Ryan M. McMaken, editor do Instituto Mises norte-americano, escreveu artigo em que criticou governadores que reabriram a economia em Estados nos EUA e depois voltaram atrás
“Na primeira vez em que os governos impuseram o fechamento de empresas em nome do combate à disseminação da covid-19, o mercado de trabalho implodiu”, começa o editor do Instituto Mises norte-americano Ryan M. McMaken em recente artigo publicado no site da instituição.
Na sequência, o intelectual descreve quanto o confinamento social fez mal aos Estados Unidos desde seu início:
“Quarenta milhões de norte-americanos perderam o emprego e pelo menos 20 milhões deles ainda estão desempregados. A renda nos Estados Unidos atingiu níveis tão baixos que as receitas fiscais federais caíram mais de 50% ano a ano em abril e permaneceram mais de 25% em maio. São perdas de proporções históricas”.
McMaken afirma que em junho a esperança até deu sinais positivos, mesmo com os dados sobre desemprego ainda ruins. Assim como no Brasil, a maior parte dos economistas acreditava numa “recuperação em forma de V” da economia, com trabalho e crescimento econômico vindo com força total.
“Mas agora já estamos vendo governos — com o que quero dizer um pequeno quadro de governadores e burocratas não eleitos que atualmente governam por decreto — anunciando outra rodada de fechamentos de negócios e regulamentos governamentais em andamento que gerenciam todos os aspectos das interações diárias de uma empresa com os clientes”, lamenta o professor.
Exatamente como acontece em Estados brasileiros como São Paulo, Paraná e Goiás, em que governadores tornam a confinar os cidadãos sem dar grandes explicações dos motivos por que as decisões são tomadas para uma cidade ou região e não para outras e fazendo com que a retomada em V se torne cada vez mais distante.
“Isso ocorre porque as empresas são fisicamente impedidas de contratar em muitos casos, mas também devido à ‘incerteza do regime’. A incerteza do regime é um fenômeno que destrói a riqueza e destrói empregos, em que os donos de empresas e propriedades não podem planejar o futuro por causa de intervenções governamentais caprichosas, imprevisíveis e incoerentes”, explica o editor do Instituto Mises, acrescentando que, toda vez que isso acontece, a depressão econômica se prolonga.
Para McMaken, durante esses períodos, há poucos limites para a ação do governo e o ambiente legal está sujeito a alterações substanciais em pouco tempo e em uma sucessão de acessos e arranques.
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Não é de surpreender que, nessas condições, as empresas relutem em se envolver em novos planos de expansão, emprego ou investimento.
Agora, de acordo com ele, graças à próxima “segunda rodada” de bloqueios estaduais, as empresas estão novamente em uma posição semelhante.
Bares e outros negócios estão mais uma vez sendo fechados por decreto do governo. Ou não estão autorizados a abrir.
McMaken ressalta que a grande questão é que da mesma forma que os governadores não se importam em responder aos donos de bares quais critérios os levam a fechar determinada cidade ou região, também não o farão para nenhum outro empresário.
“Esses planejadores governamentais aparentemente decidem o fechamento de negócios com base em caprichos pessoais ou em pressão política. O pior é que essas alterações podem ocorrer sem nenhum aviso. Mesmo depois de meses de conversa sobre planos para lidar com a covid-19, os governos ainda não anunciaram ou estabeleceram nenhum padrão para julgar se são necessários fechamentos ou bloqueios de negócios”, constata.
Em conclusão, o editor diz que, sob essas condições, há poucas razões para supor que ocorrerá uma recuperação em forma de V. Após um período de apenas um mês de “reabertura”, os governos já estão decretando novas paralisações nos negócios e reivindicando autoridade para se envolver nessas paralisações indefinidamente. É como se o sistema fosse projetado para maximizar a incerteza do regime e destruir o emprego e a renda. Para os empresários, não há fim à vista.