Com a inflação batendo recorde em julho e o prognóstico de aumento das contas de energia em mais de 80%, o governo do Reino Unido anunciou nesta quinta-feira, 8, que irá limitar os preços da energia nas residências por dois anos.
Além disso, o governo também anunciou uma medida separada, para as empresas, que limitará o preço da energia por seis meses. A diferença entre o que os moradores pagam e o custo das concessionárias será paga pelo governo, assim como a diferença entre o valor pago pelas concessionárias e o custo real da energia no mercado. As autoridades britânicas não divulgaram os custos do pacote, mas economistas estimam que custará aos cofres do Reino Unido US$ 120 bilhões (R$ 624 bilhões).
A medida é uma das maiores intervenções na economia do Reino Unido em tempos de paz e expõe como a guerra na Ucrânia está remodelando os mercados de energia em todo o Ocidente.
O pacote também marca o primeiro grande ato no cargo da nova primeira-ministra Liz Truss, que no discurso de posse, na terça-feira 6, definiu energia, economia e saúde como prioridades de sua administração. “Desafios extraordinários exigem medidas extraordinárias, garantindo que o Reino Unido nunca mais esteja nessa situação”, disse Liz, nesta quinta-feira.
Para aumentar a oferta de energia, o governo permitirá o fracking, que foi proibido anteriormente, e emitirá licenças para garantir que mais petróleo e gás possam ser extraídos do Mar do Norte. Autoridades do governo do Reino Unido dizem que a política reduzirá o pico de inflação no Reino Unido em quatro ou cinco pontos percentuais em comparação com os 13% a 18% anteriormente esperados pelos economistas.
Autoridades do governo britânico não deram quaisquer detalhes sobre os custos do pacote, o que poderá ser feito no fim do mês. Analistas dizem que a medida irá aumentar a dívida pública, que, em julho, correspondia a 95,5% da produção econômica anual, acima dos 94% do ano anterior.
O novo chefe do Tesouro, Kwasi Kwarteng, alertou que haverá gastos extras, mas que a economia crescerá mais rápido do que as dívidas do país.
A Grã-Bretanha, apesar de importar da Rússia apenas 4% de sua necessidade de gás, está sujeita aos preços globais do gás natural, combustível que produz 40% da eletricidade do Reino Unido. Sem intervenção do governo na economia, o Banco da Inglaterra prevê que a inflação atinja 13% até o final do ano.
A primeira-ministra descartou a imposição de impostos extras sobre os produtores de energia para pagar o pacote, como havia sugerido o Partido Trabalhista, de oposição, afirmando que um novo tributo “prejudicaria o interesse nacional” ao impedir o investimento de empresas de energia.