões pelo mundo. Na quarta-feira 6, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sinalizou que vai aumentar as exportações de gás natural. Atualmente, o país é o maior fornecedor do combustível para continente.
O chefe da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, disse que a Rússia pode enviar mais gás para a Europa e aliviar a crise energética. “Se fizer o que indicou e aumentar os volumes em 15%, isso terá um efeito calmante no mercado”, observou o executivo, em entrevista ao jornal Financial Times. “Não digo que eles vão fazer isso, mas se quiserem, eles têm a capacidade de fazê-lo.”
Dimensão da crise
O preço mundial do gás natural está aumentando e, com isso, o valor da eletricidade está batendo recorde em muitos países no continente, como no caso da Espanha, de Portugal e do Reino Unido. Um quinto da eletricidade consumida na Europa é proveniente do gás natural.
A rápida recuperação econômica da pandemia, com a redução dos estoques de gás e as condições climáticas, tiveram um papel importante na crise. Com a aproximação do inverno, o consumo de gás natural, utilizado para aquecer as casas e prédios comerciais, tende a aumentar.
A Comissão Europeia pediu para os 27 países-membros da UE cortarem, temporariamente, os impostos para as famílias e ajudar pequenas empresas afetadas pelo preço mais alto.
Novo gasoduto russo
No mês passado, a Rússia concluiu a construção do gasoduto Nord Stream 2, que custou € 10 bilhões (R$ 60,3 bilhões, na cotação atual), e fornecerá gás para a UE. O país indicou que mais vendas poderiam ser disponibilizadas assim que o projeto fosse aprovado pela agência reguladora da Alemanha.
A linha atravessa o Mar Báltico ao longo de 1,2 mil quilômetros, seguindo o mesmo trajeto do Nord Stream 1, ativo desde 2012, e poderá dobrar o fornecimento de gás.
Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, disse que havia “potencial” para aumentar o fornecimento para a Europa, e deu uma forte indicação de que o Nord Stream 2 era a melhor maneira de fazer isso.
Os Estados Unidos apontaram esta semana que o governo está “cuidadosamente” observando o papel da Rússia na crise do gás na Europa, incluindo avaliar se há manipulação de mercado, exercendo pressão para acelerar a aprovação do oleoduto pela agência alemã.
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