Se países desenvolvidos debatem a retomada das atividades produtivas, vê-se que a pauta não deve ser ignorada no Brasil
Governos europeus começam os preparativos para a redução dos níveis de isolamento social. Ainda que a expectativa seja de reação lenta da economia, dado que um expressivo contingente de pessoas continuará voluntariamente em confinamento domiciliar, Espanha, Bélgica, França e Finlândia, entre outros países, estudam medidas de flexibilização.
As autoridades buscam modelos que permitam a volta gradual da atividade de certos estabelecimentos, como escolas, creches e algumas empresas. O fundamental é que seja possível evitar uma segunda onda de infecções capaz de sobrecarregar ainda mais os serviços de saúde.
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez estendeu ontem, 4 de abril, a paralisação de seu país por mais duas semanas, até o dia 26. Sánchez disse que a proibição imposta no mês passado a todo trabalho não essencial, incluindo manufatura e construção, será revista após a Páscoa.
“Quando tivermos a curva [infecção] sob controle, mudaremos para uma nova normalidade e para a reconstrução de nossa economia”, disse Sánchez ao jornal britânico Financial Times. “Uma equipe específica de epidemiologistas trabalha há duas semanas em um plano para reiniciar a atividade econômica e social”.
Angelo Borrelli, chefe da Agência de Proteção Civil da Itália, encarregada de coordenar a resposta nacional ao surto, sugeriu que uma “segunda fase” do bloqueio do país poderia começar no próximo mês.
A Dinamarca, que foi um dos primeiros países da Europa a encerrar as atividades e fechar suas fronteiras, na semana passada, foi a primeira a estabelecer um cronograma para o relaxamento das restrições.
Se países ricos, com “estoque de riqueza” para queimar tempos de crise, têm debatido o relaxamento das medidas de isolamento social, vê-se que a pauta deve ser ignorada no Brasil. Em países emergentes, a paralisação da economia tem potencial para ceifar tantas vidas — ou até mais — que a pandemia. É claro que restrições a aglomerações fazem sentido, bem como o confinamento domiciliar temporário. No entanto, é urgente que as autoridades encontrem alternativas para o retorno das atividades produtivas.