A deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) tem deixado cada vez mais clara a razão que a levou a participar da CPI do MST: proteger o militante sem-terra José Rainha, líder da Frente Nacional de Lutas (FNL).
Um requerimento de convocação para Zé Rainha foi aprovado no último dia 20 por acordo entre governistas e membros da oposição. A pedido do governo e do PT, rifaram Rainha e João Pedro Stédile, presidente do MST, para proteger o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Inicialmente, o acordo previa que ambos comparecessem a convite. No caso de convocação, os depoentes são obrigados a comparecer sob a pena de poderem estar cometendo um crime.
“Usamos convocação quando há uma recusa da pessoa convidada a comparecer à CPI”, defendeu Sâmia na ocasião. “Não se trata disso, tendo em vista que essas pessoas [José Rainha e Stédile] ainda nem foram convidadas. Tenho certeza de que ambos têm muito a dizer aos membros dessa CPI. Eles têm condições de debater, e não fogem à luta. Não queremos judicializar essa comissão.”
Durante a sessão, entretanto, houve desacordo. Deputados do Psol alegaram que alguns itens de solicitação de informação deveriam ser votados individualmente, e não em bloco, o que provocou obstrução da legenda.
O presidente da CPI, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), entendeu que houve quebra de acordo e pautou as convocações dos líderes das invasões de terras. Agora Zé Rainha busca refúgio no Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de um habeas corpus para não depôr à CPI em 3 de agosto.
No documento, a defesa afirma que Rainha tem “justo e firmado receio em comparecer perante a Comissão Parlamentar” porque responde a processo criminal sobre fato que estaria sob investigação da CPI.
Ele é acusado de extorsão de fazendeiros na região do Pontal do Paranapanema, no oeste do Estado de São Paulo. O líder de invasões de terra ainda foi preso em março deste ano, mas foi solto três meses depois.
Deputada emprega ex-mulher de José Rainha
A defesa de Zé Rainha por parte de Sâmia não se aplica apenas ao Parlamento. A deputada emprega em seu próprio gabinete Diolinda Alves de Souza, ex-mulher de Zé Rainha.
Diolinda trabalha como secretária parlamentar desde abril de 2022. Além disso, é remunerada com um salário de R$ 3,2 mil e recebe R$ 1,3 mil em auxílios.
Em 2003, a ex-mulher de José Rainha foi condenada a dois anos e oito meses de prisão por formação de quadrilha para cometer crimes em Teodoro Sampaio (SP). De acordo com Sâmia, Diolinda trabalha no interior paulista, e o crime teria prescrito.
Segundo a deputada, Diolinda é uma “ativista e dirigente da luta pela reforma agrária há muitas décadas e, na região do Pontal do Paranapanema, organiza as demandas e as iniciativas” de seu mandato.
“Temos muito orgulho do trabalho desenvolvido por ela na região”, complementou a deputada federal. Sâmia também já foi flagrada em uma palestra ao lado de José Rainha, que já usou o próprio perfil no Instagram para pedir votos à deputada.
Na “luta pela reforma agrária”, Sâmia aproveita para colar santinhos” políticos em busca da reeleição. Foi o que alguns integrantes da CPI do MST encontraram durante uma diligência em uma das invasões da FNL, localizada no município de Rosana, interior de São Paulo.
Além dos relatos de condições “sub-humanas” e de esgoto a céu aberto, foi encontrado um adesivo da campanha eleitoral de Sâmia na porta de um dos invasores.
Para o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), vice-presidente da CPI, a estreita relação de Sâmia com Zé Rainha é, “no mínimo, estranha”.
“É um ‘santinho’ dela que está em uma invasão de terra promovida por um movimento cujas lideranças já foram presas por extorsão”, explicou Kataguiri. “Eles só tiveram suas prisões revogadas para cumprir medidas, como dormir em casa, comparecer em juízo, ou seja, não foram inocentados. São lideranças perigosas.”
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Que ela tenha um bom fim.
Tudo que se refere ao tal de MST fede.
Pedem cassação de certos deputados, senadores, mas dessa tal de Sâmia, ligada ao josé rainha não? Só queria entender.