Autoridades da Ucrânia têm se queixado de o país estar sendo excluído das principais discussões travadas entre a Rússia e as potências ocidentais sobre o destino do país. Na Rússia, o presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva afirmaram, na semana passada, desejar uma solução pacífica para o conflito.
Bolsonaro realizou na semana passada uma visita ao presidente Vladimir Putin, que estava agendada desde o ano passado. O presidente brasileiro disse que, apesar de ter conversado por mais de duas horas com o mandatário russo, o assunto da crise na Ucrânia não foi tratado. Bolsonaro afirmou que a viagem “não foi para tomar partido de ninguém”.
Durante a conversa, eles deram ênfase à possibilidade de aumentar o comércio bilateral entre a Rússia e o Brasil. Os russos se comprometeram a aumentar a oferta de fertilizantes para os brasileiros e cooperar na área nuclear, para geração de energia elétrica.
Ucranianos e descendentes são 600 mil no Brasil
Entidades que representam a comunidade ucraniana no Brasil, de cerca de 600 mil pessoas, enviaram uma carta ao Planalto, em 30 de janeiro. Elas sugeriram que o presidente também passasse pela capital ucraniana. Mas isso não aconteceu.
O chanceler brasileiro, Carlos França, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, falaram por telefone, segundo o Itamaraty.
A Ucrânia vive uma guerra civil com separatistas no leste do país desde 2014, mas a situação geopolítica vem se deteriorando rapidamente desde o início deste mês. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha têm dado seguidas declarações de que a Rússia planeja invadir a Ucrânia.
Mas Moscou diz que não pretende realizar uma invasão, embora tenha cerca de 190 mil tropas estacionadas próximo à fronteira ucraniana. Putin vem criticando a expansão da Otan (aliança militar ocidental) para países cada vez mais próximos à Rússia.
Ucranianos querem que Bolsonaro dê atenção a Kiev
Além disso, o atual governo ucraniano já manifestou o desejo de fazer parte da aliança.
Na carta enviada a Bolsonaro, as entidades ucranianas pediram que ele levasse em conta que milhares de brasileiros e descendentes de ucranianos “têm suas vidas afetadas com a apreensão e o estresse emocional, temendo pela vida de seus ancestrais e parentes”.
“A questão ucraniana é também um assunto do Brasil, seja porque milhares de seus filhos têm laços de sangue e cultural com a Ucrânia, seja porque o Brasil faz parte do concerto das Nações Unidas, onde se busca estabelecer a paz e a solução pacífica dos conflitos”, informa o documento.
Leia também: “Rússia x Ucrânia — De que lado você está?”, artigo de Dagomir Marquezi para a edição 97 da Revista Oeste
Parabéns Revista Oeste. Esse era um ponto que eu tinha a curiosidade, dada a grande quantidade de imigrantes e descendentes de ucranianos no Brasil. Porém, a visita à Rússia estava marcada há meses.