A empresa chinesa State Grid arrematou o principal lote no maior leilão de energia da história do Brasil. Os chineses levaram o lote de maior investimentos e complexidade, especialmente os empreendimentos que servem para transportar energia por longas distâncias e em alta tensão. O deságio da operação ainda foi de 40%. Os chineses irão construir linhas de transmissão em três Estados: Maranhão, Tocantins e Goiás.
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A notícia em um primeiro momento parece ser boa, uma vez que somos um país com enorme déficit de poupança interna e precisamos de capital externo para realização de investimentos. Entretanto, torna-se intrigante observar o foco dos chineses pela área de energia no Brasil. O setor foi aquele que mais recebeu recursos de Pequim.
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O mesmo ocorreu em outras áreas do mundo. No Paquistão, um novo corredor está sendo construído com foco na interligação da economia do país com a China. Kashgar agora está ligada diretamente ao Porto de Gwadar, cedido aos chineses e sob o seu controle direto pelos próximos 40 anos. A posição estratégica do porto funciona como escoamento dos produtos chineses passando pelo Paquistão.
“Sete dos dez maiores portos do mundo estão nas mãos dos chineses”
Márcio Coimbra
Em troca de investimentos, a Grécia vendeu 67% do seu maior e mais estratégico porto para os chineses, que agora controlam um dos mais importantes hubs do comércio marítimo europeu. O país asiático implementou o mesmo modelo comprando dezenas de portos no mundo, sendo a proprietária de mais de uma centena deles em cerca de 67 país. Hoje, sete dos dez maiores portos do mundo estão nas mãos dos chineses.
China e a “Nova Rota da Seda”
Essas ações fazem parte da famosa e controversa estratégia chamada de “Nova Rota da Seda”, que aos poucos desembarca no Brasil. Porém, nem tudo são flores na rota desenhada por Pequim. A estratégia tem sido a mesma, ou seja, oferecer investimentos e tornar os países endividados, usando este laço de “dependência” criado entre as duas nações e a dívida com Pequim como moeda de troca política no xadrez internacional.
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Os exemplos estão espalhados pelo mundo. Em Gana, a população pediu na Justiça o fim da exploração da bauxita pelos chineses. O Quênia já acumula mais de US$ 2 bilhões de de dívida com Pequim. Na Malásia, o ex-premiê desviou mais de US$ 800 milhões, deixado uma dívida de US$ 4,5 bilhões do seu país com a China. A Argentina cedeu parte de seu território na Patagônia para a instalação de uma estação militar chinesa.
“O tamanho das dívidas assumidas e o tamanho da infraestrutura estratégica concentrada em empresas chinesas tornam os países vulneráveis”
Márcio Coimbra
Foram esses fatos que levaram muitos países a evitar uma excessiva dependência do capital chinês, por mais atraente que possa parecer. Na verdade, o custo do negócio embutido nos acordos pode custar muito caro para a soberania das nações, tornando-as frágeis quando pressionadas pelo governo de Pequim. Além disso, o tamanho das dívidas assumidas e o tamanho da infraestrutura estratégica concentrada em empresas chinesas tornam os países vulneráveis ao interesse estrangeiro de um único país.
Apesar de já ter se tornado um país sinodependente em alguns aspectos, ainda existe tempo hábil para o Brasil reverter a dependência em setores estratégicos como tecnologia, infraestrutura e logística. É preciso aprender com os erros de outras nações e evitar dissabores que podem custar muito caro para nossa população, soberania e economia.
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Por Márcio Coimbra. Presidente do Instituto Monitor da Democracia e vice-presidente da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais. Cientista político e mestre em ação política pela Universidad Rey Juan Carlos. Ex-diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.
Que artigo preciso! É exatamente o que é dito no livro “Chinobil” de Rafael Fontana. Repasso de lá o seguinte exceto:
“A solução para vender cimento, ferro e empregar milhões de chineses passa necessariamente pela exportação dos serviços de construção civil. Assim, a China marca um hat trick (três gols] nos países que aceitam jogar o Cinturão e Rota:
• Primeiro gol: a China consegue empregar centenas de milhares de chineses nesses países;
• Segundo gol: as obras de infraestrutura consomem o cimento chinês e escoam o excedente de produção do país (vestuário, utilidades domésticas, eletroeletrônicos, carros, maquinários etc.);
• Terceiro gol: o governo chinês empresta dinheiro para esses países contratarem as empresas chinesas para construírem seus portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, além de redes energéticas e de telecomunicações. Dessa forma, monta a Debt Trap [Armadilha do Débito], endividando essas nações. Os países endividados se tornam dependentes do capital chinês. Caso não consigam pagar sua dívida, os bancos chineses, todos estatais, tomam para si as obras dos países ditos “beneficiados”.
Resumindo: a China ganha de uma forma ou de outra, mas só ela ganha. Como costumávamos dizer em Pequim, ninguém se desenvolve negociando com o regime chinês. Eles sempre irão ganhar, de um jeito ou de outro, legal ou ilegalmente. Essa é uma lição bastante óbvia que o mundo inteiro precisa aprender.”
P.S.: a China produz 65% do cimento mundial.
Será que devemos duvidar e aguardar?
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Com o vassalo do Lulaladrão e os Petralhas Desgovernando o país, vamos continuar cada vez mais uma Colônia.
Concordo 100%, mas o atual governo e toda extrema esquerda e os tucanos querem a Sino dependência, o PT, e asseclas admiram o PCCh, e o tem como exemplo .
A Austrália proibiu qualquer compra de ativo no território por Pequim.
Concordo plenamente. O problema é que o lula quer “estreitar os laços com a China”, quer porque quer e todos sabemos quem é o lula e quem são os militares que deveriam proteger os interesses nacionais. Esses mesmos militares já se reuniram com militares chineses que vieram aqui para “troca de informações”, de “colaboração”, etc. O Brasil está sendo ofertado no mercado internacional a quem quiser, e quem quer, é a China. Aqui as portas estão abertas aos chineses. Eles não tem pressa vão comendo aos poucos. Já estão por toda parte aqui em São Paulo, já dominaram o comércio de bugigangas no centro da cidade. O pior é onde já estão e não podem ser vistos. Todos sabemos que os “progressistas” não têm bandeiras nacionais, a deles é vermelha, é a “internacional” o seu hino. Quem devia cuidar da soberania nacional, do patriotismo, já se entregou. Estão ocupados servindo cachorro-quente nas festinhas da esquerda.