O presidente-executivo da Gazprom, Alexei Miller, disse na quinta-feira 13 que possivelmente grande parte das tubulações danificadas nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 em um provável ato de sabotagem no fim de setembro terá de ser substituída, e que esse trabalho pode levar vários anos, porque não envolve apenas questões tecnológicas, mas também aspectos políticos e um possível acordo com a Alemanha e a União Europeia.
Os dois gasodutos, com mais de 1,2 mil quilômetros, foram construídos para transportar gás da Rússia para a Alemanha, sob o Mar Báltico, e tiveram quatro perfurações. O Nord Stream 2 ainda não tinha entrado em operação.
Já o 1 não estava ativo em razão da interrupção do fluxo por tempo indeterminado anunciada pela Rússia em setembro, depois de afirmar que as sanções impostas pelo Ocidente em razão da invasão na Ucrânia impediram a continuidade do abastecimento. Mas, mesmo assim, grande quantidade de gás que estava sob pressão nos dutos vazou.
A investigação sobre os incidentes está em andamento. A Rússia classificou os atos com “terrorismo internacional”, acusando o Ocidente; para a União Europeia, trata-se de “sabotagem”, mas nenhum responsável foi apontado.
“Especialistas dizem que, para restaurar o trabalho após um ato terrorista, é necessário cortar um pedaço muito grande de cano, a uma grande distância, e de fato construir uma nova seção”, disse Miller à televisão estatal russa.
“E, para restaurar a integridade, este cano deve ser levantado. E você compreende, uma coisa é quando o cano está vazio, sim, e outra coisa quando está cheio de água do mar por centenas de quilômetros”, afirmou, tentando dimensionar o problema.
Porém, em um discurso do Fórum Internacional da Semana da Energia Russa, o presidente da estatal russa acrescentou que o problema tecnológico não é o único que incide sobre o assunto. “Em primeiro lugar, há um aspecto político nesta questão. É necessária uma resposta política clara e explícita da UE e da Alemanha, confirmando que estão interessados em restaurar os dutos danificados e querem que sejam restaurados. Também são necessárias garantias de operação segura adicional”, declarou Miller, conforme divulgado pela assessoria de imprensa da Gazprom.
“Além disso, há também questões relacionadas a sanções, economia e questões legais. Somente após a resolução de todas essas questões poderemos iniciar a restauração tecnológica, ou seja, a restauração da integridade dos gasodutos explodidos. Em termos de prazos, levará vários anos. Vai ser um processo bastante longo”, completou o presidente da Gazprom.
Os gasodutos Nord Stream foram fixados principalmente no fundo do mar. Mais de 2,4 milhões de toneladas de aço foram usadas para construir os dutos, o que correspondem a 242 vezes o peso da Torre Eiffel. As tubulações são revestidas com concreto para garantir sua estabilidade. Sem o concreto, eles poderiam flutuar no fundo do mar, por causa do volume de gás que contêm.
A exemplo do presidente da Gazprom, alguns analistas, depois do incidente, mencionaram que seriam necessários vários meses ou, até mesmo anos, para consertar os gasodutos, cujos vazamentos ocorreram no trecho perto da ilha dinamarquesa de Bornholm.
O grande problema está justamente no envelopamento de concreto que protege as tubulações. Como remover aquilo a noventa metros de profundidade? Teriam que realizar um “bypass” e ao mesmo tempo colocar um sarcófago de concreto na parte danificada, isolando-a completamente? Quem irá pagar por tudo isso? A União Européia?