Nesta quarta-feira, 23, às 9h30, a Índia se tornou a quarta nação do mundo a pousar uma espaçonave na Lua. A conquista pôs o país asiático ao lado de um seleto grupo, formado por Estados Unidos, China e a antiga União Soviética.
A Chandrayaan-3, que significa “nave lunar”, em sânscrito, é a terceira missão lunar indiana e teve início em 14 de julho. O lançamento ocorreu no Satish Dhawan Space Center, no Estado de Andhra Pradesh. Não há tripulantes na iniciativa.
O pouso na Lua
Depois de viajar 40 dias e cruzar mais de 384 mil entre a Terra e a Lua, o módulo de pouso Vikram foi ejetado do propulsor, pousando suavemente nos arredores do polo sul lunar, numa região em que nenhum outro país conseguiu aterrissar.
Escondido dentro de Vikram estava Pragyan, um pequeno rover de seis rodas, que rolou por uma rampa até se implantar na Lua.
Com o sucesso da manobra, a sala de controle da missão, na Índia, foi tomada por uma comemoração entusiasmada.
O módulo de pouso e o rover portam instrumentos científicos, preparados para capturar dados, como a composição química das rochas e do solo, a temperatura e a atividade sísmica lunar. As informações ajudarão os pesquisadores a avançar nosso conhecimento acerca da superfície da Lua.
O módulo de pouso e o rover foram projetados para funcionar por duas semanas. O módulo propulsor, por sua vez, continuará em órbita, servindo como um ponto de apoio para enviar os dados para a Terra.
As imagens do pouso foram transmitidas ao vivo, no Youtube, através do canal da Organização Indiana de Pesquisa Espacial.
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O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que está em Joanesburgo, na África do Sul, para a cúpula dos Brics, compartilhou suas percepções.
“Nesta ocasião feliz… Gostaria de me dirigir às pessoas do mundo todo”, disse o premiê indiano. “O sucesso da missão lunar da Índia não é um sucesso somente da Índia. Esse é um ano em que o mundo está testemunhando a presidência da Índia no G20. Nossa abordagem de uma Terra, uma família, um futuro está ressoando através do globo.”
A importância da missão indiana
Os Estados Unidos, a antiga União Soviética e a China nunca conseguiram ser bem-sucedidos numa missão ao polo sul da Lua. O pouso de suas espaçonaves estava restrito ao equador lunar.
O êxito da Chandrayaan-3 ganha um significado ainda maior, por ocorrer dias depois do fracasso da primeira missão lunar da Rússia, desde 1976. A Luna 25, como foi chamada, colidiu contra a superfície ao tentar pousar na mesma região. A tentativa frustrada russa demonstra que aterrissar na Lua permanece um desafio.
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Em cooperação com os Estados Unidos e com a França, a Índia faz parte da segunda onda de potências espaciais emergentes. O programa espacial indiano se tornou um dos mais ocupados no mundo no desenvolvimento de tecnologia para explorar o espaço.
A Índia também é signatária do Acordo Artemis, dos Estados Unidos. Trata-se de um documento que descreve as regras propostas para a futura exploração lunar. Rússia e China não assinaram o acordo.
A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) também continua a trabalhar em sua própria missão, chamada Artemis-3, para realizar um pouso na região do polo sul da superfície lunar.
O histórico
A missão Chandrayaan-3 dá continuidade às missões Chandrayaan-2 e Chandrayaan, de 2009 e 2019, respectivamente.
A missão Chandrayaan original orbitou a Lua carregando o Nasa Moon Mineralogy Mapper (M3), um espectrômetro de imagens, que proporcionou o primeiro espectral de alta resolução e mapas espaciais da superfície lunar.
O Chandrayaan-2, em contrapartida, foi a primeira tentativa da Índia de pousar na lua. A missão teve um resultado desastroso, quando em 6 de setembro de 2019, os pesquisadores perderam contato com a espaçonave, quando estava a cerca de 2 quilômetros da superfície lunar.
Parabéns à Índia. Para uns será fonte de inspiração. Para outros trará inveja e ódio mal disfarçados.